Minha contribuição esse mês para o Blog da SBI continuará
no campo da do Ensino, em especial sobre ensino de imunologia. Meu texto está
em dois tópicos: o primeiro abordo uma questão para reflexão e no segundo uma
sugestão de leitura para aqueles(as) que estejam interessados em como se faz
uma boa pesquisa em ensino de imunologia.
Como foi sua aula de imunologia hoje?
Abordando o conhecimento acumulado de imunologia no recorte
da década de 60 até os dias atuais é como uma “galáxia” imensa no universo
científico. E essa “galáxia” inteira tem que caber no espaço-tempo de um único “planeta”
chamado de disciplina de imunologia básica da graduação. De tanto forçar para
que caiba todo esse conhecimento dentro desse espaço-tempo, menor do que o
necessário, acontece a quebra do conteúdo e os pedaços são oferecidos as vezes
sem ligação ou remendados. O que fazer? E como fazer? Um desafio enorme para
todos nós e para algumas gerações a frente.
Entretanto, uma luz interessante pode vir dos resultados de
pesquisa básica em ensino de imunologia. Assim como a imunologia experimental,
a pesquisa em ensino pode sair do pesquisar básico para algo aplicado. Nesse
caminho, um dos objetivos da pesquisa básica em ensino é estudar metodologias de
ensino que podem vir a ser transformadas em produtos interessantes para as
aulas, como por exemplo, atividades investigativas, experimentais, investigativo-experimentais,
programas computacionais de simulação experimental e etc. Essas metodologias
podem ser de grande utilidade perante as demandas da imunologia básica
auxiliando professores e alunos a abordar temas espinhosos dentro da imunologia
e, que na maioria das vezes, esbarram em outras disciplinas, aumentando a
dificuldade do trabalho do professor e do aproveitamentoo do aluno nas aulas. Fica
um convite para a área de ensino de ciências.
Leitura
recomendada de uma boa pesquisa em ensino de imunologia:
Martins & Pereira (2012) realizaram um estudo
interessante e importante no campo do ensino de Imunologia no Brasil.
Intitulado de “O ensino de imunologia: análise dos principais métodos e
recursos didáticos utilizados em universidades brasileiras”, o trabalho teve
como objetivo principal realizar um levantamento dos artifícios metodológicos e
didáticos utilizados por professores de imunologia no Brasil. Os resultados
mostraram que grande parte dos professores que contribuíram para a pesquisa
utilizavam algum tipo de recurso didático, como leitura de textos, aulas
expositivas, apresentação de seminários. Uma questão interessante levantada
pelo autores do estudo é a dificuldade relatada pelos professores no trabalho
em sala de aula com os temas da imunologia que necessitam do apoio de outras
áreas, e explicitando a deficiência dos alunos nelas, como bioquímica, biologia
molecular, biologia celular. Outro fato relatado pelos professores é a
constatação da ausência de discussão sobre imunologia no ensino médio. Esses
fatos trazem dificuldades ainda maiores para as aulas e que estão associadas a uma
carga horária limitada para a disciplina.
Sobre as dificuldades dos alunos nos temas da imunologia
que necessitam de conhecimentos de áreas vizinhas, o interessante que esses
resultados nos fazem pensar é que o novo pensamento sobre a didática não deve
ficar limitado apenas a uma grande área do conhecimento biológico. Outras
áreas, como as citadas, necessitam, também, buscar mecanismos de inserir a
questão da pesquisa em ensino nos seus objetivos como área estruturada. Assim,
uma integração interessante interdisciplinar para o ensino.
Martins,
F.P.S.; Pereira, F.L. O ensino de imunologia: análise dos principais métodos e
recursos didáticos utilizados em universidades brasileiras. II Fórum
Internacional sobre prática docente universitária, Universidade Federal de
Uberlândia, 2012.
Considero a discussão de extrema relevância. No cenário atual do universo acadêmico, onde a pesquisa aplicada é a menina dos olhos de professores e pesquisadores, abrir espaço para se discutir sobre ensino (e extensão) na área de Imunologia é um desafio. Contudo, merece atenção especial, haja vista que o ensino de imunologia na graduação é a base para a formação de profissionais da área da saúde e futuros pesquisadores que possam, de modo contextualizado, aprimorar os conhecimentos da Imunologia.
ResponderExcluir