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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cientistas te levam para andar de montanha-russa

Penso que é interessante sair da nossa área específica de conhecimento, de tempos em tempos, e dar uma espiada no que cientistas de outras áreas andam pesquisando. Tive a chance de fazer isso na última sexta-feira, 29 de abril, ao participar do evento Big Ideas for Busy People, que faz parte do Festival de Ciências de Cambridge. Escrevi aqui para o blog sobre a edição do ano passado do mesmo evento.

Ouvir dez cientistas falar sobre dez temas distintos, durante duas horas, tem quase o mesmo efeito de andar de montanha-russa, dizem os organizadores. A ideia é expor o público em geral, que lotou um espaço aberto na Universidade de Harvard, a algumas das maiores e mais ousadas ideias da ciência atual. Os adjetivos não são por minha conta.

Aí vai a lista dos palestrantes com brevíssimos destaques de suas falas-relâmpago:

Jack Szostak (Harvard)
The Origin of Life
Construir um sistema vivo simples, célula artificial, como maneira de estudar a origem da vida. Desafios: fazer com que as células se dividam e cresçam. O problema de fazer a membrana celular crescer e se dividir já foi resolvido.


Jack Szostak, laureado com o Prêmio Nobel de Medicina em 2009 pelos estudos dos telômeros e telomerase (junto com Carol W. Greider e Elizabeth H. Blackburn), falou no Big Ideas for Busy People.

Sanjoy Mahajan
Street-fighting Mathematics and Science
O ensino deveria ter como premissa de que há múltiplas maneiras de se resolver um problema (aqui). Mahajan é um ótimo nome para ir ao Brasil, se é que ele já não foi, discutir os desafios de se ensinar ciência (escrevi aqui sobre um curso que ele oferece para alunos de pós-graduação interessados em seguir carreira acadêmica e em dar aulas no nível superior).

Amy Smith (MIT)
How to Make a Million
Título provocativo. O milhão não se refere a dinheiro e sim a tecnologias desenvolvidas em vilas na África, facilitadas pelo pessoal do MIT, e concebidas pela população local. Creative Capacity Building, engajando a população no design de tecnologias. Em Pader, Uganda, as mulheres caminhavam 3,5km, oito vezes por dia, carregando água na cabeça. Junto com o grupo da Amy Smith, desenvolveram uma espécie de carrinho de mão e agora as mulheres fazem apenas uma viagem por dia. Smith foi aplaudida por vários minutos. Ela ressaltou que comunidades carentes precisam deixar de serem vistas como sem potenciais.

Donald Elliott Ingber (Harvard)
Human Organs-on-Chips: No More Animal Studies for Drug Development?
Modelo atual de desenvolvimento de drogas não funciona. Modelos animais serão um dia substituídos por chips? Pulmão humano em um chip (paper Science 2010); coração em um chip e agora gut-on-a-chip (para testar drogas). Ingber é do Wyss Institute: For Biologically Inspired Engineering (aqui).

Steven Pinker (Harvard)
A History of Violence
Violência mundial vem diminuindo ao longo da história da humanidade; declínio não eliminou violência (claro) e não tem garantia de continuar. Problema: Pinker baseia sua pesquisa em situações que podem ser quantificadas (guerras, por exemplo) e em dados disponíveis. Segundo ele, a diminuição da violência não é percebida pela população em geral pois a mídia trabalha em função de “if it bleeds it leads”. Polêmico. Fiquei com vontade de entender mais sobre o assunto.

Robert Desimone (MIT)
Shedding Light in the Brain
Optogenética, iluminando regiões específicas do cérebro. Tanto ciência básica (para entender os circuitos humanos) quanto aplicada (tratamento parecido com marca-passo, ativando regiões do cérebro com fins terapêuticos). Terapias para doenças neurológicas evoluindo da era química (tratamento com drogas) para a engenharia. Penso que Ed Boyden deveria ter proferido a palestra no lugar do Desimone (aqui).

Lisa Berkman (Harvard)
Health and Work: Work Redesign in a Time of Demographic Change
Pirâmide demográfica tradicional está se transformando em um retângulo. “O mundo vai retangularizar ou cogumelizar”. Momento único na história da humanidade: em breve haverá mais gente com mais de 65 anos de idade do que crianças abaixo de cinco anos. Dois motivos explicam a retangularização: aumento da expectativa de vida (nada de novo) E diminuição da fertilidade. Em breve teremos países estéreis.

Alan Guth (MIT)
One Universe or Many?
Uma das hipóteses levantadas pelos físicos é a de que vários big-bangs aconteceram em diferentes lugares, em diferentes momentos; múltiplos universos (multiversos), um em cima do outro.

Sara Seager (MIT)
Exoplanets and the Search for Habitable Worlds
A busca por planetas parecidos com a terra usando pequenos telescópios chamados CubeSats.

Colleen Cavanaugh (Harvard)
The Human Microbiome: We Are Not Alone
Projeto microbioma humano; dados de que carregamos 100 vezes mais genes microbianos do que humanos; bactérias como nossa impressão digital; transferência da microbiota como terapia. Para o pessoal que acompanha o SBlogI, nenhuma novidade.

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