Por Rafael Larocca*
Em menos de uma semana, o grupo liderado por Dan Barouch (Diretor do Center for Virology and Vaccine Research, Beth Israel Deaconess Medical Center – Harvard Medical School), em colaboração com outros grupos de pesquisa, publicou dois importantes artigos abrindo novos horizontes para a descoberta de uma vacina de abrangência global, assim como novas terapias para o tratamento do HIV.
O primeiro artigo, publicado na Cell (aqui), em colaboração com Bette Korber (Líder do Computational Biology and Mathematical Modeling Team – Los Alamos) e Michael Nelson (Diretor do U.S. Military HIV Research Program), abordou o uso de bioinformática para o mapeamento dos principais antígenos presentes nos diferentes sorotipos de HIV, desenvolvendo assim uma vacina que seria mundialmente eficaz.
Perguntei ao Barouch qual a contribuição desse trabalho para o desenvolvimento de uma vacina para o HIV e ele disse:
The global diversity of HIV-1 represents a major challenge for HIV-1 vaccine development. In this manuscript, we show for the first time that bioinformatically optimized HIV-1 vaccine antigens called 'mosaic antigens' can afford partial protection in rhesus monkeys against challenges with the stringent virus SHIV-SF162P3. Protection was dependent on several different types of antibody responses. These data suggest a path forward for the development of a global HIV-1 vaccine and give us hope that such a vaccine might indeed be possible. We are planning to advance this HIV-1 vaccine candidate into clinical trials next year.
O segundo artigo, publicado na Nature (aqui), em colaboração com Michel Nussenzweig (The Rockefeller University) e Dennis Burton (Scripps Research Institute), abordou o uso de anticorpos monoclonais neutralizantes para o controle da viremia em macacos infectados com SHIV [“Backbone” do SIV (Simian Immunodeficiency Virus) expressando proteínas de envelope do HIV]. A administração desses anticorpos resultou em redução da carga viral, abrindo novas oportunidades para o uso de anticorpos como terapia e controle do HIV.
Questionado sobre a contribuição desse trabalho para o uso terapêutico de anticorpos contra o HIV, Barouch respondeu:
In this paper, we show for the first time that potent HIV-1-specific monoclonal antibodies have profound therapeutic efficacy in monkeys infected with simian-human immunodeficiency virus (SHIV). In particular, infusion of the antibody PGT121 resulted in up to a 3.1 log reduction of viral loads to undetectable levels in 7 days and also reduced cell-associated virus in peripheral blood, lymph nodes, and gut. Moreover, antibody infusion significantly improved host immune responses. In most cases, virus rebounded when antibody titers declined, but a subset of animals maintained undetectable viral loads in the absence of further antibody infusions. These data strongly encourage the development of monoclonal antibodies as a novel therapy for HIV-1 in humans. These antibodies have rapid and profound therapeutic efficacy in SHIV-infected rhesus monkeys and offer a different mechanism of action than do antiretroviral drugs. Antibodies directly target free virus as well as virally infected cells, whereas most drugs only inhibit replicating virus. Monoclonal antibodies in conjunction with antiretroviral drugs can be explored for treatment intensification, pre- and post-exposure prophylaxis, and virus eradication strategies for HIV-1 in humans.
O caminho para a descoberta de uma vacina eficaz ainda é longo, mas a união de esforços como mostrado nos trabalhos acima nos faz acreditar que existe luz no fim do túnel!
*Rafael A Larocca, PhD
Postdoctoral Fellow
Dan Barouch’s Lab
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Novos Rumos Contra o HIV!
domingo, 27 de outubro de 2013
JOURNAL CLUB IBA: VENENO DE ABELHA ATIVA INFLAMASSOMA DE NLRP3
Aranhas,
abelhas, cobras e escorpiões injetam nas vítimas um coquetel tóxico de
proteínas que causam uma resposta inflamatória aguda, com dor, inchaço,
vermelhidão e dano tecidual grave Müller UR. O mecanismo exato pelo qual o sistema imune inato
detecta e responde aos venenos é pouco conhecido. Entretanto, um estudo desenvolvido
por Noah Palm e Ruslan Medzhitov demonstra o papel do Inflamasoma na resposta contra essas
substâncias. Pelo fato de diversos venenos conterem componentes formadores de
poros e já que o inflamassoma pode ser ativado em resposta a formação de poros
na membrana e consequente efluxo de potássio (como acontece com algumas toxinas
bacterianas Mariathasan S, et al.), os autores hitotetizaram que os venenos poderiam ser
detectados pelo inflamassoma e ativar a resposta imune.
A
hipótese era verdadeira e o trabalho mostrou que o veneno de abelha é detectado
pelo inflamassoma denominado NLRP3, levando a ativação de caspase-1 e
subsequente secreção da citocina pró-inflamatória IL-1β por macrófagos in vitro. Dentre os componentes do
veneno de abelha, foi demonstrado que a Melitina é a principal envolvida na
ativação do NLRP3. Ainda, enquanto in
vivo, a ativação do inflamassoma pelo veneno da abelha induziu uma resposta
inflamatória dependente de caspase-1, caracterizada pelo recrutamento de
neutrófilos no sítio de inoculação do veneno, o inflamasoma foi dispensável
para a resposta alérgica mediada por IgE.
O
trabalho também demonstrou que camundongos deficientes de caspase-1 foram mais
suscetíveis aos efeitos nocivos do veneno, sugerindo que respostas imune
dependentes de caspase-1 protegem contra os efeitos deletérios causados pelo
veneno. Durante as investigações sobre quais células e mecanismos envolvidos na
proteção dos efeitos nocivos do veneno, de maneira dependente de caspase-1,
ficou difícil chegar a uma conclusão final, sendo necessário maiores
investigações, mas parece que o Mastócito tem um papel fundamental na detoxificação,
uma vez que seus grânulos são importantes para degradar e inativar os
componentes do veneno.
Fig. 1. Veneno de abelha induz respostas imune dependentes e
independentes de caspase-1. A ativação de caspase-1 pelo veneno de abelha leva ao
recrutamento de neutrófilos para o sítio de inoculação do veneno. A caspase-1
também é necessária para a proteção contra os efeitos nocivos do veneno,
incluindo hipotermia induzida pelo veneno e lesão tecidual. Esta proteção é
provavelmente mediada pelos mastócitos, que degranulam e diretamente
detoxificam e neutralizam componentes do veneno. Em contraste ao recrutamento
de neutrófilos e proteção aos efeitos do nocivos, a resposta alérgica (IgE) ao
veneno foi independente de caspase-1, e deve requerer sinais alternativos do
sistema imune inato.
sábado, 26 de outubro de 2013
Curso de Pós-graduação em Medicina Tropical e Infectologia
O curso de Pós-graduação em Medicina Tropical e Infectologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro informa que já estão abertas as inscrições para o I curso de verão em Imunoparasitologia da UFTM (CVIP-UFTM). O curso acontecerá do dia 20 ao dia 31 de janeiro de 2014 e as inscrições poderão ser realizadas pelo site www.uftm.edu.br/cvip entre os dias 16 de outubro e 15 de novembro de 2013 (vide cartaz ao lado).
O curso de Verão em Imunoparasitologia será desenvolvido por pós-graduandos e professores do referido programa de Pós-graduação e tem como público alvo estudantes matriculados e/ou recém-formados em cursos de graduação nas áreas de ciências biológicas e ciências da saúde do Brasil e da América Latina. O curso de verão será dividido em duas etapas: Entre os dias 20 e 24 de janeiro de 2014 será realizado um módulo teórico, que tem como objetivo o aperfeiçoamento e atualização do conhecimento dos estudantes em imunologia e parasitologia. Em um segundo momento, entre os dias 27 e 31 de janeiro de 2014, será realizado um módulo prático, no qual os alunos provenientes de universidades públicas e/ou privadas, exceto aquelas localizadas no município de Uberaba-MG, terão oportunidade de realizar estágio nos laboratórios de pesquisa vinculados ao nosso Curso de Pós-graduação.
Dessa forma, pretendemos não apenas contribuir para a formação profissional dos estudantes, mas também promover o contato entre os alunos e os laboratórios de pesquisa do setor, e integrá-los ao programa de pós-graduação. Durante o módulo teórico os alunos inscritos terão ainda a oportunidade de apresentar os resultados de trabalhos de iniciação científica em forma de pôster.
Os candidatos que tiverem interesse e queiram conhecer melhor o nosso curso de verão e/ou o programa de pós-graduação em Medicina Tropical e Infectologia acessem os nossos sites:
Maiores informações: www.uftm.edu.br/cvip
Atenciosamente:
Comissão Organizadora
Post do Prof. Carlo Jose Freire Oliveira / Imunologia – UFTM. Uberaba - MG
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Nota de esclarecimento sobre a experimentação animal
A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) torna pública a sua indignação e repudio ao atos de vandalismo ocorridos na última semana, praticados contra o Instituto Royal, em São Roque-SP, que realiza estudos científicos de avaliação de risco e segurança de novos medicamentos.
Deve ser ressaltado a importância destes estudos para a sociedade brasileira e mundial em relação ao desenvolvimento de novos medicamentos e terapias para diferentes doenças. Até o momento, ficou demonstrado que este Instituto foi credenciado pelo Conselho Nacional de Controle em Experimentação Animal (CONCEA) e seus projetos aprovados por um Comitê de Ética para o Uso em Experimentação Animal (CEUA), obedecendo em todos os aspectos ao estabelecido pela Lei Arouca, número 11.794, aprovada pelo Congresso Nacional em 2008. Demonstrando que o Instituto Royal esta seguindo a legislação pertinente que regulamenta o uso responsável de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, não estando ao largo da lei. Ademais, O Instituto Royal é dirigido pelo Prof. João Antonio Pegas Henriques, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências e sócio ativo da SBPC, pesquisador 1A do CNPq, orientador de programas de pós-graduação, pesquisador sério e competente.
A SBI entende que a experimentação animal pode e deve ser substituída quando outras metodologias estejam disponíveis e cientificamente comprovadas quanto a sua eficácia e eficiência. Entretanto, também ressalta que várias áreas da pesquisa científica não podem prescindir da experimentação animal, principalmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento de novos fármacos e imunobiológicos, como as vacinas. Vários modelos animais são e devem ser utilizados na pesquisa científica, desde que seu uso esteja devidamente regulamentado por lei e dentro da ética. Obviamente, somos defensores do uso de animais experimentais de acordo com as normas do CONCEA e da Lei Arouca número 11.794. Contudo, condenamos invasões de biotérios e áreas de experimentação animal baseadas em “achismos” e movidos pela emoção sem evidências comprobatórias.
Os atos ocorridos contra o Instituto Royal decorrem da falta de compreensão e uma total ignorância quanto aos preceitos legais, éticos e científicos de uma sociedade democraticamente constituída. Grupos que se intitulam de “protetores dos animais e da vida”, mas que na realidade depredaram e saquearam um instituto de pesquisa, agiram de forma violenta, irracional e truculenta, desrespeitando a ordem democrática e de direito da sociedade brasileira. A democracia apresenta incontáveis vantagens e inúmeros direitos ao cidadão, mas também requer deveres e o cumprimento das leis democraticamente constituídas. Estes atos violentos somente demonstram a intolerância de grupos intransigentes que em nenhum momento mostraram estar dispostos ao diálogo e a convivência harmônica em uma sociedade democrática.
Finalmente, a SBI gostaria de expressar a sua extrema preocupação com o retrocesso que estes atos podem levar para a pesquisa científica brasileira, podendo gerar um profundo desbalanço no desenvolvimento científico e tecnológico do nosso país. Tais atos devem ser punidos conforme a lei determina, reforçando a credibilidade nas instituições nacionais e na ordem pública e democrática do Estado brasileiro. A sociedade brasileira não pode mais prescindir dos avanços científicos e de desenvolvimento tecnológico que irão agregar uma maior qualidade de vida, principalmente aqueles relacionados a saúde da nossa população.
Deve ser ressaltado a importância destes estudos para a sociedade brasileira e mundial em relação ao desenvolvimento de novos medicamentos e terapias para diferentes doenças. Até o momento, ficou demonstrado que este Instituto foi credenciado pelo Conselho Nacional de Controle em Experimentação Animal (CONCEA) e seus projetos aprovados por um Comitê de Ética para o Uso em Experimentação Animal (CEUA), obedecendo em todos os aspectos ao estabelecido pela Lei Arouca, número 11.794, aprovada pelo Congresso Nacional em 2008. Demonstrando que o Instituto Royal esta seguindo a legislação pertinente que regulamenta o uso responsável de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, não estando ao largo da lei. Ademais, O Instituto Royal é dirigido pelo Prof. João Antonio Pegas Henriques, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências e sócio ativo da SBPC, pesquisador 1A do CNPq, orientador de programas de pós-graduação, pesquisador sério e competente.
A SBI entende que a experimentação animal pode e deve ser substituída quando outras metodologias estejam disponíveis e cientificamente comprovadas quanto a sua eficácia e eficiência. Entretanto, também ressalta que várias áreas da pesquisa científica não podem prescindir da experimentação animal, principalmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento de novos fármacos e imunobiológicos, como as vacinas. Vários modelos animais são e devem ser utilizados na pesquisa científica, desde que seu uso esteja devidamente regulamentado por lei e dentro da ética. Obviamente, somos defensores do uso de animais experimentais de acordo com as normas do CONCEA e da Lei Arouca número 11.794. Contudo, condenamos invasões de biotérios e áreas de experimentação animal baseadas em “achismos” e movidos pela emoção sem evidências comprobatórias.
Os atos ocorridos contra o Instituto Royal decorrem da falta de compreensão e uma total ignorância quanto aos preceitos legais, éticos e científicos de uma sociedade democraticamente constituída. Grupos que se intitulam de “protetores dos animais e da vida”, mas que na realidade depredaram e saquearam um instituto de pesquisa, agiram de forma violenta, irracional e truculenta, desrespeitando a ordem democrática e de direito da sociedade brasileira. A democracia apresenta incontáveis vantagens e inúmeros direitos ao cidadão, mas também requer deveres e o cumprimento das leis democraticamente constituídas. Estes atos violentos somente demonstram a intolerância de grupos intransigentes que em nenhum momento mostraram estar dispostos ao diálogo e a convivência harmônica em uma sociedade democrática.
Finalmente, a SBI gostaria de expressar a sua extrema preocupação com o retrocesso que estes atos podem levar para a pesquisa científica brasileira, podendo gerar um profundo desbalanço no desenvolvimento científico e tecnológico do nosso país. Tais atos devem ser punidos conforme a lei determina, reforçando a credibilidade nas instituições nacionais e na ordem pública e democrática do Estado brasileiro. A sociedade brasileira não pode mais prescindir dos avanços científicos e de desenvolvimento tecnológico que irão agregar uma maior qualidade de vida, principalmente aqueles relacionados a saúde da nossa população.
Ferramenta do bem
Então.
Tetrâmeros.
Mais uma
vez venho enfrentar o frio cruel de Minneapolis, porque quero aprender a
trabalhar direito com essas coisas, e, pra mim, ninguém faz isso melhor que o
Marc Jenkins, um de meus eternos mentores.
Quando
falei para algumas pessoas o que eu vinha fazer aqui, teve gente que me falou –
mas não é só corar com essa coisa? Que nem anticorpo?
Bah gente,
não é. Primeiro, que a tecnologia de fazer o tetrâmero ainda não está
completamente dominada. Sempre fiquei encanada que, pro LCMV, o tetrâmero do
gp33 pra T CD8 que vem de graça do NIH (O NIH te dá de graça os tetrâmeros que
eles fazem – veja no site deles) não coram legal como um que se compra
comercial. Agora entendi que isso
depende inclusive dos reagentes usados pra fazer a tetramerização. O Marc
juntou um grupo de garotos sensacionais obcecados com controle de qualidade e
otimização e os meninos testaram TUDO que é necessário pra fazer primeiro o
monômero, e depois tetramerizar. Aprendi horrores em uma semana.
Então
começa quando se planeja a confecção do monômero. Tem que fazer de um jeito que
o peptídeo fique bem presinho na hora do pareamento da cadeia alfa com a beta
do classe II, e isso tem que ser planejado na clonagem. Depois a biotinilação
tem que ser eficaz. Se isso for legal, e teu reagente de tetramerização e
fluorocromo for bom, o tetrâmero sai lindo, forte, arretado.
Como esses
reagentes são pra eventos raros, na hora da citometria, tem que ser muuuuuito
preciosista pra não ter coloração falsa. Isso é critico pra você ter uma estimativa
real da freqüência dessas células T especificas. E tem limites pra o que vc pode
fazer e como trabalhar – pensa bem vc ta dando um super sinal pelo TCR pras células
T – elas podem morrer enquanto vc cora.
Tetrâmeros são
do bem porque vc diminui o uso de animais – olha a polemica da semana. O bicho
TCR transgênico retrocruzado no RAG fica doente, é chato de manter, aqui custa
uma fortuna manter, no Brasil é quase impossivel. Com tetrâmero, vc elimina ter
que criar esses animais. Menos dor e sofrimento no planeta.
Finalmente,
pra mim, no futuro, é como mediremos a eficácia das vacinas. Então, quero
aprender. Estou adorando, e na volta ensino pra quem quiser.
Beijos
gelados a todos.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Notícias do Comitê Assessor de Imuno do CNPq. Sobre as bolsas de produtividade em pesquisa.
Ana Caetano, Marcelo Bozza, Edecio Cunha Neto e eu compomos atualmente o Comitê Assessor de Imunologia (CA-IM) do CNPq. Pretendemos discutir com a comunidade os critérios, perfis e demais aspectos conceituais que norteiam o trabalho do CA.
Os membros de cada CA não são escolhidos para representar suas instituições ou sociedades mas sim para assessorar a Diretoria do CNPq quanto ao financiamento de projetos e bolsas na sua área de especialidade. Porque então escolhemos o blog da SBI como canal de comunicação?
- A SBI é a sociedade com maior número de associados entre os solicitantes de bolsas;
- O blog é de acesso aberto aos usuários da internet (não restrito aos sócios) o que permite a qualquer pessoa interessada tomar conhecimento e participar do debate;
- O blog tem um número expressivo de acessos de diversos pontos do país.
Neste primeiro post da série, trataremos dos grandes requisitos/critérios para participar do sistema de bolsas PQ.
O CNPq indica aos comitês:
“Os critérios de julgamento das Bolsas de Produtividade em Pesquisa poderão levar em consideração, além da especificidade da área:
- Mérito científico do projeto; relevância, originalidade e repercussão da produção científica do proponente; formação de recursos humanos em pesquisa; contribuição científica, tecnológica e de inovação, incluindo patentes; coordenação ou participação em projetos e/ou redes de pesquisa; inserção internacional do proponente; participação como editor científico; gestão científica e acadêmica....”
- Mérito científico do projeto; relevância, originalidade e repercussão da produção científica do proponente; formação de recursos humanos em pesquisa; contribuição científica, tecnológica e de inovação, incluindo patentes; coordenação ou participação em projetos e/ou redes de pesquisa; inserção internacional do proponente; participação como editor científico; gestão científica e acadêmica....”
e deixa os critérios específicos a cargo de cada CA.
Para o período de 2012 a 2014, os critérios do CA-IM estão na página (aqui) e indicam, entre outros pontos que:
O pleito de bolsa PQ deve conter duas sessões:
- (i) uma versão RESUMIDA (8 pgs) do(s) projeto(s) de pesquisa liderados pelo proponente (normas descritas abaixo)
(ii) Avaliação crítica da produtividade científica (publicações) e acadêmica (formação de RH) alcançada no quinqüênio anterior (2 pgs); - O projeto resumido (ARIAL 12, espaço simples) deve conter
(i) resumo e objetivos gerais (1 pg)
(ii) racional da proposta (2 pgs)
(iii) metodologia e desenho experimental (3 ½ pgs)
(iv) aspectos éticos e financiamentos (1/2 pg), e (v) referências chaves (1 pg).
Porque destacamos isto?
Simplesmente porque menos de 50% dos pedidos do último julgamento seguiram estas recomendações. Quem não segue o item A desperdiça uma grande chance de valorizar o seu trabalho e destacar para o CA os aspectos mais importantes da sua atuação. Notem que o que se pede não é uma listagem de publicações mas uma avaliação crítica da produção.
E quanto à especificidade da área? O texto divulgado na página do CNPq indica:
“2) Requisitos mínimos para acesso ao Nível 2
Para primeiro ingresso no sistema, o(a) pesquisador(a) deverá apresentar evidências inequívocas de liderança científica e produtividade qualitativa comprovada [grifo nosso, assim como os demais grifados da mesma maneira]. Os requisitos (mínimos) para obtenção de bolsa PQ2 são os seguintes: :
a) Possuir titulo de doutor e pós-doutorado (obtido em período igual ou superior a 3 anos antes da presente submissão), concedidos por Instituição idônea de pesquisa ou universidade.
b) Apresentar, para análise comparativa da qualidade das publicações científicas, 3 trabalhos científicos (ou mais) publicados de alta qualidade em revistas indexadas no último qüinqüênio, sendo que pelo menos UM destes artigos deve ter sido realizado no Brasil, após o término do doutoramento. O candidato deverá ser obrigatoriamente o primeiro autor ou autor correspondente nestes 3 artigos escolhidos, devendo caracterizar liderança na condução de uma linha científica bem definida. Excepcionalmente, o CA-Imunologia poderá avaliar a inscrição de candidatos que compartilharam (máximo de 2) as primeiras autorias e responsabilidade pela correspondência em seus artigos, como evidência de liderança científica.
c) Justificar porque o candidato considera que as descobertas publicadas em seus artigos (originalidade, conteúdo inovador etc) publicados justificam o seu acesso a faixa PQ2 concedidas pelo CA Imunologia (2 pgs).
d) Deve estar presentemente orientando formalmente pelo menos 1 mestre ou doutor, vinculado a programas de PG reconhecidos pela CAPES.”
Imagina porque destacamos os três aspectos acima?
Acertou quem imaginou que estes tópicos também foram olimpicamente ignorados pela maioria dos solicitantes.
Recomendamos enfaticamente que os solicitantes sigam as instruções pois tal medida facilita que o CA reconheça de forma adequada o valor do seu trabalho.
Não cumpriu as instruções porque discorda delas?
O caminho correto é manifestar a sua discordância e justificar o motivo. Apenas não seguir as instruções não terá qualquer consequencia para a sua alteração, manifeste a sua discordância.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Reprogramando Macrófagos Associados a Tumores
Perfil de
expressão gênica de macrófagos associados a tumores tratados com inibidor de
CFS-1 (BLZ945) mostraram uma expressão diminuída de marcadores de polarização
de Macrófagos do Tipo 2 (M2) alternativamente ativados. Fonte: Pyonteck et al., 2013.
Glioblastoma
multiforme (GBM) é a forma mais agressiva de glioma, em que os pacientes
respondem minimamente as terapias atuais, incluindo cirurgia, radiação e
quimioterapia. Um desafio no tratamento desse tipo de tumor é sua heterogeneidade
genética, levando à ativação aberrante de múltiplas vias de sinalização. Por
outro lado, céluas estromais não cancerígenas presentes no ambiente do tumor
são alvos terapêuticos geneticamente estáveis.
Macrófagos
associados a tumores (TAMs) facilitam o crescimento tumoral por estimularem
células cancerígenas a proliferaram, por auxiliarem essas mesmas células nos
processos de evasão do sistema imune e por promoverem angiogênese. Em pacientes
com câncer, altos níveis de TAMs estão frequentemente correlacionados com pior
prognóstico. Dessa forma, essas células
são alvo importante para novas terapias contra o câncer. Nesse contexto, a maioria
delas se concentra em destruir os TAMs.
Numa concepção
oposta, recentemente, dados publicados na revista Nature Medicine por pesquisadores
liderados pela Dra. Johanna A Joyce do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center
em Nova York descreveram uma terapia promissora que age não destruindo TAMs,
mas reprogramando essas células para que elas percam sua função promotora de
tumores e adquiram funções supressoras de tumores. Utilizando um modelo murino
de glioma, um tumor cerebral que é resistente à maioria das terapias, os
autores demonstraram que a administração de um inibidor (BLZ945) do receptor para
o fator estimulador de colônia 1 (CSF-1R), uma proteína de sinalização que
regula a diferenciação de macrófagos, leva à regressão tumoral.
Nesse contexto, a sobrevivência de TAMS foi promovida por citocinas secretadas pelas
células do glioma como IFN-gamma e GM-CSF. Além disso, o uso do inibidor
produziu expressão gênica diminuída de marcadores de
macrófagos alternativamente ativados tipo 2 (M2) nos TAMs murinos. De forma
interessante, um padrão similar de expressão gênica apresentado por TAMS
presentes em GBM humano está correlacionado com o aumento da sobrevida dos
pacientes. Os resultados identificaram TAMs como alvos terapêuticos promissores
para o tratamento de gliomas.
Referência
Pyonteck SM,
Akkari L, Schuhmacher AJ, Bowman RL, Sevenich L, Quail DF, Olson OC, Quick ML,
Huse JT, Teijeiro V, Setty M, Leslie CS, Oei Y, Pedraza A, Zhang J, Brennan CW,
Sutton JC, Holland EC, Daniel D, Joyce JA. CSF-1R inhibition alters macrophage polarization and blocks glioma
progression. Nat Med. 2013 Oct;19(10):1264-72. doi: 10.1038/nm.3337. Epub 2013
Sep 22.
Marcadores:
câncer,
glioma,
imunoterapia,
macrófagos associados a tumores
Edição Especial sobre o Projeto Genoma Humano
Em 1990, cientistas
começaram a trabalhar juntos em um dos maiores projetos de pesquisa biológica já
proposto. O projeto propôs o seqüenciamento dos cerca de 3 bilhões de
nucleotídeos que compõem o genoma humano. O Projeto Genoma Humano durou 13 anos
e foi concluído em Abril de 2003, a um custo de cerca de 3 bilhões de dólares,
sendo uma grande conquista científica que mudou para sempre a compreensão da
nossa própria natureza. Em muitos aspectos, o seqüenciamento do genoma humano foi
um triunfo tanto para tecnologia quanto para a ciência. A partir do Projeto
Genoma Humano poderosas tecnologias têm sido desenvolvidas e novos ramos da
ciência surgiram, abrindo novos caminhos para o avanço da pesquisa genômica no
século 21.
O seqüenciamento de
genoma humano mudou profundamente a pesquisa em medicina, genética molecular e
em imunogenética. O conhecimento gerado está permitindo aos pesquisadores
identificar os genes e suas mutações (polimorfismos) que têm papel importante
no desenvolvimento de doenças relacionadas ao sistema imune. Com esta revolução
em curso, novos desafios e oportunidades vêm surgindo. Paralelamente aos avanços
promissores na última década, o estudo do genoma humano também revelou como a
biologia humana é complicada, e que ainda há muito a ser compreendido. O legado
da compreensão do nosso genoma está apenas começando e para comemorar o 10º
aniversário da conclusão do Projeto Genoma Humano, em abril de 2013 o periódico
internacional Genes (ISSN 2073-4425) lançou uma edição especial que irá discutir
as recentes descobertas científicas sobre o assunto com uma coleção de artigos
escritos por autores que são mundialmente reconhecidos nesse campo de pesquisa
extremamente promissor.
Participarão dessa
edição líderes das principais universidades (incluindo Harvard, Stanford,
Cambridge, Oxford, Yale, University of California-Berkeley, UCLA, Imperial
College London, entre outras) e centros de pesquisa (incluindo National
Institutes of Health, European Molecular Biology Laboratory, The Scripps
Research Institute, Broad Institute, J. Craig Venter Institute, Wellcome Trust
Centre for Human Genetics, Max Planck Institutes, entre outros), além de vários
pesquisadores renomados que estão entre os mais citados da literatura
científica.
Além disso, vários grandes projetos internacionais
também participarão incluindo o “Human Microbiome Project”, “Autism Genome
Project Consortium”, “Genetics Core of the Alzheimer’s Disease Neuroimaging
Initiative”, “Alzheimer's Disease Genetic Consortium”, “Schizophrenia
Psychiatric Genome-Wide Association Study Consortium” e provavelmente outros a confirmar.
O Editor
responsável por esta edição especial é o pesquisador brasileiro Pabulo Henrique
Rampelotto, do Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Biotecnologia
(CIP-Biotec) da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA, Campus São Gabriel-RS),
que conta com o apoio de três pesquisadores de grande renome internacional:
- Karen E. Nelson,
Presidente do Instituto J. Craig Venter.
- Sir John Burn,
ilustre geneticista britânico que em 2010 recebeu o título de Cavaleiro do
Império Britânico pelos serviços prestados à medicina (atual presidente da
Sociedade Britânica de Genética Médica).
- James R. Lupski
(Baylor College of Medicine), ilustre geneticista em genética humana (possui
mais de 40 artigos publicados na Nature Genetics).
Para maiores
informações, visite o site do periódico Genes:
No início de 2014,
os primeiros artigos desta edição serão publicados.
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