quarta-feira, 13 de março de 2013

Neuroimunologia: Controle Circadiano da imunidade

Temos lido aqui no Blog com certa frequência sobre a interação entre o sistema nervoso e a imunidade. Esta área da pesquisa tem apresentado aportes fantásticos nos últimos anos. Falou-se de Sinapse “imuno-neuronal” (1, 2) parasitos que ajustam o relógio do hospedeiro (34), células CD4 atuando na manutenção da capacidade cognitiva (5), TLR de predomínio diurno ou noturno (6), leucócitos com padrão diurno/noturno de Homing (7), e assim por diante. Cada uma destas coisas reformula totalmente o papel das células do sistema imune. E novos capítulos desse livro fascinante continuam a serem permanentemente escritos .

Um dos mais recentes avanços na área das neurociências poderia ser o entendimento da composição molecular do “relógio biológico”. Os ritmos biológicos constituem um importante conjunto de marca-passos, que traduzindo sinais ambientais, influenciam a fisiologia do organismo. O principal fator que participa na manutenção dos nossos ritmos biológicos é o ciclo de luz, e o ciclo sono/vigília, o que como é de se esperar, tem um efeito também na resposta imunitária.

Em oito de Fevereiro saiu na Nature Reviews Immunology uma revisão (doi:10.1038/nri3386) pelo Christoph Scheiermann e colaboradores, que comenta os componentes da imunidade cujas funções têm sido demonstradas oscilar durante o dia. Resulta muito interessante pensar nos possíveis efeitos de estes fatos no contexto de enfermidades infecciosas ou imunológicas.

O primeiro ponto que chama a atenção é o relacionado com os mecanismos moleculares do relógio biológico (que responde principalmente a luz). Os principais genes que participam na manutenção do ritmo circadiano são o BMAL1 (brain and muscle aryl hydrocarbon receptor nuclear translocator ARNT-like 1), e o CLOCK (circadian locomotor output cycles kaput), que heterodimerizados promovem a transcrição de um conjunto de genes (Clock-controled Genes, CCG) envolvidos em diversos processos fisiológicos. Por outro lado, PER (Periodic Circadian Protein) y CRY (Cryptochrome) são reguladores deste relógio. 
Mas existem também relógios periféricos, que usam os mesmos gênes para seu funcionamento, e se encontram em diferentes tecidos e células, incluindo linfócitos e macrófagos. 

O trabalho também revisa os artigos discutidos previamente aqui no blog entre outros, e por fim, proporciona uma lista atualizada de parâmetros e suas características da oscilação de acordo com a hora do dia em que a oscilação pode ocorrer (Acrofase: período de maior expressão/atividade; CT: tempo circadiano, hora).



Seria interessante incorporar estes novos conceitos nos nossos protocolos de pesquisa. Por exemplo, poderiamos ter argumentos interessantes para intervir/analizar um determinado aspecto da resposta imunitaria em um determinado momento (o momento ótimo) do dia...

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