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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Células TCD4+ detectam espontaneamente mutações somáticas em células tumorais


As células TCD4+ são capazes de reconhecer antígenos em células tumorais. No entanto, a maioria desses antígenos ainda não é conhecida. Um novo estudo descrito na Revista Nature Medicine (janeiro de 2015) mostra o reconhecimento de peptídeos codificados por genes mutados no modelo de melanoma humano. Esta estratégia fortalece o advento de novas terapias dentro do campo da imunoterapia tumoral.
Terapias tumorais baseadas em estratégias imunológicas como bloqueio de moléculas CTLA-4 e PD-1, utilização de anticorpos monoclonais e transferência adotiva de células T, curam hoje em dia, pacientes com cânceres outrora incuráveis. Os mecanismos principais nesse combate imunológico ao câncer são bem conhecidos. Células TCD4+ e TCD8+ são ativadas quando seus receptores específicos reconhecem peptídeos na superfície de células apresentadoras de antígenos como células dendríticas e linfócitos B. A resposta efetora baseia-se em destruição celular direta ou produção de citocinas. Cada vez mais se tem procurado por neoepítopos codificados por genes mutados com o objetivo claro de se criar novas terapias. Linnemann e colaboradores, descrevem neste trabalho, uma nova metodologia que buscou neoepítopos em 5 pacientes com melanoma cutâneo metastático rico em mutações (Figura abaixo).

Figura. Metodologia para expressão de neoepítopos tumorais e mensuração da resposta por linfócitos TCD4+  com a produção de IFN-γ. O método descrito consiste primeiramente em purificar e expandir células TCD4+ in vitro. Os DNAs tumorais foram sequenciados e então, os neoepítopos codificados pelas sequencias mutadas foram sintetizados. Os peptídeos sintetizados foram incubados com células B derivadas dos mesmos pacientes portadores dos tumores os quais foram capazes de apresenta-los às células TCD4+. O reconhecimento dos neoepítopos leva à secreção de IFN-γ que pode ser detectado por Elisa ou citometria de fluxo.

A questão inovadora é justamente como as células B foram expandidas. No modo convencional as células B são imortalizadas pela infecção com o vírus Epstein Barr. Essa abordagem faz com que as células TCD4+ também respondam produzindo IFN-y mascarando o real resultado. Neste novo estudo, as células B foram estimuladas com retrovírus no sentido de expressar o oncogene BCL-6 (B-cell lymphoma 6 protein) e o gene antiapoptótico BCL-XL. Os resultados demonstraram a presença de neoepítopos em 2 de 3 melanomas dos pacientes testados. As células T dos pacientes só reconheceram os antígenos tumorais e de preferência os neoepítopos das proteínas nativas não mutadas demonstrando a especificidade requintada dos linfócitos TCD4+.
Outra descoberta muito promissora foi a regressão tumoral após a infusão de células T expandidas dos pacientes cultivadas com os neoepítopos descobertos. O estudo demonstrou que os neoepítopos são detectados no sangue dos pacientes por semanas e até meses, mas desapareceram após a infusão das células T. Os cinco tumores estudados por Linnemann e colaboradores codificaram entre 99 a 582 neoepítopos, no entanto, eles quantificaram poucas células responsivas nas margens tumorais dentre a população TCD4+ e TCD8+. Mesmo assim, exemplos importantes da atuação da infusão de células TCD4+ foram contra as proteínas NY-ESO-1 superexpressas em células tumorais seguido da cura completa de pacientes com melanoma metastático e contra proteínas ERBB21P em colangiossarcoma, um tumor de vias biliares. Uma outra abordagem desta técnica é a aplicação em pacientes com a probabilidade de doença residual mínima e após cirurgias para remoção tumoral.

Post de Gabriela Oliveira (FMRP/IBA).



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