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domingo, 1 de abril de 2012

Journal Club IBA:DESPERTANDO DA TOLERÂNCIA

Aprendemos em nossos cursos de Imunologia que diferentes mecanismos são responsáveis pela tolerância de células T auto-reativas, impedindo o desenvolvimento de doenças auto-imune. Mas a grande questão agora é: Essas células T tolerantes podem em algum momento recuperar a funcionalidade? Este estado de tolerância é definitivo?

Para responder essa questão Schietinger e colaboradores (2012) utilizaram um modelo de proliferação induzida por linfopenia e demonstram que as células T tolerantes voltam a proliferar e tornam-se funcionais independente da presença do antígeno. Uma vez que estas células tolerantes apresentam TCRs auto-reativos, o resgate da tolerância poderia ser uma nova ferramenta na terapêutica contra o câncer. Neste sentido, já em 2010, um grupo de pesquisadores (Oelert, et al., 2010) estudou a quebra da tolerância de células T CD8 e sua possível aplicação contra tumores. Assim, células T CD8 tolerantes quando transferidas para camundongos linfopênicos irradiados com dose subletal, proliferaram e reestabeleceram suas funções efetoras, com produção de IFN-γ, atividade citotóxica e redução do crescimento do tumor, em um mecanismo dependente de IL-15. Mas esse trabalho nos trouxe uma questão intrigante: Será que estas células ex-tolerantes (resgatadas), apesar de serem eficientes conta o tumor, podem gerar autoimunidade?

No entando, Schietinger e colaboradores demonstraram que este “despertar” da função em células tolerantes é transiente. Essas células tolerantes readquirem funcionalidade durante a linfopenia, porém a tolerância é reestabelecida na homeostase. Além disso, foi possível caracterizar o perfil gênico destas células T tolerantes que se mostrou marcadamente distinto das células naive e de memória, e este perfil “específico-tolerante” é alterado conforme a célula reestabelece sua funcionalidade, e pode retornar ao estado de tolerância novamente. Essas modificações fenotípicas com quebra e retomada de tolerância parecem ser controladas por mecanismos epigenéticos, sendo o microRNA miR 181a, o possível regulador chave da tolerância (comentário sobre o artigo aqui).

Estas novas percepções acerca dos mecanismos reguladores que mantêm ou quebram a tolerância ao próprio contribuem não só para o melhor entendimento de autoimunidade, mas também para o desenvolvimento de novas estratégias para o tratamento contra o câncer.


Post por Giuliano Bonfá, Patrícia Assis e Thaís Herrero

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