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sexta-feira, 23 de março de 2012

Cientista e marqueteiro.

Quer arrebentar numa apresentação de pôster?

No mês passado, a Nature Jobs publicou um artigo muito interessante dando dicas importantes para quem quer garantir que seu pôster seja destaque nos corredores lotados dos congressos. Veja aqui.

No artigo de Kendall Powell, autores de pôsteres premiados em congressos e vencedores de competições dão dicas importantes de como montar seu pôster para melhor apresentar seus resultados e destacar seu trabalho entre outros tantos.

"A winning poster uses bold graphics, plenty of white space and limited text to draw viewers".

A sessão de pôsteres de um congresso é um ambiente excepcional para mostrar seu trabalho, criar novas colaborações e reforçar as existentes. São nessas sessões que os participantes têm a chance de conhecer melhor os palestrantes e sanar as dúvidas que surgiram durante as apresentações orais, mas que não puderam ser questionadas no curto tempo reservado às discussões. Além disso, essas sessões também fornecem aos palestrantes a chance de apresentar uma visão mais completa do trabalho resumido em 20 ou 30 minutos de apresentação oral.

Adicionalmente, a sessão de pôsteres de um congresso é o primeiro e importante passo para aqueles jovens alunos que iniciam sua vida científica. Para muitos, pode inclusive ser um passo definitivo.

i) É o momento em que o aluno fica realmente exposto aos questionamentos, e críticas (positivas ou negativas) do público científico sem a ajuda do seu orientador, que quase nunca está por perto para ajudar a responder as perguntas.

ii) Obriga até mesmo àquele aluno que não entende 100% do projeto que está realizando a ter uma visão mais compreensiva do seu próprio estudo. Não só porque estará exposto às opiniões de outras pessoas não envolvidas no estudo, e que enxergam o problema por um ponto de vista diferente daquele defendido pelo orientador, mas também porque terá que adaptar a linguagem e a apresentação para um público que pode não ser o mais familiarizado com o assunto apresentado.

Assim, num interminável corredor lotado de estandes com pôsteres dos mais variados assuntos, garantir que o seu pôster seja lembrado entre todas aquelas informações espalhadas entre letras, cores e imagens é uma missão muito difícil, mas não impossível. Requer muito jogo de cintura, simpatia e, acima de tudo, criatividade. Muita criatividade.

E o artigo de Powell mostra que o pessoal está realmente abusando da criatividade.

Como exemplos, tem pôster com código de barras que podem ser escaneados por smartphones e que dirigem o leitor para links com arquivos de áudio e vídeo (por exemplo, imagens e vídeos de microscopia de confocal) que não puderam ser apresentados na forma de pôster. Deixar business cards no canto do pôster para que os congressistas possam te contatar no futuro é outra estratégia.

Afinal, você deve pensar que as suas intermináveis horas de trabalho no laboratório merecem uma apresentação à altura.

Isso não significa preencher seu pôster com gráficos intermináveis, só pra mostrar o tanto de horas que você passa no laboratório, mas saber exatamente quais resultados vão representar melhor o seu ponto.

Na ciência também tem marketing. E ganha quem souber vender melhor o seu peixe. Imagine que quem passa por uma sessão de pôster tem sua atenção dividida entre milhares de imagens e informações de todo o tipo. E, se o seu resultado não saltar aos olhos do público, seu pôster será certamente apenas mais um entre todos os outros.

Então gente, o negócio é a criatividade. Dependendo do seu público (e do congresso), até criar um rap com os seus resultados ou oferecer um cafezinho pra quem visita seu pôster tá valendo...

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13 comentários:

  1. Muito bom.... Você me deu várias idéias aqui sobre como posso aparesentar meu pôster num próximo congresso!!!!!!

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    1. Que bom q gostou. Não deixe de ler o artigo. Tem mto mais lá do que eu fui capaz de colocar no post.

      Abração e boa sorte na apresentação.

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  2. Olá Bernardo. Muito bom, as always. Nos congressos, marketing me parece ser até mais importante do que a ciência em si. Ciência fica pro lab meeting...
    Abraços

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    1. Fala meu caro Bruno... Valeu demais. Vindos de vc os elogios tem sempre maior peso....abs

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  3. Gostei. As vezes não pensamos no quanto é importante a apresentação de um bom poster para a divulgação do nosso trabalho.

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  4. Muito bom o post! GK, vc pode cartar o rap do T. cruzi na próxima SBI, em Campos do Jordão!

    Manuela Sales

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  5. Excelente post. Parabéns mais uma vez, Bernardo.

    So um problema: o link para o artigo esta quebrado. Nao conegui ver o artigo.

    Sandra Pacheco

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    1. Olá Sandra.

      Estranho. Não estou tendo problemas em acessar o link. De qualquer jeito, segue o link denovo: http://www.nature.com/naturejobs/science/articles/10.1038%2Fnj7387-113a

      Caso não funcione, vc pode procurar no site da Nature ou mesmo no google por Presentations: Billboard science.

      Abs

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  6. Bernardo, obrigada pelo post (alias eu sou agradecida a todos vcs q contribuem p/o SBlogI, sempre com otimos posts).
    Meu comentario: ok, a ciencia como qq atividade humana envolve comunicao, politica, marketing, etc., mas vamos com calma!
    Não sou contra inovacoes, muito pelo contrario. Achei excelente a ideia de codigos de barra q escaneados possibilitam acessar outras informacoes q não cabem no poster. Já estava mais do q na hora de aproveitar a aplicacao das novas tecnologias nos posters, q tb devem evoluir, alias como tudo. Mas, de novo: pera ai! Eh preciso discernimento. Assim, sem ser contra as inovacoes dos mais jovens, e apreciando muito seu entusiasmo, espero no entanto q todos reflitam e se preocupem mais com a qualidade e profundidade dos estudos apresentados e não se deixem levar apenas pelas aparencias. Parece obvio, mas não acho q seja: já assisti alunos menos experientes (e não somente estes) se entusiasmarem c/uma “jogada de marketing” cientifico. Eh comum, por exemplo, todos se encantarem com um conferencista q tenha o dom da comunicao e q saiba conquistar seu publico. Eh humano e mesmo os não tao jovens e inexperientes tb podem se deixar influenciar, qdo a coisa eh sutil, ou seja, qdo a apresentacao eh acompanhada por boa ciencia. Ate aqui, td bem. Mas, por outro lado, tb já vi excelentes estudos, não tao genialmente apresentados, não dispertarem tanto entusiasmo.
    Frase do post: “E ganha quem souber vender melhor o seu peixe.” Eh certo isso? Eh assim q deve ser?
    Enfim, nossa atividade exige q exercamos sempre ao maximo nosso espirito critico, e gostaria de lembrar isso p/quem esta iniciando. Tb eh claro q não eh de agora q este fenomeno acontece, deve vir desde o inicio dos tempos. Me preocupo, no entanto, pois parece q ha um agravamento de certos comportamentos. A supeficialidade em tantos campos, incluisive na educacao, parece uma tendencia generalizada. Eh um fenomeno social, me parece, mas sera q eh inevitavel ou depende de cada um de nos frear um pouco isso e nao se deixar levar?

    Entre o marketing e a Ciencia, eu escolho a Ciencia!

    (Desculpem a falta de acentos e cedilhas, escrevo de um laptop Hp ingles e não consegui descobri-los, a não ser o til no “não” e apenas nesta palavra, o qual eh colocado automaticamente desde q escolhi o portugues como lingua no Openoffice...)

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  7. Olá Maria,

    Muito obrigado pelo seu comentário. Concordo que deve-se ter muito cuidado para não deixar o marketing ultrapassar a ciencia ao ponto em que seu trabalho tenha mais propaganda do que fundamentação científica.

    Apesar da frase "ganha quem vender melhor o seu peixe" ser forte. Ela não deve ser lida literalmente. Mas é claro que ela reflete uma realidade. Eu falei, e re-afirmo, diante das normas que regem as publicações e aprovações de grants que nos mantém vivos como cientistas. Infelizmente essa é uma verdade sim.
    Para aumentar as possibilidades de publicações e financiamentos o cientista tem que aprender a escrever seus resultados de forma vendível. E isso é corriqueiro.

    Inclusive, na semana passada li um artigo muito interessante sobre como escrever como um cientista, que apesar de não tratar diretamente do assunto, marketing, eu consegui enchergar muita coisa que exemplifica isso no nosso cotidiano científico.

    Eis o artigo, se tiver interesse: http://sciencecareers.sciencemag.org/career_magazine/previous_issues/articles/2012_03_23/caredit.a1200033

    Há um trecho importante que fala sobre como os cientistas usam estratégias para aumentar o impacto do seu trabalho ou grant application. Por exemplo, aquelas famosas frases de impacto: “Twenty million children die of scabies every day."

    Tudo isso é marketing. Se positivo ou negativo ainda é marketing. Cabe a cada um usar o marketing a seu favor de forma ética e coerente. Meu post não vai além desse julgamento.

    De qualquer forma, sua colocação é muito importante, pois pareceu que a mensagem que eu passei era a de que devemos abusar do marketing pessoal nas apresentações mesmo que nossa ciencia não suporte o que está sendo vendido.

    Não é isso. O que eu quis dizer com tudo isso é que os alunos tem chance de se destacar, e destacar seu trabalho, e de quebra ainda ganhar prêmios importantes para o seu CV se solberem explorar as qualidades de seu trabalho de forma criativa e atraente ao público.

    Agradeço muito sua ajuda. Abração

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  8. Maria querida, i love you, acho que todos nos aqui no blog escolhemos a ciencia...mas que o marketing seja uma ferramenta a mais para usar, e que saibamos utiliza-la, nothing wrong with that. Saber chamar a atenção para uma coisa boa, não é errado. O marketing pelo marketing, isso sim não dá. E cabe a nós, profissionais da ciência, identificar essa diferença e apontá-la claramente, sempre que tivermos chance. Right?

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