segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Congresso SBI 2011


Caros, como divulgado anteriormente, nosso próximo congresso será em Foz do Iguaçu, de 15 a 19 de OUTUBRO. Já definimos boa parte da programação, mas gostaríamos de sugestões de nomes de brasileiros que estão com dados muito importantes e ainda poderiam ser incorporados na programação. Quem puder, por favor, envie as sugestões para jsdsilva@fmrp.usp.br .

Boa semama para todos.

Comissão do IMUNO2011.

Publicações clássicas na imunologia: a descoberta do rearranjo somático nos genes de imunoglobulina faz 35 anos

Juan J. Lafaille
New York University School of Medicine
Começo escrevendo que não pratico religião nenhuma.  Entretanto, quando visito uma das grandes catedrais, ou quando estou ao lado de uma grande obra de arte, o sentimento de êxtase e reverência é quase religioso.  O idioma inglês tem uma boa palavra para descrever isso que é “awe”.  É uma emoção forte, quase paralisante.  Para mim, abrir o paper “Evidence for somatic recombination of Immunoglobulin genes “ de autoria de Hozumi e Tonegawa e publicado no PNAS em 1976 evoca um sentimento parecido ao de entrar numa catedral: uma reverência quase religiosa.  Trata-se de uma obra que revolucionou a imunologia e a biologia em geral.  Embora não seja um paper perfeito, poucos papers na história tiveram a capacidade de direcionar a imunologia do jeito que este paper conseguiu.  
O assunto abordado pelo paper é a geração de diversidade dos anticorpos (imunoglobulinas),e a questão específica é apresentada como um dilema na introdução: tem evidência de uma grande multiplicidade de regiões variáveis e tem evidência de que há apenas uma região constante, como é que isso se resolve para que o RNA mensageiro tenha apenas uma região variável justaposta a única região constante?  Tonegawa propõe que em teoria é possível a justaposição ao nível de RNA, ou ao nível de rearranjo do DNA.  Obviamente, o paper demonstra o segundo, como já veremos.  Notem que a questão não foi apresentada de forma muito ampla ou complexa.  Questões muito amplas geralmente não conseguem ser resolvidas claramente num experimento.  O grande talento do Tonegawa, com ajuda do Charlie Steinberg e outros, foi transformar uma pergunta enorme sobre a geração da diversidade numa série de perguntas menores que podiam ser respondidas com experimentos bem controlados. O Tonegawa sabia perfeitamente que ele podia distinguir entre um mecanismo ao nível de RNA e um mecanismo ao nível de DNA, e apresentou a questão de forma bastante restrita.  Porém, 35 anos mais tarde sabemos que essa questão apresentada de forma restrita abriu a porta para uma revolução conceitual de grande amplitude. 
O paper foi comunicado ao PNAS no 2 de Julho de 1976 pelo Niels Jerne, o chefe do Tonegawa no instituto de Imunologia da Basiléia.   A Figura 2 é aquela para a posteridade.  Nela, o DNA de embrião de camundongo BALB/c (representando uma amostra sem rearranjo) e DNA do mieloma MOPC321 derivado da cepa BALB/c (a amostra que poderia ter tido rearranjo no DNA) foram digeridos com a enzima de restrição BamHI, e o DNA digerido foi corrido num gel de agarose.  Depois do DNA ter separado no gel baseado no tamanho dos fragmentos, o gel foi cortado em pequenos pedaços, o DNA foi extraído de cada pedaço de gel e precipitado, e cada fração foi hibridizada com uma sonda radioativa feita com RNA altamente enriquecido em mRNA da cadeia leve kapa do MOPC321.  Se tiver rearranjo do DNA, os fragmentos de DNA contendo o gene da cadeia leve kapa no embrião e no mieloma iriam ser de tamanho diferente, e a medida de radioatividade em cada fração do gel deveria mostrar a diferença.  O resultado não poderia ter sido mais claro: a diferença na localização das bandas radiativas contendo a cadeia kapa entre as amostras de embrião e mieloma não deixa dúvidas que houve algum tipo de rearranjo ao nível do DNA.     
O Tonegawa fez a maior parte dos experimentos antes da publicação em 1975 do elegante método do Edwin Southern, que consiste na transferência do DNA do gel inteiro a uma membrana, seguida de hibridização com sonda marcada.  O que o Tonegawa fez em centenas de hibridizações em separado (só na figura 2 tem 120), o método do Southern permite fazer numa hibridização só.  O Tonegawa me falou sobre não ter descoberto o método do Southern com certa frustração, já que teria sido muito mais fácil fazer o que ele fez.  Mas, 35 anos depois, acho que a história fica mais bonita com as centenas de hibridizações.  O Tonegawa sabia que a solução que ele (e muitos outros) procuravam desesperadamente estava nesse gel do DNA digerido com BamHI, e se ele tivesse que tirar o DNA com os dentes, ele ia tirar.  A “garra” suprema do Tonegawa é o que mostra o experimento feito com centenas de tubinhos em separado.  Se tivesse sido fácil, outros teriam feito.
O paper de 1976 representa um passo gigantesco, ao identificar o rearranjo do DNA como método envolvido na geração da diversidade de anticorpos.  Os cinco anos que vieram depois foram de loucura total.  A competição ficou muito forte e todas a descobertas importantes que aconteceram nesse período foram publicadas ao mesmo tempo, ou quase ao mesmo tempo, por Tonegawa e algum outro grupo, que às vezes era o Phil Leder, às vezes o Lee Hood, às vezes outros.  Assim veio a descoberta do segmento J (Joining) que permitiu o conceito da diversidade combinatorial (segmentos V diferentes podiam recombinar com segmentos J diferentes, com uma diversidade potencial igual a multiplicação do número  de segmentos V pelo número de segmentos J).  O conceito foi logo ampliado pela descoberta do segmento D (Diversity) no gene que codifica a cadeia pesada, mas não nos genes que codificam as duas cadeias leves.  Chegaram a identificação das seqüências que delimitavam os segmentos a serem recombinados, o heptâmero e o nonâmero, separados por um espaçador de 12 pares de base de um lado e 23 pares de base do outro lado.  Interessante que até hoje não se entende bem a base enzimática da regra 12/23, o que se sabe da reação de recombinação ainda não explicou a seleção de segmentos a serem recombinados, fora a necessidade de serem abertos para transcrição como mecanismo de acessibilidade.  Em 1981, havia se avançado tudo isso, começando 1976 sem que se soubesse se tinha ou não recombinação somática do DNA, até chegar a identificação de todos os segmentos gênicos que recombinam (V, D e J), os lugares exatos onde a recombinação acontece, e a regra central que define os requerimentos dos parceiros em rearranjo.  
Logo depois, quando o Tonegawa já tinha se mudado para o MIT em Massachusetts, chegou a descoberta do trancriptional Enhancer no gene da cadeia pesada, o primeiro em células eucariotas, e chegaram as descobertas da diversidade juncional não recombinatorial, constituída pelos nucleotídeos N e os nucleotídeos P.  Que os nucleotídeos N são adicionados pela enzima TdT (terminal transferase) foi descoberto no MIT dois andares acima do lab de Tonegawa, no lab do David Baltimore, outro brilhante cientista ganhador do Nobel pela descoberta da transcriptase reversa.  Em relação aos nucleotídeos P, a última descoberta do Tonegawa relacionada com o rearranjo V(D)J, eles serviram de base para entender que a reação de recombinação passa por um intermediário que tem uma estrutura fechada em si mesma (“hairpin”), a ser aberta durante a fase seguinte da reação.  
Esse prédio pequeno de seis andares do Center for Cancer Research (CCR) do MIT é um remodelado de uma velha fábrica da época dourada da indústria em Cambridge, Massachusetts.  Nesse prédio feio e de tetos baixos (onde eu tive o privilégio de trabalhar no lab do Tonegawa por mais de 7 anos e conheci outros brasileiros como a grande amiga Verônica Coelho), teve a uma hora ou outra laboratórios de cinco ganhadores do Nobel de Fisiologia ou Medicina, o Salvador Luria, o David Baltimore, o Tonegawa, o Phil Sharp e o Bob Horvitz.  Isso sem contar “quase Nobels”, em particular Bob Weinberg.  Jim Watson foi o primeiro estudante do Salva Luria e já conhecemos a história do Jim Watson.  Em 2010 finalmente o CCR mudou para um prédio maravilhoso no outro lado da rua.  Mas dá para fazer ciência de qualidade espetacular num prédio feio, se as pessoas que estão lá dentro fazem que o ambiente seja muito especial.  Não quero ser repetitivo com o tema das catedrais, mas, já pensaram o que é entrar nesse pequeno prédio a trabalhar todos os dias? ...exatamente.
Quais são as conseqüências do paper de 1976 e dos papers que continuaram na trilha aberta por esse paper?  Bom, em primeiro lugar o paper demonstrou que a diversidade de anticorpos tem uma base molecular no rearranjo do DNA dos genes de imunoglobulina.  Essa é a resposta de grande interesse para os imunólogos.  Além disso, o trabalho do Tonegawa nos genes de imunoglobulinas resultou em muitas descobertas essenciais para a Biologia.  Por exemplo, o rearranjo do DNA durante a diferenciação normal de linfócitos altera a visão estável do DNA que era altamente prevalente.  Os trabalhos de RNA loop em 1977 e as primeiras seqüências de DNA que o Tonegawa fez com suas próprias mãos em colaboração com o Wally Gilbert, mostraram o splicing de RNA em genes de mamíferos por primeira vez (o Phil Sharp e o Rich Roberts tinham mostrado splicing pouco antes em adenoviruses e ganharam o Nobel por isso, e o Pierre Chambon veio um pouco depois do Tonegawa com o gene que codifica ovalbumina na galinha, todos os papers publicados em 1977).  Numa frase imperdível, Tonegawa et al escreveram sobre o splicing que acabavam de observar por primeira vez: “One hypothesizes that this precursor [falando do RNA precursor antes do splicing] then loses the additional sequences as the mRNA matures in the nucleus”.  Mas abaixo eles escrevem: “we call such an additional piece of DNA that arises within a gene an intron, (for intragenic region or intracistron)”.  Nada mal como descobertas de aspectos ultra básicos de biologia celular e molecular.  O gene da cadeia leve de imunoglobulina lambda foi o primeiro gene de eucarioto a ser seqüenciado pelo método de Maxam e Gilbert em 1978, já que no primeiro paper de 1977 o Maxam e Gilbert descreveram o método, mas como exemplo apenas seqüenciaram um fragmento de operon lac em bactéria.  E o grupo de Sanger, usando o método do dideoxi, seqüenciou o fago phiX174 como primeiro exemplo, também em 1977.  Já escrevi que o enhancer do gene da cadeia pesada de imunoglobulina foi o primeiro enhancer descrito em célula eucariota.  Antes do paper do Tonegawa em 1983 (e o paper do David Baltimore competindo), enhancers eram coisa de vírus. Outra coisa importante foi a determinação da seqüência de DNA do octâmero onde grudam as E-proteins, já que esse paper descreveu seqüências alvo de fatores de transcrição no DNA.  Tem algum questionamento em relação ao precedente do primeiro rearranjo do DNA em célula somática.  Como aluno de Biologia da USP entre 1978 e 1982 (e do curso chamado Farmacinha na Farmácia e Bioquímica entre 1979 e 1982) ouvi do Professor Crodowaldo Pavan que foi ele quem primeiro descobriu o rearranjo de DNA nos cromossomos politênicos da glândula salivar da mosca Rhyncosciara em 1955, em colaboração com Marta Breuer, lá na USP mesmo.  O paper de Breuer e Pavan na revista Chromosoma descreve isso.  Ele insistiu que, na época, ninguém acreditava na amplificação somática que ele descreveu porque o DNA devia ser estável, dizer que o DNA rearranjava durante o desenvolvimento era violar um código sagrado.  Lembro da frase do Pavan, ou uma aproximação dela: “todo mundo achava que o RNA era malandro, porém o DNA, o DNA tinha que ser perfeitamente direitinho”. Ele se sentia vindicado pelo Tonegawa mas percebia-se também certa frustração pela atenção que o Tonegawa recebia como tendo revolucionado o código sagrado da estabilidade do DNA.  Como estudante de graduação, a palestra do Pavan me levou a velha biblioteca da Biologia da USP, a procurar o PNAS de 1976, abrir aquela revista e a entrar “na catedral” por primeira vez.  
Hoje em dia é quase impossível pensar qualquer questão central em imunologia sem assumir a maneira em que os repertórios de reconhecimento antigênico são gerados.  Pelo trabalho descrevendo o rearranjo nos genes de imunoglobulina Susumu Tonegawa ganhou o Premio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1987.  Sozinho, como mérito a quem iniciou todo o trabalho do rearranjo e fez parte de todas as descobertas que seguiram. É muito pouco provável ganhar o Nobel e mais raro ainda ganha-lo sozinho.  Tonegawa é o primeiro e até hoje o único cientista nascido no Japão em ganhar o Nobel em Fisiologia ou Medicina.  Mas o Tonegawa não é de ficar muito tempo analisando o passado; talvez um dia ele pare e olhe para trás nessa viagem extraordinária, mas que eu saiba esse dia não chegou.  Foi uma das minhas surpresas quando cheguei ao lab dele em 1988, depois de defender minha tese de Doutoramento na Bioquímica da USP (feita em co-orientação com Samuel Goldemberg na Fiocruz).  Como muitas pessoas no Brasil agora em idade de ir acumulando cabelos grisalhos ou perdendo cabelo, eu conheci o Tonegawa em 1986 quando ele veio como um dos professores do primeiro curso Yakult, organizado pelo Antonio Coutinho e localmente ajudado pelo Wilmar Dias da Silva e a Teresa Kipnis.  O Tonegawa não tinha ganho o Nobel ainda, e logo de uma discussão que tivemos na praia sobre a expressão de um hipotético receptor heterodimérico beta-gama na superfície de células T, ele me convidou a trabalhar com ele no MIT.  Quando eu finalmente cheguei ao MIT um ano e meio mais tarde, ele já tinha feito a famosa viagem a Estocolmo a dançar com a rainha da Suécia e trazer a medalha de ouro.  Mas eu fiquei impressionado que o prêmio não tinha mudado ele, e posso dizer depois de muitos anos de convívio que o Tonegawa nunca pensou que fosse melhor que os outros.  Ao contrário, ele agia como se tivesse que se “provar” em cada coisa que fazia.  O Tonegawa prefere ficar nas batalhas de hoje, raramente volta ao passado, falando dos tempos da Basiléia apenas para usar como exemplo de trabalho duro e determinação.  Deixou a imunologia em 1995, meu último ano no grupo dele, e hoje se dedica a entender o mecanismo de aprendizado, ele simplesmente diz que quer entender o que faz a gente esquecer coisas e lembrar coisas.  Enquanto o famoso paper dele faz 35 anos, ele está muito bem de saúde com seus 71.
O paper de 1976 termina com as frases: “The present results, when combined with those of our previous reports, demonstrate that both content and context of immunoglobulin genes are altered during the differentiation of lymphocytes.  Whether such a genetic event is common in other eukaryotic gene sytems remains to be seen”.
Durante a diferenciação dos linfócitos, o conteúdo e o contexto dos genes de imunoglobulina mudam.  Conteúdo e contexto.  Que simpleza, que economia de palavras.  Amém, professor.  Afinal, enquanto estamos lendo o manuscrito ainda não saímos da catedral. 

domingo, 30 de janeiro de 2011

Employment Opportunity – Postdoctoral Scientist, Inflammation Division

An opportunity exists for a postdoctoral scientist to join the Inflammation Division as a joint appointment between Dr Ben Croker and Dr Seth Masters. 
The laboratories focus on novel proteins regulating pathogen sensing via modulation of the inflammasome. The project will investigate the cellular and biochemical roles of novel proteins in the regulation of inflammatory responses. A number of complementary approaches will be pursued to understand the function of novel regulators of the inflammasome. These will include the analysis of genetically modified mice, infection and inflammation models, protein interaction studies and ex vivo analysis of haemopoietic cells. 
Applicants should possess a PhD in a relevant discipline with some experience in molecular biology and cell culture. 
The position is for 1 year in the first instance with funding available for 3 years.
Salary is dependent on qualifications and experience. Up to 17% superannuation and salary packaging options are available. 
Enquiries can be directed to Dr Ben Croker (croker@wehi.edu.au) or Dr Seth Masters (smasters@tcd.ie)
Written applications including CV and the names of 3 professional referees should be forwarded to:
Human Resources Manager
The Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research
1G Royal Parade
Parkville, Victoria 3052
Australia
Alternatively, email your application to jobapplications@wehi.edu.au
Closing date: Friday 18 February, 2011

Oportunidades de financiamento



Oportunidades Vigentes
Edital Fapesb nº 04/2011 - Participação em Evento Científico ou Tecnológico no Exterior (Linha 01) ou em Território Nacional (Linha 02)
Edital Fapesb nº 04/2011 visa incentivar a participação de membros da comunidade científico-tecnológica, vinculados às instituições de ensino superior e/ou pesquisa localizadas no Estado da Bahia, em eventos científicos e/ou tecnológicos, exclusivamente para apresentação de trabalhos de sua autoria, através do financiamento de passagens.

A solicitação de apoio pode ser encaminhada em duas diferentes linhas:
Linha 1: participação em evento científico e/ou tecnológico no exterior; 
Linha 2: participação em evento científico e/ou tecnológico em território nacional.
Preenchimento online do pedido:
Eventos realizados de maio a julho: até as 17h30min do dia 3 de março de 2011; 
Eventos realizados de agosto a outubro: até as 17h30min do dia 19 de abril de 2011; 
Eventos realizados em novembro e dezembro: paté as 17h30min do dia 1º de agosto de 2011. 

Edital Fapesb nº 02/2011 - Apoio à Organização de Eventos Científicos ou Tecnológicos
Edital Fapesb nº 02/2011 destina-se a apoiar a organização e a realização de eventos de natureza científica ou tecnológica, de âmbito local, regional, nacional e internacional, nas diversas áreas do conhecimento, a ocorrer no Estado da Bahia nos meses de agosto a dezembro de 2011.

As propostas serão classificadas em três faixas abaixo distribuídas, associados a todas as áreas do conhecimento:
Faixa 1: eventos não consolidados de natureza científica e/ou tecnológica a ocorrer na Região Metropolitana do Salvador-BA (municípios de Salvador, Lauro de Freitas, Candeias, Camaçari, Dias D'Ávila, Simões Filho, Vera Cruz, Itaparica); 
Faixa 2: eventos não consolidados de natureza científica e/ou tecnológica a ocorrer nas demais cidades do Estado da Bahia; 
Faixa 3: eventos consolidados de natureza científica e/ou tecnológica a ocorrer no Estado da Bahia.
Data Limite: Até as 17h30min do dia 11 de março de 2011.

Edital Fapesb nº 03/2011 - Apoio a Publicação Cientifica e Tecnológica
Edital Fapesb nº 03/2011 visa incentivar a publicação científica e tecnológica, em especial aquela de natureza inédita, visando difundir conhecimentos, técnicas ou tecnologias que sejam relevantes para o desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado da Bahia, através do financiamento à edição de livros (monográficos ou coletâneas), desde que não seriados.
Data Limite: Até as 17h30min do dia 13 de julho de 2011.

ISID Scientific Exchange Fellowship Program
The mission of the International Society for Infectious Diseases (ISID) is to enhance research, prevention, and treatment of infectious diseases, particularly in low resource countries. The Society's programs emphasize the transfer of information and appropriate technology through training and education of health care professionals. 

The ISID Scientific Exchange Fellowship Program was established in 1992 to promote collaboration among researchers in different countries by enabling infectious disease researchers in the formative stage of their career to extend their research experience in institutions outside of their region. These awards are not restricted to physicians and are intended to support young scientists from developing countries in updating their knowledge of new, relevant laboratory techniques or in learning specific skills and techniques. Proposals that enhance the transfer of technologies to geographical areas where they are particularly needed will be favored.
Data Limite: The annual deadline is March 1, and applicants will be notified after June 1.

ICGEB Prospective Meeting/Course Organisers Held at ICGEB Affiliated Centres
The International Centre for Genetic Engineering and Biotechnology (ICGEB) conducts innovative research in life sciences for the benefit of developing countries. It strengthens the research capability of its Members through training and funding programmes and advisory services and represents a comprehensive approach to promoting biotechnology internationally. Affiliated Centres are established research institutes in Member States which have attained, or have the potential for, high standard research.

Laboratory courses of up to 10 days' duration are intended to train scientists and technologists in the theory and practice of advanced biotechnology research, as well as to address subjects and priorities of a regional nature. Training courses are to be conducted by the organising institute's staff and invited lecturers.

The programme also accommodates proposals for resarch workshops, symposia and conferences intended to disseminate scientific knowledge and enhance interaction of researchers and policy makers from ICGEB Member States. Research-orientated meetings are generally of two to five days duration.
Data Limite: Complete applications must be sent to the ICGEB Liaison Officer in the applicant’s country of origin by 15 March annually.

Boehringer Ingelheim Fonds PhD Scholarships
The Boehringer Ingelheim Fonds is a public foundation - an independent, not-for-profit institution for the exclusive and direct promotion of basic research in biomedicine. It supports researchers and projects aimed to experimentally elucidate basic phenomena of human life and pays particular attention to the promotion of junior scientists. 

The Foundation awards PhD Fellowships to outstanding young scientists who wish to pursue an ambitious PhD project in basic biomedical research in an internationally leading laboratory. The purpose of this program is to promote basic research in biomedicine by providing the best young, up-and-coming scientists with comprehensive support during their PhD phase.
Data LimiteThe application must be submitted by one of the respective deadlines of each year (date as per postmark for the paper version): 1 February, 1 June, 1 October.

FMI International PhD Programme
The Friedrich Miescher Institute (FMI) provides an outstanding research environment for studies of biomedical importance. The institute also fosters a lively educational atmosphere having trained hundreds of young scientists at the postgraduate and postdoctoral levels. It offers dedicated programmes for diploma and PhD students as well as research experience to visiting students from abroad. 

The FMI International PhD Program provides advanced, interdisciplinary training in epigenetics, neurobiology and signaling & cancer. PhD students admitted to the program receive theoretical and practical training, and conduct a research project under the supervision of an FMI group leader, monitored by a Thesis Committee of university professors and experts chosen by the student. 

PhD students learn highly advanced techniques from specialists and are introduced into experimental analysis at multiple levels of biological organization. PhD students at the FMI are enrolled at the 
University of Basel. After successful completion of the research project, submission of a written thesis and a thesis defense, the candidate receives a PhD from theUniversity of Basel.

Together with the Biozentrum of the 
University of Basel, the Department of Biosystems Science and Engineering (D-BSSE) of the ETH, and the Swiss Tropical Institute (STI), the FMI participates in an international and interdisciplinary graduate teaching program in the areas of:
1. Infection biology; 
2. Neurobiology; 
3. Cell biology; 
4. Developmental biology; 
5. Biophysical chemistry; 
6. Structural biology; 
7. Systems biology; 
8. Bioinformatics.
Data Limite: There are two deadlines each year, in May and December. The next deadline for application is May 5, 2011.


Elaborado por
Fundação Oswaldo Cruz





Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Vice-diretoria de Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico

sábado, 29 de janeiro de 2011

CUTTING EDGE - Última novidade científica nos EUA

Não é um novo método de sequenciamento, nem uma nova modificação epigenética - o novo hit científico norte-americano, que se espalhou mais rápido que epidemia de norovírus, é o vídeo Bad Project, feito por estudantes de doutorado do Baylor College de Houston, no Texas, e baseado em uma música da Lady Gaga.



O vídeo teve mais de 1 milhão e 300 mil acessos em uma semana. Ironicamente, isso é quase o dobro do número total de acessos a todos os vídeos do canal Youtube da Cell, que a moça tanto cobiça.

Mostrando que fazer ciência aqui por essas bandas também não é mole...

Curso Avançado de Patogênese do HIV


O Curso Avançado de Patogênese do HIV teve sua primeira versão em 2006, que contou com a vinda do Prof. David Watkins da Universidade de Wisconsin e do Prof. Mario Stevenson, então da Universidade de Massachussets, ambas nos EUA. Junto com pesquisadores do Brasil, foi realizada uma série de conferências, seguidas de discussões com os 35 alunos inscritos, além de distribuição de material didático. 
A iniciativa foi um sucesso e, nos anos seguintes, realizamos novas edições cada vez maiores do evento, tanto em número de palestrantes, como em número de participantes.  

O curso planejado para 2011 contará com maior número de palestrantes, nacionais e internacionais. Nossa intenção é consolidar este evento como um dos mais importantes cursos em patogênese do HIV no Brasil, abrindo oportunidades de colaboração entre centros internacionais e brasileiros. O curso já foi integrado às atividades do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.  

Veja o site do curso (aqui).

Nos vemos em Março de 2011!

Frontiers in Immunology, IUIS official journal.


Dear Colleagues, Dear Friends,

The New Year started with an important achievement for the IUIS. The IUIS has now formally signed the contract with Frontiers in Immunology, which is now our official journal. This achievement provides the  with the opportunity to announce latest news related to immunology, be it from research, politics or public health. This will significantly increase crosstalk between immunologists all over the world. Frontiers in Immunology will publish papers of highest quality and aims at becoming one of the top journals in our field. Hence, please spread the word amongst members of your society that Frontiers in Immunology is now our official journal. Perhaps members of your society want to actively work with Frontiers at one of the different editorial levels. Moreover, I hope that members of your society will consider submitting high-quality papers to Frontiers in Immunology.

For further information please have a look at the journal's website.

Wishing you a Healthy and Prosperous New Year,

Stefan H.E. Kaufmann
President, IUIS

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vamos com calma

Post de Daniel Mucida
Rockefeller University, New York

Alma não tem cor, porque eu sou branco
Alma não tem cor, porque eu sou negro
Chico César

Não sou patriota (“ter amor e devoção a um país”). Muito menos nacionalista (“forte identificação de um grupo de indivíduos com a nação”). Acho que ambos geram, salvo raríssimas exceções, muito mais danos que benefícios. Basta ver o exemplo recente do “Tea Party” aqui nos EUA. Torço pelo Brasil na copa do mundo, voto sempre que posso, tenho grande interesse em notícias políticas, sociais ou culturais do Brasil. Mas também gostei quando os republicanos perderam nos EUA, não gostei quando o Cavaco Silva foi reeleito em Portugal. Enfim, ponto feito e preferências pessoais a parte, tenho recebido muitas notícias positivas do Brasil recentemente, várias incluem avanços, diria saltos, na área de ciência e tecnologia. Talvez por isso, talvez por outros motivos indefinidos, uma onda de reportagens nas principais revistas científicas mundiais (Science, Nature) ou mesmo revistas menos especializadas (The Economist), tem colocado o Brasil como o próximo (quiçá atual) principal destino da ciência. Este assunto foi recentemente abordado no SBlogI (http://blogdasbi.blogspot.com/2011/01/go-south-young-scientist-sugere-o_13.html) e gerou comentários bem interessantes. Tenho a impressão de que a copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, associadas à fascinante (e merecida) aprovação do ex-governo Lula, podem exaltar ainda mais os espíritos nacionalistas no Brasil. Espero que isso não ocorra, muito menos na ciência. Uma exaltação ao “sentimento nacional” pode desviar a ciência brasileira de um caminho pé-no-chão. A ciência não tem (ou não deveria ter) cor. Não posso dar uma opinião exata sobre a situação atual da ciência e mais especificamente da Imunologia brasileira, pois estou fora há vários anos. Ouvi reações positivas das pessoas que compareceram à última reunião da SBI, como sobre a alta qualidade dos pôsteres. De qualquer maneira, me parece precipitada a exaltação. Estamos longe ainda.

Diversidade
Acho que apesar dos mil e um problemas da sociedade e cultura norte-americanas, o fato da ciência aqui ser (ainda) tão patentemente aberta à qualidade e diversidade de opiniões, não importando muito de onde vem essa qualidade, é algo que deveríamos prestar atenção. Noam Chomsky é judeu e americano, e apesar de chamar os americanos e israelenses de terroristas (e justifica as razões), ainda assim é professor do MIT há mais de 50 anos. O governo americano é abertamente contra o Irã, ainda assim tenho vários colegas iranianos na Rockefeller University. Uma impressão que eu tinha quando estava em Universidades brasileiras era que a justificativa principal da baixa qualidade (em termos gerais) da produção científica brasileira era devido tão-somente à falta de verbas. Não é. Acho que temos outros problemas além de verbas. Não me parece que o cientista brasileiro é mais ou menos brilhante que o cientista de outros países. Há diferenças nítidas na maneira de fazer ciência entre as culturas e países, mas isso não impede (ou facilita) de maneira significativa a possibilidade de fazer ciência de qualidade. Parece-me que as verbas são insuficientes em quase todos os estados, verdade. Deveria melhorar (e aparentemente está melhorando). Mas a ciência não se faz somente de verbas. Problemas de importação, burocracia, falta de divisão (ou prioridade) entre o “pesquisador” e o “professor” (assunto discutido com freqüência entre os cientistas brasileiros no exterior); todos contribuem negativamente para a qualidade da ciência brasileira. Ainda assim, o Brasil tem ciência de qualidade em vários setores e áreas; há muitos exemplos (conservação, energia, física teórica, química, ecologia, parasitologia, etc). No entanto, acho que a Imunologia me parece depender bastante, talvez mais que outras áreas relacionadas, da diversidade. A diversidade de repertório do Sistema Imune é fundamental (o posts do Prof. Nelson Vaz retratam isso de maneira brilhante). O repertório, sendo ele de imunologistas, idéias, técnicas, animais, disciplinas também é fundamental para a Imunologia crescer. Conversar com o geneticista, neurocientista, parasitologista, fisiologista é fundamental. Assim como é fundamental dar possibilidade para o americano, alemão, francês, chileno, argentino, sueco irem para o Brasil e interagirem com o imunologista brasileiro. Acho que devemos fazer um esforço ainda maior para que isso ocorra com mais freqüência, não há como darmos o salto prometido pelas revistas se não incentivarmos a diversidade.

Como fazer isso? Não tenho as respostas. Nem toda crítica necessita de um solução para o objeto criticado. Acho que o incentivo a cursos, seminários, discussões em inglês é um dos passos necessários. A criação de bolsas que ajudem ou incentivem estrangeiros que querem ir fazer ciência no Brasil é outro passo. Conheço muitos, muitos cientistas excelentes que gostariam de passar alguns anos no Brasil. Alguns vão, mas não é suficiente ainda. Temos muito do contrário: possibilidades para cientistas brasileiros fazerem ciência fora, isso também é importante/fundamental, mas acho que se quisermos que os “Young scientist, go south” (como estampou a The Economist”) temos que dar possibilidades para que isso aconteça. Uma imunologia quase monoclonal acaba só gerando doenças auto-imunes.

Auto-crítica
O sentimento nacionalista também pode influenciar outras decisões que nos afastam de uma política pé-no-chão. Um exemplo são as áreas de pesquisa do laboratórios. Qual é a sua pergunta? Mesmo sendo relevante, vale a pena investir nessa pergunta se outros 10 grupos de ponta fizeram a mesma pergunta? Será que deveríamos evitar as áreas específicas que já estão (obviamente) sendo abordadas por laboratórios americanos/europeus? Muitos (como eu) acham que sim, pois não há como competir. Outros acham que não, pois ainda assim podemos gerar conhecimento, educar e fazer a ciência andar para frente. Este é um assunto delicado, já que existem opiniões muito interessantes de vários lados. Acho (portanto, é uma opinião apenas), que independentemente do lado que apoiamos, deveríamos ter bom senso, e entender que a diferença ainda é grande entre as possibilidades “experimentais”, por vários dos motivos citados acima. A competição para resolver questões “quentes” já faz pouco sentido na ciência de ponta, pois o valor científico em publicar algo idêntico, mas uma semana antes que algum outro grupo, é dúbio. Assumir uma inferioridade técnica é um passo importante para gerar questões diferentes, inter-disciplinares, descobrir nichos que não estão repletos e ainda assim são relevantes. É também um passo crucial para saber onde melhorar. Também abre as portas para tentar identificar e usar potenciais locais e regionais que possibilitariam responder às questões de forma original. Acho que uma mudança de comportamento, associada à políticas governamentais corretas ajudarão a mudarmos o fluxo. No momento, o fluxo ainda é “Scientist, go North”. Antes do fluxo estabilizar ou se inverter, acho que deveremos tentar entender porque em geral a preferência dos que sobem para o norte ainda é também “Stay North”.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Princípio da incerteza em interações imunológicas

Florianópolis. Provavelmente você viu esse título e pensou ter entrado num Blog de física. Não, você está no blog da SBI.

A regulação das respostas imunológicas, se transferimos para uma visão meramente física, nada mais é que um complexo sinal de integração de máquinas, onde tomada de decisões se misturam com informações moleculares provenientes de múltiplas fontes. O princípio da incerteza descrito por Heisenberg se aplica aos processos imunológicos observados por nós? Tanto a descrição quanto a compreensão do processo decisório de linfocitos dentro do contexto dinâmico deste torvelinho multifacetado da interação de linfócitos (e outras células do SI) parecem realmente muito complicadas. Duas redes principais podem ser aplicadas para descrever esses fenômenos: a determinística e outra probabilística. Gostaria de indicar esta revisão, que trata dos campos probabilisticos em física para aplicar ao campo da Imunologia. Além disso, indico uma outra revisão , publicada pelo Ruslan, que trata de hubs utilizados por patógenos que demonstrar os modelos de rede em escala descrito nas ciências exatas anteriormente. Será que a teoria do tudo procurados por físicos e matemáticos descreverá também os fenômenos imunológicos?

Literatura sugerida
1. Hodgkin PD. A probabilistic view of immunology: drawing parallels with physics. Immunol Cell Biol. 2007 Jun;85(4):295-9. Epub 2007 Apr 24.

2. Brodsky IE, Medzhitov R. Targeting of immune signalling networks by bacterial pathogens. Nat Cell Biol. 2009 May;11(5):521-6

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Plasticidade de Linfócitos Inatos???


Muito se tem falado sobre os diversos subtipos de linfócitos T descritos nos últimos anos, mas em meio a essa avalanche de populações de células da imunidade adaptativa (Th1, Th2, Th3, Treg, Th17, Th9, Th22) que muitas vezes são mostradas como os únicos protagonistas das respostas imunes, pouco se sabe sobre a função e plasticidade das chamadas células linfóides inatas (Innate Lymphoid Cells - ILCs). Essas células possuem funções importantes na resposta imune inata, na formação de tecido linfóide, no remodelamento tecidual após injúria e na homeostase das células do tecido estromal (Spits & Santo, 2011). Durante muito tempo, as células NK foram consideradas os como representantes únicos dessa classe de linfócitos. Hoje, além das células NK são conhecidos os linfócitos inatos do tipo 2 ou nuócitos, as células NK22 e as células indutoras de tecido linfóide (Lymphoid Tissue Inducer cells, LTi) (Strober, 2010; Diefenbach & Vonabourg, 2010). O desenvolvimento desses linfócitos inatos depende do fator de transcriçao Id2 (inhibitor of DNA binding 2), mas, cada subtipo possui suas peculiaridades, células LTi dependem da expressão de RORgt e da presença de IL-7, enquanto células NK dependem do fator de transcrição E4BP4 e de IL-15 (Vonabourg et al, 2010). As células LTi estão presentes nos órgãos linfóides primitivos e são responsáveis pela organogênese dos tecidos linfóides. Essas células produzem linfotoxinas e TNF-a e estimulam a produção de quimiocinas e expressão de moléculas de adesão por células mesenquimais levando a formação dos órgãos linfóides (Mebius et al, 2003). São considerados linfócitos inatos, pois são células CD3-CD19- que não se desenvolvem no timo e não expressam receptores antígeno-específicos, como TCR e BCR. Para serem ativados, esses linfócitos respondem a citocinas produzidas por estímulos inatos e também a ligantes de receptores de celulas NK. Por terem um papel essencial na gênese dos tecidos linfóides, as células LTi estão presentes em grande número na fase embrionária e podem ser encontradas logo após o nascimento, mas seu papel na resposta imune ainda não é completamente conhecido. Recentemente, foi descrita a presença de células LTi-like na lâmina própria de camundongos adultos e essas células foram associadas ao desenvolvimento de órgãos linfóides terciários, como as placas de Peyer e folículos linfóides intestinais (Bouskra et al, 2008; Tsuji et al, 2008). As células LTi-like diferem das células LTi pela expressão de receptores de células NK, como NKp45, e são fontes importantes das citocinas IL-17 e IL-22 (Takatori et al, 2009). Por expressarem esses receptores de células NK (NKR ou NKp46), acreditava-se que as células LTi-like seriam um estágio de diferenciação de células NK. No entanto, no final do ano passado, Vonabourg e colaboradores mostraram que células LTi (NKR-RORgt+), mas não as células NK, seriam os progenitores das células LTi-like (NKR+RORgt+) (Vonabourg et al 2010). Utilizando modelos de transferência adotiva de células geneticamente marcadas para a expressão de RORgt (fate mape), ou seja, células que emitem fluorescência caso tenham expressado RORgt em algum período do seu desenvolvimento, foi mostrado que células LTi (NKp46- RORgt+ CD127+ IL-23R+) produtoras de IL-17 e IL-22, ganham a expressão de NKP46 e dão origem a células produtoras unicamente de IL-22, que seriam as células LTi-like, ou NKR-LTi. Essas células estão presentes em maior número no intestino delgado, mas também podem ser encontradas no cólon e em menor freqüência nos linfonodos e baço. Como expressam IL-23R, os linfócitos LTi-like respondem a essa citocina com a produção de IL-22 ou IL-17 e acredita-se que essas células seriam importantes para a manutenção da homeostase tecidual, principalmente no intestino, onde são encontradas em maior freqüência. De acordo com alterações no microambiente, as células LTi-like tendem a perder a expressão de RORgt: enquanto a presença de IL-7 e a microbiota intestinal estabilizam a expressão de RORgt, a produção de IL-15 e IL-12 acelerariam a perda de RORgt por essas células e expressão de IL-12R (figura 1).

Quando se tornam RORgt -, respondem à presença de IL-23 com a produção de IFN-g em vez de IL-22 ou IL-17. Essas células NKp46+RORgt- produtoras de IFN-g são potentes indutoras de colite em modelo experimental. Alguns autores têm proposto que as células LTi-like ou NKR-LTi poderiam representar versões inatas dos linfócitos Th17 e Th22, assim como as células NK e os nuócitos seriam a versão das células Th1 e Th2, respectivamente (Spits & Santo, 2011) (figura 2).


De uma maneira geral, esses linfócitos inatos, ainda pouco estudados e pouco compreendidos, parecem exercer um papel importante na homeostase intestinal e a descoberta de sua plasticidade funcional pode fornecer evidências para a compreensão de eventos atribuídos exclusivamente às células da imunidade adaptativa durante processos inflamatórios intestinais. Vamos ficar de olho nessas células!!!

Denise Morais da Fonseca

Pós-doutoranda - Departamento de Bioquímica e Imunologia - FMRP-USP


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Parasitos ajustam o relógio biológico do hospedeiro

Post por Fredy RS Gutiérrez

Faculdade de Medicina
Universidade Antonio Nariño
Bogota, Col
ômbia


As características clínicas da malária, com ciclos de febre e hemólise, sugerem que existe um tipo de “sincronia” na fisiopatologia desta infecção. Contudo, ainda restam dúvidas sobre quais são os mecanismos que o parasito utiliza para manter essa precisão no tempo. Trabalhos anteriores sugerem que uma produção cíclica de melatonina por parte do hospedeiro poderia induzir tal sincronismo.

O estudo de Aidan J. O'Donnell e colaboladores na revista Proceedings of the Royal Society of Biological Sciences, mostra de uma maneira muito simples que o Plasmodium chabaudi é capaz de detectar o ciclo circadiano do hospedeiro, levando a um aumento na proliferação do parasito. A manipulação experimental do ciclo circadiano de animais previamente infectados ou receptores de formas infectantes leva a redução dos níveis de parasitemia.

Longe de mostrar o mecanismo pelo qual tudo isso acontece, o trabalho nos leva a uma pergunta interessante: Qual o potencial reflexo deste fenômeno no esquema terapêutico contra a malária? A resposta parece estar, mais uma vez, na neuroimunologia, que ainda permanesce como uma disciplina pouco explorada, e que poderia prover metodologias adequadas para revelar mais detalhes sobre esta fascinante interação entre o parasito e seu hospedeiro.