segunda-feira, 23 de julho de 2012

Post-kala-azar dermal leishmaniasis (PKDL) in antimony refractory patient in Sergipe


Roque Almeida
Lesões em dorso do paciente com PKDL

Leishmaniose dérmica pós calazar pode ocorrer meses após o tratamento da doença. PKDL é caracterizada pela presença de manchas, máculas ou nódulos em pele da face, tronco ou membros e pode ser confundida com lesões de hanseníase ou vitiligo. PKDL é descrita, principalmente, na Índia, Nepal, Sudão e Etiópia. Em recente publicação, coorte retrospectiva, Surendra Uranw e colaboradores mostraram que o risco de adquirir PKDL estava associado ao tratamento inadequado. PKDL foi observada em 2 % dos pacientes que receberam o tratamento completo, contra 29,4% dos pacientes que tiveram o tratamento inadequado. Os autores chamam a atenção para uma supervisão adequada do tratamento pelos agentes de saúde.  Na Índia e Sudão, PKDL pode ser uma complicação em 60% dos pacientes com calazar.
PKDL está associada a expressão de IL-10 e TGF-beta na derme dos pacientes. Porém, TNF-alfa, matriz metaloproteinases (MMPs), inibidores teciduais de MMPs (TIMPs) e citocinas do complexo Th17 também estão presentes nas lesões. Células T reguladoras foram associadas a carga parasitária, podendo estar associadas à patogênese da PKDL.
A resistência ao tratamento em pacientes com calazar é um problema crescente na Índia, com frequências alarmantes de 50%, necessitando de drogas alternativas para o tratamento eficaz.
Em Sergipe, temos 4 casos de pacientes, HIV negativos, refratários  ao tratamento com antimonial pentavalente e 2 deles, também refratários ao tratamento com anfotericina B. Destes 2 pacientes, um apresenta leishmaniose dérmica pós calazar, sem resposta ao tratamento, mesmo com tratamento similar ao indicado aos pacientes com HIV e calazar.
A presença de leishmania na pele (PKDL) e resistência ao tratamento nos coloca diante de uma situação difícil, aumentando a possibilidade de transmissão de parasitas resistentes, pelo mosquito, de um ser humano para o outro. Isto pode gerar um imenso problema de saúde pública.
Nos perguntamos: Qual o papel do parasita? Qual a influência da resposta inadequada do hospedeiro? Ou da interação parasita-hospedeiro na patogênese do calazar nestes pacientes? Isto aumentará a transmissão de parasitas de um ser humano para o outro? 

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