Dentre
as bactérias comensais, as bactérias filamentosas segmentadas (SFB) são umas
das mais potentes indutoras de respostas do tipo Th17. Além disso, a infecção pelo
patógeno Citrobacter rodentium também
resulta nesse tipo de resposta. O que existe em comum entre essas bactérias que
resulta em respostas Th17 ainda não é conhecido. Sabe-se, porém que ambas
possuem a capacidade de aderir às células epiteliais intestinais.
Atarashi
e colaboradores (2015) demonstraram em trabalho publicado na Cell, que o desenvolvimento de uma
resposta de células Th17 é induzido por bactérias capazes de aderir na
superfície das células epiteliais intestinais, e essa capacidade é hospedeiro
dependente. Visto que a inoculação oral de SFB provenientes de ratos não
resulta em resposta Th17 como quando comparado com camundongos que recebem SFB
provenientes de outros camundongos.
Após
a aderência das SFB às células epiteliais, ocorre ativação dessas células, com
a consequente produção de substâncias importantes para a indução de células
Th17, como a amiloide sérica A e a óxido nítrico sintase. Ademais, a interação
dessas bactérias com as células epiteliais, também é importante para a produção
de IgA, mas não para a indução de ILC3s produtoras de IL-22.
Os
dados foram confirmados com o emprego de linhagens de C. rodentium WT e mutantes para uma molécula responsável por sua
adesão às células epiteliais. Apenas as bactérias WT foram capazes de induzir
respostas Th17 e produção de IgA, enquanto que as mutantes também foram capazes
de induzir ILC3s. Assim como, camundongos que receberam microbiota isolada de
fezes humanas apresentaram forte resposta Th17, relacionada com a presença de
bactérias aderentes.
Fica
demonstrado uma nova forma de ativação do sistema imune intestinal, independente
do reconhecimento de componentes microbianos, mas sim da interação física entre
bactérias aderentes e células epiteliais, responsáveis pela indução de respostas
Th17 e produção de IgA. Por outro lado, a indução de ILC3s produtoras de IL-22
é independente da aderência das bactérias e apresenta um papel mais regulador
da microbiota intestinal.
Figura 1: Indução de
células Th17 por bactérias aderentes às células epiteliais. As bactérias capazes de aderir às
células epiteliais intestinais resultam na ativação dessas células, com
consequente produção da proteína amiloide sérica A (SAA) e espécies reativas de
oxigênio (ROS), que contribuem para a indução de células Th17. Essa capacidade
de adesão também resulta em aumento nos níveis de IgA. Por outro lado, as ILC3s
são induzidas independente da capacidade de adesão de bactérias, possuindo um
papel mais regulador.
Referências: Atarashi, K., Tanoue, T., Ando, M., Kamada, N., Nagano, Y., Narushima,
S., Suda, W., Imaoka, A., Setoyama, H., Nagamori, T., Ishikawa, E., Shima, T.,
Hara, T., Kado, S., Jinnohara, T., Ohno, H., Kondo, T., Toyooka, K., Watanabe,
E., Yokoyama, S., Tokoro, S., Mori, H., Noguchi, Y., Morita, H., Ivanov, II,
Sugiyama, T., Nunez, G., Camp, J.G., Hattori, M., Umesaki, Y., Honda, K., 2015.
Th17 Cell Induction by Adhesion of
Microbes to Intestinal Epithelial Cells. Cell
163, 367-380. doi: 10.1016/j.cell.2015.08.058.
Post
por Gabriela Pessenda (doutoranda FMRP-USP/IBA)
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