sexta-feira, 6 de março de 2015

Microbiota intestinal e a proteção na transmissão da malária


Figura: Expressão  de α-gal (vermelho) em esporozoítos de diferentes Plasmodium.

Continuando a falar de co-infecções, no post anterior (aqui) conversamos sobre a interferência da IL-10 na progressão da infecção bacteriana. Hoje trago um paper que relaciona a resposta da microbiota intestinal com a transmissão da malária. Miguel Soares e colaboradores relacionaram a resposta contra a proteína α-gal, que pode ser adquirida por infecção bacteriana, com a incidência de malária em indivíduos residentes em área endêmica e em infecção experimental com camundongos. Em Mali/África, os autores observaram uma correlação positiva entre os níveis de IgM anti-α-gal e a incidência de malária. Ou seja, as pessoas que possuíam níveis elevados de tais anticorpos poderiam ter uma resistência para a infecção com o Plasmodium. No entanto, essa ligação estava presente somente na  transmissão da doença, no estágio inicial infectante com os esporozoítos, mas não contra a doença já estabelecida, no ciclo eritrocítico. Na infecção experimental foi constatado que um dos mecanismos de proteção estaria relacionado com a via do complemento e que anticorpos IgG2b e IgG3 também poderiam estar envolvidos. O estudo aponta alguns fatos relevantes como o entendimento da maior incidência de malária em crianças quando comparados aos adultos e o uso de esporozoítos atenuados como ferramenta vacinal relacionando com a resposta anti-α-gal. 

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Yilmaz B, Portugal S, Tran TM, Gozzelino R, Ramos S, Gomes J, Regalado A, Cowan PJ, d'Apice AJ, Chong AS, Doumbo OK, Traore B, Crompton PD, Silveira H, Soares MP (2014) Gut microbiota elicits a protective immune response against malaria transmission. Cell 159 (6):1277-1289. doi:10.1016/j.cell.2014.10.053

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