segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Macrófagos M2 usam a via lisossomal para mobilizar ácidos graxos




Os macrófagos são essenciais para a imunidade e podem adotar perfis diferentes dependendo do microambiente. A ativação clássica dos macrófagos (M1) depende principalmente do IFNγ em combinação com TNF, e da ativação de STAT 1. Enquanto a ativação alternativa dos macrófagos (M2) depende principalmente de IL-4 e IL-13 e da regulação de STAT 6. Os macrófagos M1 são inflamatórios e possuem um importante papel contra patógenos intracelulares e tumores. Os macrófagos M2 promovem a reparação tecidual, homeostase, prevenção da aterosclerose e são importantes na imunidade a helmintos (1, 2). 
O estudo dos macrófagos M2 foi retratado mês passado neste blog, mostrando que células tumorais polariza-os através da produção do ácido láctico (aqui) e há poucos dias foi demonstrado o espectro de diferenciação dos macrófagos (aqui), e mais uma vez neste blog iremos abordar como sugestão de leitura a polarização dessas células.
A polarização dos macrófagos M2 é dependente da oxidação de ácidos graxos (FAO - fatty acid oxidation), onde estas células utilizam a FAO para o metabolismo oxidativo mitocondrial. A fonte destes ácidos graxos até então não estava clara, até a publicação neste mês na Nature Immunology (3), onde verificaram que a captação de triacilglicerol através de sua lipólise pela lipase ácida lisossomal (LAL) e do receptor scavenger CD36 (Receptor para a endocitose de partículas ricas em triagliceróis como LDL e VLDL; este receptor é induzido em macrófagos pela IL-4), foram essenciais para a ativação dos macrófagos M2. Com isso, aumentou a fosforilação oxidativa, prolongando a sobrevida e expressão de genes destes macrófagos. A inibição da lipólise bloqueou a resposta protetora a parasitos helmínticos (H. polygyrus) no modelo em camundongos C57BL6. Sugerindo que a captação e lipólise dos triacilgliceróis poderiam servir para gerar ácidos graxos pela FAO, facilitar a oxidação destes ácidos e programar a ativação de macrófagos M2.
Estes resultados, como outros que surgiram e estão surgindo, auxiliam na abordagem terapêutica em doenças nas quais macrófagos M2 têm efeitos tanto prejudiciais quanto protetores, inclusive no controle da homeostasia, na proteção contra a obesidade e na resistência à insulina. Recomendo a leitura da revisão de 2011 da Ajay Chawla (4) para entender alguma destas funções dos macrófagos.
Boa leitura a todos
Referências:


Post por Clayson Moura Gomes, Doutorando do PPGMTSP/UFG



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