Recentemente o Brasil
atingiu o magnifico feito de produzir 2.7% da ciência (artigos científicos) produzida mundialmente.
Os números totais de
artigos publicados vão muito bem, no entanto a qualidade parece que não está acompanhando
o aumento de produção cientifica.
Recentemente a
Universidade de Leiden, divulgou o ranking de 2014 (CWTS Leiden Ranking 2014, aqui), que avaliou 750 Universidades no
mundo baseado em publicações no Web of Science. Esse ranking avalia
essencialmente impacto baseado em citações e colaborações cientificas (mais
detalhes aqui).
Conforme já mostrado
em outros rankings, as universidades americanas dominam as 50 primeiras
posições, que contem também algumas universidades do Reino Unido Suíça e Israel. Entre
as 750 universidades que entraram no ranking temos 166 dos EUA. Em segundo vem
a China, com 83 univesidades. O Brasil, assim como a India e o Iran entraram com
15 universidades cada.
Ai vem a pergunta que
não quer calar:
Em que lugar vem as Universidades Brasileiras?
Todas vem muito próximas. Entre as brasileiras,
a primeira é a USP com a singela 589a posição entre as 750. Em seguida vem a UNIFESP (604a), UFRJ (607a),
UFMG (630a), UFRGS (645a) e UNICAMP (656a). Em
seguida UFSC (688a), UFSCar (701a), UNESP (704a),
UFC (707a), UnB (711a), UFPR(715a) e UFPE (741a). Eu usei “Impacto” como tipo de indicador e
“Media do Impacto das Citações” como indicador usado para ranquear. Também
selecionei a opção “todas as publicações com o mesmo peso, mesmo que tenham autores
de outras universidades”.
Não me parece bom! Uma Universidade
como a USP que consegue publicar um total de 22.693 papers (os que foram incluídos
nessa analise) não pode ficar em 589a lugar entre as 750.
Será que não é hora de
discutir um pouco mais a pesquisa e a meritocracia nas Universidades? Será que não é
a hora de pensar se queremos ficar entre os primeiros da América Latina em número
total de artigos ou se queremos fazer uma ciência que contribua de fato para a geração de
conhecimento?
Fica a provocação.
Muito, mas muito preocupante...
ResponderExcluirMuito importante o tema.
ResponderExcluirO que é valorizado quando as Universidades brasileiras (incluindo a USP) contratam professores? quantidade ou qualidade das publicações?
Quase todas continuam utilizando "baremas" que obrigam a banca a atribuir pontos por número de artigos sem ênfase na qualidade.
Conseguiremos mudar o padrão da universidade sem mudar o sistema de valorização da atividade acadêmica?
Prezados,
ResponderExcluirTenho grande experiência de julgamentos científicos nacionais e internacionais, instituições de fomento e revisão editorial. Minha experiência é que a grande maioria concorda em público que o mais importante é a qualidade, claro. Poucos vão te encarar e dizer que um trabalho na Nature ou Science é igual a um trabalho num periódico como Immunology Letters etc. Mas quando vai julgar no CNPq, CAPES, FAPESP, FAPEMIG, concursos públicos, etc, o discurso muda. A amizade e os interesses particulares falam muito mais alto. Como os recursos são magros é um vale tudo de números absurdos (totais) Fatores de Impacto, número de orientações, etc.. A qualidade quando entra, já está tudo decidido antes. Ou seja, pesa 10% do valor total. Em suma: falar é fácil. Quero ver fazer. Abs.,
Mauricio
Da Nature desta semana:
ResponderExcluirBRAZIL: Reward quality not quantity
Sidarta Ribeiro is director of the Brain Institute at the Federal University of Rio Grande do Norte, Brazil
In the past decade, the Brazilian government has put substantial resources into education and science. It has: established a minimum wage for school teachers; allocated 1.2% of the gross domestic product to fund research; and launched the Science without Borders scholarship programme to attract foreign talent to the country and to help promising Brazilian researchers to train abroad.
Two of the biggest remaining barriers to improving the nation's research are performance evaluation and rewards. Valuing quantity over quality is so ingrained in Brazil's scientific culture that it is nicknamed numerologia (numerology), a pun on the mystical belief in the power of numbers.
The official Qualis system for the evaluation of scientific papers and journals — which carries heavy weight in grant and job applications — encourages Brazilian researchers to publish as many papers as possible, regardless of the international impact of their research. Qualis does recognize different tiers of journals, but the categories are so broad as to be almost meaningless — a paper published in a journal such as Nature or Science and one in a highly specialized journal might be counted equally. Rather than gathering a full set of experiments into a coherent story, scientists gain more recognition in the system by breaking related work into multiple papers.
Independent international evaluations at universities and research institutes might be the key to rewarding innovation and cutting-edge science more effectively.
Daí vem a nossa presid*nta em cadeia nacional na véspera da abertura da copa e diz um monte de &%$ difíceis de tragar e comprovar. Vejam o que escrevi em outro lugar:
ResponderExcluir"Lindo discurso, D. Dilma. Se é verdade que foram investidos R$1,7 trilhões em educação e saúde, não sei. A verdade é que esse $ nunca chegou aqui (a verba da FAPEGO, por exemplo, vem do CNPq desde 2008 e isso nunca mudou ou melhorou; não existe uma agência de pesquisa genuinamente goiana, o q afeta diretamente a saúde de nossos cidadãos goianos). Já vi equipamentos novos pelo chão há mais de 6 meses (não só em Goiás), deteriorando-se porque algumas instituições federais não receberam permissão para contratar recursos humanos... Nem vou falar da educação. Nem vou falar de nossos reagentes retidos na alfândega. Nem vou falar da minha carta que enviei pros EUA em janeiro e nunca saiu dos correios da Bahia. Ah, e o que isso tem a ver com educação? Reflitam = analfabetismo funcional: os funcionários públicos brasileiros, que ganham muito acima da média nacional, não sabem ler inglês e nós, que sabemos, somos prejudicados pela ignorância alheia. Apenas pra dar um exemplo. Tive que traduzir um projeto em inglês pra português, pra enviar pra Comissão de Ética, porque esta não sabe ler inglês... Na Holanda, na Itália, na Bélgica, no Japão, na China, na Suíça e na Alemanha, cuja língua oficial e majoritária não é o inglês, isso não acontece... A verdade é que nosso governo gasta o equivalente a uma educação finlandesa para termos uma educação "pública" nigeriana; e gasta o equivalente a uma saúde sueca para termos uma saúde "pública" haitiana. #prontofaleicansei!" Já tentei dar aulas no CNA de Salvador (passei em todos os testes: escrita, oral, aula-teste, psicológico, entrevista etc), mas a escola fechou porque não formou turma (em pleno ano da tal falada "vinda de turistas estrangeiros para a Copa")... já tentei dar aulas de inglês até de graça (rs), pra melhorar o nível de nossas discussões científicas de artigos, mas ninguém quer saber de nada, até pra isso as pessoas encontram dificuldades...
Ah, agora estão pondo peso maior em cargo administrativo do que em atividades de pesquisa e extensão (é o 3o concurso seguido q eu presto q isso acontece, só neste mês). Um professor me confiou que a maioria das pessoas tira ZERO nesse quesito (há 1 coordenador pra cada 100 candidatos) e isso levanta suspeitas sobre o tipo de pessoa que querem escolher - alguém que "já está lá dentro", por exemplo... Quando eu penso q consegui melhorar e satisfazer as exigências da banca, aí mudam as regras do jogo, no meio do jogo. Eu já não entendo mais nada.
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