Melanoma
é a forma mais letal de câncer de pele.
Ele se desenvolve através de mutações acumuladas em genes críticos para
a sobrevivência em melanócitos. Muitos são os fatores de risco para o seu
desenvolvimento, mas o mais relevante é a exposição aos raios solares,
particularmente a luz ultravioleta B (UVB). Ela incide na epiderme atingindo
diretamente os melanócitos. Esta irradiação promove alterações em seu DNA (Hiromietal,2011) além de inflamação em queratinócitos (Fisher D. E. Flaherty K.T., 2011. Isto
já é um consenso e todos conhecem a importância de proteger-se de raios UV para
evitar o desenvolvimento de câncer. O que ninguém comenta é o efeito da UV na
lesão já estabelecida.
O
principal problema do câncer é a propensão das células tumorais em desenvolver metástase.
Metástase é definida como lesões tumorais detectadas em órgãos distantes de um
tumor primário. O melanoma ganha potencial metastático já no inicio da
progressão, dando ao tumor um caráter mais agressivo (Barnhill, RL,2004). Para que a disseminação
tumoral seja realizada, é necessária a formação de novos vasos, um processo conhecido
como angiogênese em que células inflamatórias estão intimamente envolvidas (Sarah
E.Jet al 2013). Além da angiogênese, um fator que aumenta o
desenvolvimento de metástases é o angiotropismo, o qual se dá pela afinidade e
ocupação dos tumores à região perivascular (Lugassy C, 2006).
Mas o
que causa esta progressão metastática?
Neste
ano, Bald e colaboradores, usando um modelo transgênico de camundongo capaz de
mimetizar a doença em humanos, observaram que repetidas irradiações UVB em
melanoma já estabelecido, provocou metástase para o pulmão sem afetar o
crescimento primário do tumor. Este efeito foi dependente da secreção da
proteína HMGB1 por queratinócitos expostos a UVB. Esta proteína secretada recrutou
e ativou neutrófilos via TRL4-MyD88. Após a sua ativação, neutrófilos
secretaram TNF-α e este cenário favoreceu a angiogenese e o angiotropismo.
Quando
neutrófilos foram depletados ou o recrutamento de neutrófilo dependente de
HMBG1 foi inibido, houve uma diminuição de melanócitos em torno do vaso
sanguíneo, demonstrando que a resposta inflamatória neutrofílica dependente de
HMGB1 é um importante mecanismo para o angiotropismo e metástase.
Desta
forma, Bald et al demonstraram que
UVB induziu inflamação em queratinócitos do microambiente tumoral provocando o
recrutamento de células do sistema imune inato, principalmente de neutrófilos.
Este recrutamento neutrofilico resultou em uma resposta inflamatória favorável
ao processo angiogênico além de promover
habilidade de angiotropismo nos melanomas, culminado em metástase.
Este
trabalho evidenciou a necessidade de investigações mais aprofundadas dos
mecanismos que controlam a interação entre melanoma e células endoteliais para
o delineamento de novas estratégias de tratamento da progressão metastática.
Figura 1 . Esta
figura demonstra a radiação UV provocando liberação de HMGB-1 nos
queratinócitos, a qual iniciará o processo inflamatório neutrofílico via
TLR-4/Myd88. Uma vez no ambiente tumoral, o neutrófilo produz TNF-α, o qual irá
estimular a capacidade migratória da celular tumoral em relação a matriz
extracelular e a região perivascular, além disso o TNF-α também induz
angiogênese. Angiotropismo combinando a angiogênese contribuem para a metástase
induzida pela radiação UV. Coffelt SB, De visser K, 2014.
Este
trabalho evidenciou a necessidade de investigações mais aprofundadas dos
mecanismos que controlam a interação entre melanoma e células endoteliais para
o delineamento de novas estratégias de tratamento da progressão metastática.
REFERÊNCIAS
1. Hiromi, N., Nakano, H.,
Matsuzaki, Y., Sawamura, D., &Hanada, K. (2011). Immunohistochemical
analysis of in vivo UVB-induced secretion of IL-1α and IL-6 in keratinocytes.
Molecular Medicine Reports, 4(4), 611-61
2. Fisher D.E. Flaherty K.T.(2011) Clinical
Cancer Research, New
strategies in metastatic melanoma: Oncogene-defined taxonomy leads to
therapeutic advances 17 (15) , pp. 4922-4928.
3. Barnhill, RL. Pathology of Melanocytic Nevi and
Malignant Melanoma.2nd ed. Springer; New York: 2004.
4. Sarah E.J. Chambers, Christina L.
O’Neill, T. Michelle O’Doherty, Reinhold J. Medina, Alan W. Stitt (2013). The
role of immune-related myeloid cells in angiogenesis. Immunobiology 218 (2013) 1370–1375.
5. Lugassy C, Vernon S.E., Busam K., Jean A.
EngbringJ.A.,Welch, Poulos EG, Kleinman HK, Barnhill R.L., Angiotropism of
Human Melanoma: Studies Involving In Transit and Other Cutaneous Metastases and
the Chicken Chorioallantoic Membrane: Implications for Extravascular Melanoma
Invasion and Metastasis. Am J
Dermatopathol. 2006 June ; 28(3): 187–193.
6.
Bald T, Quast T, Landsberg J, Rogava M, Glodde N, Lopez-Ramos D, Kohlmeyer J, Riesenberg S, van den Boorn-Konijnenberg D, Hömig-Hölzel C, Reuten R, Schadow B, Weighardt H, Wenzel D, Helfrich I, Schadendorf D, Bloch W, Bianchi ME, Lugassy C, Barnhill RL, Koch M, Fleischmann BK, Förster I, Kastenmüller W, Kolanus W, Hölzel M, Gaffal E, Tüting T. Ultraviolet-radiation-induced
inflammation promotes angiotropism and metastasis in melanoma. Nature 2014 Mar 6; 507(7490):109-13.
7. Coffelt
SB, De visser K. (2014) Inflammation
lights the way to metastasis, Nature,
vol 507.
Post de Paulo e Denise (FMRP/USP-IBA)
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