Há 12 anos Rescigno
e colaboradores (2001) mostraram pela primeira vez que células dendríticas
(DCs) CD11c+ intestinais emitiam protrusões capazes de penetrar e
atravessar por entre as células do epitélio intestinal, atingindo assim o
lúmen, podendo capturar bactérias ou antígenos luminais. Trabalhos posteriores
ainda mostravam que essas DCs CD11c+ eram capazes de emitir
dendritos transepiteliais (TEDs) por todo o intestino delgado mesmo no estado
estacionário, porém após a infecção por Salmonella,
o número de TEDs era maior no íleo terminal (Chieppa et al., 2006). Três anos mais
tarde, alguns trabalhos identificaram que essa população de DCs CD11c+
poderia ser dividida em duas populações diferentes, uma CD11cHi
CD103+ CD11b+ CX3CR1- e outra CD11cInt
CD103- CD11b+ CX3CR1+, classificadas a partir
de então como DCs verdadeiras (por expressarem CD103) e macrófagos residentes
(por expressarem CX3CR1), respectivamente (Schulz et al., 2009; Bogunovic et al., 2009; Varol et al., 2009). Foi observado também
que os macrófagos residentes CX3CR1+ eram as células CD11c+ responsáveis
por emitirem os TEDs (Rescigno,
2010; Scott
et al., 2011) mostrados
anteriormente por Rescigno
e colaboradores (2001), e que as células dendríticas CD103+ eram
as únicas capazes de migrarem da lâmina própria para o linfonodo mesentérico
(MLN) e ativarem linfócitos, pois expressavam CCR7 (Bogunovic
et al., 2009; Scott
et al., 2011; Semmrich et al., 2012). Foi visto ainda que ativação
dessas DCs CD103+ na lâmina própria era dependente de receptores do
tipo Toll (Chieppa et al., 2006). Porém, até então não
se sabia exatamente como as DCs CD103+ capturavam antígenos
bacterianos no intestino.
O artigo publicado recentemente na Immunity por Farache e
colaboradores (2013) mostrou que durante a infecção por Salmonella, DCs CD103+ da
lâmina própria são recrutadas para o epitélio intestinal, dependente da
ativação de toll e da produção de
quimiocinas (tanto por células do epitélio, quanto por células imunes, de
origem hematopoiéticas). O grupo observou ainda que, além dos macrófagos
residentes CX3CR1+, já descritos pela capacidade de emitirem TEDs, as
DCs CD103+ também são capazes de estenderem protrusões que atravessam
o epitélio intestinal e atingem o lúmen para capturar bactérias e antígenos
luminais de maneira independente do macrófago residente CX3CR1+
(figura abaixo). As DCs CD103+ expressam CCR7, que permite sua
migração para os MLNs, onde acontece a apresentação dos antígenos capturados e
a ativação de células T. A partir dessa descoberta, podemos afirmar que tanto
os macrófagos residentes CX3CR1+ quanto as células dendríticas CD103+
são aptas a emitirem protrusões que atravessam o epitélio para capturar e
fagocitar bactérias luminais.
Post de Aline Sardinha e Denise Sayuri (FMRP-IBA)
Aline e Denise
ResponderExcluirGostei do post de voces....voces sabiam que Julia Farache e' brasileira? Escrevi sobre ela aqui no Blog
http://blogdasbi.blogspot.com/2012/03/porque-sim.html
Obrigada, Professor Sergio! Que legal, não sabia sobre a Julia Farache! Muito bom saber que a primeira autora de um trabalho tão bonito é brasileira! Parabéns pela publicação!
ResponderExcluirAbraço,
Aline.