domingo, 12 de maio de 2013

Journal Club IBA: Células dendríticas CD103+ emitem dendritos intraepiteliais e capturam bactérias no lúmen intestinal



Há 12 anos Rescigno e colaboradores (2001) mostraram pela primeira vez que células dendríticas (DCs) CD11c+ intestinais emitiam protrusões capazes de penetrar e atravessar por entre as células do epitélio intestinal, atingindo assim o lúmen, podendo capturar bactérias ou antígenos luminais. Trabalhos posteriores ainda mostravam que essas DCs CD11c+ eram capazes de emitir dendritos transepiteliais (TEDs) por todo o intestino delgado mesmo no estado estacionário, porém após a infecção por Salmonella, o número de TEDs era maior no íleo terminal (Chieppa et al., 2006). Três anos mais tarde, alguns trabalhos identificaram que essa população de DCs CD11c+ poderia ser dividida em duas populações diferentes, uma CD11cHi CD103+ CD11b+ CX3CR1- e outra CD11cInt CD103- CD11b+ CX3CR1+, classificadas a partir de então como DCs verdadeiras (por expressarem CD103) e macrófagos residentes (por expressarem CX3CR1), respectivamente (Schulz et al., 2009; Bogunovic et al., 2009; Varol et al., 2009). Foi observado também que os macrófagos residentes CX3CR1+ eram as células CD11c+ responsáveis por emitirem os TEDs (Rescigno, 2010; Scott et al., 2011) mostrados anteriormente por Rescigno e colaboradores (2001), e que as células dendríticas CD103+ eram as únicas capazes de migrarem da lâmina própria para o linfonodo mesentérico (MLN) e ativarem linfócitos, pois expressavam CCR7 (Bogunovic et al., 2009; Scott et al., 2011; Semmrich et al., 2012). Foi visto ainda que ativação dessas DCs CD103+ na lâmina própria era dependente de receptores do tipo Toll (Chieppa et al., 2006). Porém, até então não se sabia exatamente como as DCs CD103+ capturavam antígenos bacterianos no intestino.
O artigo publicado recentemente na Immunity por Farache e colaboradores (2013) mostrou que durante a infecção por Salmonella, DCs CD103+ da lâmina própria são recrutadas para o epitélio intestinal, dependente da ativação de toll e da produção de quimiocinas (tanto por células do epitélio, quanto por células imunes, de origem hematopoiéticas). O grupo observou ainda que, além dos macrófagos residentes CX3CR1+, já descritos pela capacidade de emitirem TEDs, as DCs CD103+ também são capazes de estenderem protrusões que atravessam o epitélio intestinal e atingem o lúmen para capturar bactérias e antígenos luminais de maneira independente do macrófago residente CX3CR1+ (figura abaixo). As DCs CD103+ expressam CCR7, que permite sua migração para os MLNs, onde acontece a apresentação dos antígenos capturados e a ativação de células T. A partir dessa descoberta, podemos afirmar que tanto os macrófagos residentes CX3CR1+ quanto as células dendríticas CD103+ são aptas a emitirem protrusões que atravessam o epitélio para capturar e fagocitar bactérias luminais. 

 Post de Aline Sardinha e Denise Sayuri (FMRP-IBA)

2 comentários:

  1. Aline e Denise
    Gostei do post de voces....voces sabiam que Julia Farache e' brasileira? Escrevi sobre ela aqui no Blog
    http://blogdasbi.blogspot.com/2012/03/porque-sim.html

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  2. Obrigada, Professor Sergio! Que legal, não sabia sobre a Julia Farache! Muito bom saber que a primeira autora de um trabalho tão bonito é brasileira! Parabéns pela publicação!
    Abraço,
    Aline.

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