Durante o curso de Biologia do Parasitismo promovido
pela USP em conjunto com o MBL e FAPESP, o qual já foi reportado aqui no Blog
da SBI (aqui),
presenciamos apresentações de trabalhos importantíssimos para Parasitologia,
mas muito além, relevantes para o entendimento do sistema imune e seus mecanismos
de ação.
Interessante, o grupo da Dra. Judith Allen
(University of Edinburgh), também presente no curso, demonstrou que macrófagos
murinos iniciam uma rápida proliferação em diversos tecidos (vide Figura) para
aumentar a densidade da população celular, ao invés de serem recrutados do
sangue (Jenkins
et al., 2011). Este mecanismo inflamatório ocorre
durante lesões relacionadas com a resposta do tipo Th2, que promove a ativação alternativa de macrófagos e
polarização para o perfil M2, que é fundamental para o reparo de danos
teciduais e controle da infecção por helmintos (Thomas et al., 2012). O modelo utilizado nestes estudos
foi o implante cirúrgico do nematoda Brugia malayi em camundongos. A cirurgia em si já é um
fator que leva a um acúmulo de macrófagos na cavidade peritoneal, mas o perfil inflamatório
só é mantido após a infecção pelo verme. Um componente fundamental deste perfil
inflamatório do tipo Th2 é a interleucina 4 (IL-4), pois apenas o inóculo de
IL-4 exógena é suficiente para iniciar o acúmulo de macrófagos residentes na
cavidade peritoneal por meio de auto-renovação.
Prosseguindo
as investigações sobre os mecanismos pelos quais os macrófagos são ativados e
regulados, Ruckerl et al., 2012 utilizaram o mesmo modelo de indução de macrófagos
M2 in vivo e identificaram a expressão diferencial de micro-RNAs. Demonstraram
que miR-378-3p foi especialmente induzido por IL-4 e revelaram uma via de
sinalização dependente de IL-4R/PI3K/Akt. A inibição desta via de sinalização mostrou
que Akt e os processos down/upstream a essa molécula são importantes
para a ativação alternativa de macrófagos e são essenciais
para proliferação de macrófagos dependente de IL-4 in vivo.
Desta
maneira, fica a pergunta: o que mais os vermes podem nos ensinar?
Randolph, G., Science 2011
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