A
pele constitui o maior órgão do corpo humano e a primeira linha de defesa
contra patógenos, assim como contra danos físicos e químicos. É composta por
duas camadas principais: epiderme e derme, sendo que em cada região existem
tipos celulares distintos. São encontrados diferentes subtipos de células
dendríticas na pele, dentre as quais, as células de Langerhans (LCs) constituem
o principal subtipo presente na epiderme e pode ser identificada pela expressão
das moléculas: MHCII+CD11c+CD11b+EpCAMhiCD103-F4/80+,
além de expressarem a molécula langerina em camundongos e CD1a em humanos.
As
LCs desempenham diversas funções e já foram descritas sua atuação na imunidade
antimicrobiana, na reação de dermatite de contato alérgica, assim como na
indução da tolerância. Elas são capazes de auto-renovação, resistem à radiação,
originam-se de um precursor mieloide (CD45+CD115+CD11b+CX3CR1+)
que migra para a epiderme principalmente durante o período embrionário. O
desenvolvimento das LCs maduras depende da expressão de TGF-β e de ligantes de
M-CSFR. Apesar de terem capacidade de auto-renovação, quando ocorre sua depleção
durante processo inflamatório na pele, a repopulação acontece a partir de
precursores derivados de monócitos, os quais migram para a epiderme dependente
da expressão de CCR2, CCR6 e M-CSFR. Interessante, o surgimento das LCs
acontece próximo aos folículos pilosos, fato observado por Gilliam
et al. em 1998. A partir daí,
passou-se a suspeitar da possível contribuição dos folículos pilosos na
migração das LC para a epiderme.
Utilizando-se
diversos modelos animais, Nagao
et al. demonstraram a existência de pré-LCs na epiderme, originadas de
precursores mieloides LysM+ e Gr-1hi, e não dos
precursores CX3CR1+ descritos anteriormente, e que supostamente estariam
envolvidos na repopulação das LCs na epiderme. A partir da análise da expressão
de quimiocinas pelos queratinócitos presentes nas diferentes regiões do
folículo piloso, observou-se a predominância da produção de CCL1 e CCL2 na
região do istmo, CCL20 no infundíbulo e epiderme interfolicular, e CCL8 na
região do bulbo supra-basal. Esta última quimiocina foi associada à regulação
negativa da migração das LCs para a epiderme, impedindo um infiltrado excessivo
de LCs naquele local.
Por
fim, o trabalho mostrou que na ausência da estrutura do folículo piloso, havia
uma pequena população de LCs na epiderme, comprovando que estas estruturas são
essenciais portas de entrada destas células na epiderme. A mesma observação foi
realizada em humanos a partir da análise de amostras de pacientes com alopecia areata
e líquen plano pilar, doenças caracterizadas por intensa inflamação no folículo
piloso com perda reversível ou irreversível de pêlos, respectivamente. A
elucidação dos mecanismos envolvidos na repopulação das LCs na epiderme e a
participação dos folículos pilosos nesse fenômeno contribuem no entendimento da
dinâmica celular na epiderme e destaca a importância dos folículos pilosos não
somente como estruturas associadas à produção de pêlos.
Figura 1. Esquema
representativo da produção de quimiocinas por queratinócitos das diferentes
regiões dos folículos pilosos e que atuam no recrutamento dos precursores das
LCs para a epiderme (Heath
& Mueller, 2012).
Post
de Luana Soares e Marcel Trevisani.
Nenhum comentário:
Postar um comentário