As células T reguladoras têm sido
amplamente estudadas em diferentes contextos e seu papel no controle da
resposta imune em humanos e camundongos é claro. O mecanismo de funcionamento
do fator de transcrição FOXP3 (principal indutor de sua atividade), no entanto,
é menos claro, parecendo ser um pouco diferente em humanos do que tem sido observado
em camundongos.
O peptidase inhibitor 16 (PI16) foi encontrado expresso de maneira predominante nas nTreg e não nas células T efetoras, e portanto foi proposto como um novo marcador fenotípico de superfície para as células nTreg, confirmando estudos prévios que propunham este marcador.
Sabe-se que FOXP3 pode interagir com
outros fatores de transcrição, aos quais principalmente suprime sua ativação (1, revisado aqui), levando a uma
diversidade de populações de Treg, com atividade supressora capaz de manter a
homeostase em diferentes contextos inflamatórios (2).
Interação de FOXP3 com outros fatores de transcrição, e seu papel na atividade das Treg. (From: Y Gao et. al. Genes and Immunity (2012) 13, 1-13) |
Complicado? Espera só.
A pesquisa em células Treg tem acompanhado as tendências de observação ampla de coisas, algumas já comentadas aqui no blog (3, 4) levando à obtenção de toneladas de dados, que em
todo caso ajudam a corroborar (ou não...) observações anteriores, e propor novos
conceitos e linhas de pesquisa, mesmo que às vezes a comunidade científica
demore (porém cada vez menos) em digerir a quantidade de informação obtida
neste tipo de estudos (não assim a indústria, mas isso e outro assunto).
Em um artigo publicado recentemente por Simon Barry e
colaboradores na Journal of Immunology
(5), em que os pesquisadores fizeram um escrutínio de genoma completo em nTreg isoladas e
expandidas de sangue de cordão umbilical humano para identificar sítios de ligação
do FOXP3 com outros genes mediante arranjos de imunoprecipitação da cromatina,
os autores identificaram muitas! coisas novas. Vou ver se consigo passar a
mensagem.
Primeiro, eles encontraram 8308 regiões genômicas únicas
(7012 delas associadas a genes, 5579 com pelo menos uma região de interação com
o FOXP3), onde potencialmente poderia agir o FOXP3, diretamente com a seguinte sequencia
alvo: [(A/G)(C/T)(A/C)AA(C/T)A]. (encontrada
usando o algoritmo bioinformático WEEDER).
Como esperado, estes genes estão envolvidos
na proliferação, ativação e controle da morte celular em linfócitos T durante a
resposta imune e também em doenças inflamatórias e autoimunes. Também houve representação
nesses genes alvo, de moléculas envolvidas na resposta a sinalização pelo TCR e
citocinas imunomoduladoras, fatores de crescimento, e fatores de transcrição como AP-1, BCL6, HAML (família Runx), HNF1, MYBL, NFAT, OVOL, PAX2, PRDF (família PRDM1/Blimp1),
e STAT5.
Além disso, foram encontrados sítios de interação do
FOXP3 com regiões codificadoras para os miR: mir-155, mir-21,
mir-22, e mir-142.
Os autores ainda comparam a expressão desses
genes em nTreg em repouso ou ativadas... e depois comparam o genoma de nTreg
murinas com o de nTreg humanas, mostrando pelo menos 4037 genes que estavam
diferencialmente associados á região de ligação do FOPX3 entre humano e murino,
com uma interseção de “apenas” 888 genes alvo.
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