Cada vez mais trabalhos têm
mostrado que os receptores da imunidade inata não “trabalham” individualmente,
frente à infecções bacterianas. Ao contrário, uma resposta amplificada, capaz
de eliminar um patógeno eficientemente, necessita da interação de receptores e
moléculas de uma mesma família ou de famílias distintas dos PPRs. Um exemplo
disso está no trabalho recentemente publicado na Cell e postado aqui pelo Dario
Zamboni, mostrando a contribuição da via TLR4-TRIF-IFN-I na ativação do
inflamassoma NLRP3, durante a infecção por bactérias Gram negativas.
Nesse sentido, um trabalho publicado pelo
grupo do Dr. Fabio Re, (PLoS Pathog 7(12): e1002452. doi:10.1371/journal.ppat.1002452) mostra que a bactéria Burkholderia pseudomallei, causadora da doença melioidose, induz a
ativação dos inflamassomas NLRC4 e NLRP3, os quais desempenham um papel
protetor não redundante para conter a infecção. Utilizando um modelo murino de
melioidose, os autores demonstraram que o inflamassoma NLRP3 é responsável pela
produção de IL-1b e IL-18, enquanto que o NLRC4 induz piroptose,
ambos dependentes de caspase-1 e necessários para controlar a infecção. No
entanto, camundongos NLRC4-/- são altamente susceptíveis à infecção
e apresentam uma produção elevada de IL-1b (mediada
por NLRP3). Surpreendentemente, a IL-1b mostrou
ser deletéria na melioidose, em parte, devido ao recrutamento excessivo de
neutrófilos, que por não expressarem NLRC4 e, consequentemente, não sofrerem piroptose,
tornam-se permissivos à replicação intracelular, resultando no aumento da carga
bacteriana.
Dessa forma, podemos notar que durante
uma infecção bacteriana, duas plataformas formadas por NLRC4 e NLRP3 são
geradas, desempenhando papéis não redundantes durante a infecção por Burkholderia pseudomallei. O intrigante
nesse caso é que a mesma caspase-1 recrutada por plataforma distintas pode exercer
papéis deletérios ou protetores à mesma infecção, sendo que a conversa entre
NLRP3 e NLRC4 se torna fundamental para o balanço entre os mesmos.
Carina Buzzo
Doutoranda do Laboratório de
Imunologia Molecular
Centro de Terapia Celular e Molecular
- UNIFESP
Nenhum comentário:
Postar um comentário