quinta-feira, 14 de junho de 2012

Linfócitos B e imunidade inata??



Quando falamos em células B, pensamos logo na produção de anticorpos, apresentação de antígenos, produção de citocinas (IFN-g, IL-6, IL-10). Outras células B, as  “Bregs”, produtoras de IL-10, desempenham outras funções importantes na regulação imune (clique aqui). Neste sentido, Rauch e col. [Science 2012 (aqui)] descreveram uma nova população de células B efetora, que protege contra a sepse. Mostraram células MHCII+B220+CD19+ produtoras de GM-CSF no baço de camundongos C57BL/6, após administração de LPS.

Sabia-se que apenas os macrófagos, mastócitos, células endoteliais e fibroblastos produziam GM-CSF, mas recentemente mostrou-se que as células T também o produzem [aqui]. GM-CSF desempenha importante papel na resposta imune inata, atuando na maturação de células dendríticas, na ativação e sobrevida de macrófagos, neutrófilos e eosinófilos, além de auxiliar na diferenciação de macrófagos alveolares e células iNKT. A produção de GM-CSF por células com fenótipo B220+CD19+MHCII+GM-CSF+IgMhighCD23lowCD43highCD93+IgDlow CD21lowCD138+VLA4highFFA1highCD284+CD5int foi confirmada por Western Blot, RT-PCR e por imunohistoquímica. Estas células foram denominadas “células B ativadoras da resposta inata” (do inglês, IRA- innate response activator) devido à produção de GM-CSF.

Para caracterizar funcionalmente a célula B IRA in vivo, os autores utilizaram modelo de parabiose entre camundongos CD45.1 com CD45.2. Após a administração de LPS, foi observada a presença de células B IRA CD45.2 no baço de camundongos CD45.1 e vice-versa, sugerindo que tais células podem se diferenciar a partir de células B circulantes (B1-B) . Além disso, como LPS é ligante de TLR4, os autores confirmaram que tais células são ativadas por essa via.

Para verificar a importância funcional das células B IRA, os autores utilizaram modelo de sepse (por CLP- cecal ligation and puncture) em camundongo WT e GM/µMT (deficiente de células B e GM-CSF).  Os resultados mostraram que após a indução de sepse, os animais GM/µMT morriam antes das primeiras 48 horas, com neutrofilia, leucopenia, IL-1β e TNF-α no peritônio. Além disso, os neutrófilos eram incapazes de fagocitar. Em adição, foi observado um intenso infiltrado inflamatório no fígado e pulmão desses animais GM/µMT, acompanhado por grande quantidade de bactéria no peritônio e sangue. Conclui-se assim que as células B IRA são importantes na resposta imune inata e, nesse caso, controlam a sepse devido à sua produção de GM-CSF.

Post de Gustavo Rocha Garcia – FMRP/Iba.

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