segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Organelas celulares na reposta antiviral



Fonte: Viral Defense: It Takes Two MAVS to Tango.

A imunidade à vírus é um assunto extremamente interessante que, devido à importância dos surtos de infecções virais, vem ganhando muito espaço ultimamente nos “high impact journals”.

Esse ano a Cell publicou um trabalho belíssimo que descreve a importância dos peroxisomas na sinalização para uma resposta viral.

Já sabíamos que o reconhecimento intracelular de vírus de RNA ocorre por meio de receptores RIG-I-like (RLRs), que são helicases solúveis que detectam material genético viral. Entre os RLRs bem caracterizados, estão as proteínas RIG-I e MDA-5, que reconhecem RNA de fita dupla e sinalizam via uma molécula adaptadora chamada MAVS (ou IPS-1), para a produção de interferon do tipo I.

Interessante que MAVS tem um domínio transmembrana, fica ancorada na mitocôndria celular e recruta os RLRs que foram ativados por RNA viral. Isso por sí já é fantástico, visto que ilustra que as organelas celulares podem participar de vias de transdução de sinal. Geralmente os esquemas simplistas contidos nas revisões nos levam a pensar que as vias de transdução de sinal ocorrem isoladas e em um grande “buraco negro”chamado citoplasma.

Além do papel da Mitocôndria, o trabalho do John mostra que os Peroxisomos tem função importante na sinalização por RLRs durante uma resposta anti-viral. MAVS fica ancorada nos peroxisomas e induz uma primeira ativação rápida a partir dessa organela. Posteriormente, uma resposta mais duradoura ocorre a partir do MAVS ancorados nas mitocôndrias. Assim, o trabalho ilustra não somente que organelas celulares participam das vias de sinalização, mas também que essas organelas não são somente “metabólicas”, mas participam efetivamente da resposta imune contra patógenos.
Belo, não? Baseado nesse artigo e no nosso congresso de 2010, alguém se anima a estudar imunidade a vírus? Sem dúvida é uma área super importante e que pouca gente estuda no Brasil.

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