domingo, 13 de abril de 2014

JOURNAL CLUB IBA: IL-21 PROMOVE LESÃO TECIDUAL APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL


O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo. Durante a reperfusão do tecido cerebral infartado, vários leucócitos acumulam-se na lesão e contribuem para o dano tecidual secundário. Dentre eles, foi demonstrado que os linfócitos T contribuem para a fase aguda da lesão cerebral de maneira independente do reconhecimento antigênico (Kleinschnitz et al., 2010). Tentando desvendar quais mediadores produzidos pelos linfócitos T são relevantes para a lesão, Clarkson e colaboradores encontraram que a IL-21 – uma citocina secretada pelas células T é capaz de ativar vários subtipos de linfócitos, macrófagos e células dendríticas – parece ser uma molécula-chave.
A expressão da IL-21 está associada à rejeição aguda de órgãos, como rim, coração e fígado (Baan et al., 2007; Hecker et al., 2009; Xie et al., 2010). Uma vez que o transplante de órgãos envolve a reperfusão de tecidos isquêmicos, Clarkson e colaboradores hipotetizaram que a IL-21 também poderia estar envolvida no dano cerebral pós-isquêmico. Utilizando um modelo de isquemia cerebral focal transitória, os autores demonstraram que a IL-21 está superexpressa no cérebro após sua reperfusão e que as células T CD4+ são as principais responsáveis por sua produção. Além disso, camundongos nocautes para IL-21 apresentaram áreas infartadas menores, melhora da função neurológica e redução no acúmulo de linfócitos após 24 horas do processo de isquemia/reperfusão. Ainda, o tratamento de camundongos selvagens com um antagonista da IL-21 (mIL-21R Fc) antes ou após a indução da isquemia cerebral focal transitória minimizaram os danos cerebrais. Isso porque a IL-21 produzida pelas células T CD4+ induz a expressão de ATG¨6 (relacionada à autofagia celular) em neurônios, levando à sua morte massiva e, consequentemente, à exacerbação do dano tecidual local (Figura 1).
Este trabalho sugere que a IL-21 pode ser relevante para o desenvolvimento das lesões cerebrais provocadas após o AVC em humanos, consistindo em um potencial alvo terapêutico.

Papel de IL-21 no AVC. Durante o processo de reperfusão pós-isquêmica, múltiplas ondas de células inflamatórias chegam rapidamente até a região afetada, dentre elas os linfócitos TCD4, que, ao infiltrarem no tecido cerebral, produzem grandes quantidades de IL-21. Esta citocina, em especial, interage com seu receptor fisiológico, altamente expresso em neurônios, induzindo o aumento de expressão de ATG6 e, consequentemente, o aumento do processo de autofagia, culminando em aumento do dano tecidual local.

Post de Marcela Davoli e Juliana Toller (Doutorandas – FMRP/USP- IBA)



Nenhum comentário:

Postar um comentário