terça-feira, 8 de outubro de 2013

Mais um novo insight sobre a apresentação de antígenos lipídicos via CD1!!!!


Mais um importante artigo vem ajudar a esclarecer o complexo e intricado processo de apresentação de antígenos lipídicos próprios e exógenos na resposta imunológica. Classicamente, se sabe que antígenos lipídicos podem ser apresentados via moléculas CD1a, CD1b e CD1c para linfócitos T; e via moléculas CD1d são apresentados usualmente para células NKT.  Há poucos dias o grupo do Dr. Godfrey, em uma publicação na Nature Immunology (aqui), identificou e caracterizou uma população de linfócitos T gama/delta que possuem autoreatividade para moléculas CD1d, e que estes podem ser modulados pela apresentação de alfa-GalCer. Apesar dos linfócitos T gama/delta terem sido descrito a cerca de 25 anos, os processos envolvidos no reconhecimento antigênico via seu TCR ainda permanecem com várias lacunas.  Este estudo demonstrou que humanos possuem um repertório diverso de linfócitos T gama/delta com a capacidade de se ligar a CD1d, o qual é modulado de forma dependente do tipo de antígeno que está sendo apresentado. Além disso, levando-se em consideração que linfócitos T gama/delta possuem localização preferencial na mucosa, este estudo abre novas perguntas sobre o papel da apresentação de antígenos lipídicos via CD1d, quais outros lipídeos podem ser apresentados no mesmo contexto e quais patologias associadas a mucosa podem ser mediadas por este processo. Vale a pena a leitura para quem gosta deste assunto!




4 comentários:

  1. Kelly,

    Muito interessante o post e o paper!

    Não é linfócito T gama/delta, mas na edição mais recente da Nature Med. saiu um paper legal também que identifica o primeiro glicolipídeo de fungo (A. fumigatus) a ser reconhecido por células iNKT de forma dependente de CD1d, e que essa ativação leva a hipersensibilidade das vias aéreas. Legal que foge um pouco da "mesmice" dos PRRs hehe

    Abs
    Pedro

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  2. Oi Pedro! Obrigada! Eu vi este artigo! Muito interessante mesmo, e cada vez mais estão saindo bons artigos mostrando que a apresentação de antígenos lipídicos pode ter um papel bem mais importante do que imaginávamos nas respostas imunológicas em patologias! E realmente abrem outros enfoques saindo um pouco dos mega estudados PRRs :)
    Abs
    Kelly

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  3. Super interessante seu post e o artigo, Kelly! Coincidentemente, no exato momento da publicação do seu post, eu estava falando do papel das DCs como ponte entre imunidade inata e adaptativa, vacinas e imunoterapia contra o câncer, na reunião anual da PG-Imuno UFBA (falei das 14h30 às 15h10, aproximadamente). E dentre outros mecanismos, o papel destas células na apresentação de antígenos lipídicos via CD1 (a, b, c, d e ), inclusive antígenos autólogos (VLDL, por exemplo). Sou fã dessa molécula desde 2003, quando comecei meu doutorado, há 10 anos. Ficava preocupado com a escassez de bibliografia (exceto sobre M. tuberculosis) sobre o tema em humanos para explicar meus dados, apesar de ser a primeira molécula do quadro dos CDs a ser descrita, e o alfa-gal-cer como único glicolipídio ligante de CD1d conhecido até o momento, mas encontrado em esponjas marinhas... (Brigl & Brenner, grupo da Harvard University, Annual Review of Immunology, 2004). Por motivos alheios à minha vontade, tive que mudar de ares, mas ainda sonho poder publicar os dados obtidos (rs). Penso que o estudo mais aprofundado destas moléculas e sua interação com outros mecanismos celulares, moleculares e intracelulares contribuirão para o avanço na pesquisa e desenvolvimento de vacinas mais eficazes para doenças que ainda não as possuem, como as causadas por protozoários (ex: Chagas, malária, leishmaniose, etc), cujo metabolismo lipídico parece ser importante para a patogênese. Esse metabolismo lipídico a que me refiro, na minha humilde opinião, vai além de PRRs, TLRs e metabólitos do ácido araquidônico e dos corpúsculos "lipídicos", que são importantes sim, mas não os únicos e exclusivos lipídios com potencial imunogênico/tolerogênico e/ou inflamatório/anti-inflamatório. Temos muito que conversar, blogar e trabalhar, hehehe...

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  4. Olá João, muito obrigada pelos comentários! Realmente a literatura sobre CD1 no passado era mais restrita, mas nos últimos anos tem crescido cada vez mais o número de artigos publicados nesta área, e por grupos muito bons. Acredito que as vias de apresentação de antígenos lipídicos estão envolvidas em muito mais processos celulares e imunológicos importantes do que se imagina. E é aí que a gente entra, quem gosta do tema tem que conversar, trocar idéias, e fazer brainstorms sobre assunto e trabalhar muito! :) Abs

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