terça-feira, 15 de outubro de 2013

E ai Professor? Hoje é o seu dia!


 
 
           
             Parabéns a todos professores !
Sinto-me feliz em poder usar o nosso Blog para refletir o papel do professor no curso superior.
A verdade é que não existe professor perfeito, somos apenas parte de um sonho inacabado. Outro dia, quase sem querer, acabei ouvindo a coversa entre dois imunologistas cariocas, um deles trabalha em São Paulo. Foi engraçado, pois o do Rio dizia que não conseguia mais dar aulas na graduação e que atualmente é impossível explicar o linfócito T CD4+ para as turmas. Posso afirmar que as aulas deles são ótimas. Com certeza, muitos outros professores também enfrentam o mesmo problema e conversas como aquela se repetem em muitos departamentos das universidades brasileiras.
As variáveis para alcançarmos o professor ideal são inúmeras e modificam-se drasticamente entre uma geração e outra de estudantes, que sempre exigirá um aperfeiçoamento. Quando alguém entra na carreira universitária encontra, desde o mestrado, passando pela livre-docência e concursos para titular, desafios à sua capacidade de ensinar e de comunicação. Portanto, é pouco provável que alguém consiga fazer pesquisa em uma universidade pública sem exercer atividades de ensino.

Há um problema sério no desenvolvimento da carreira de professor no curso superior: toda avaliação é quase sempre feita quantitativamente para a atividade de ensino e qualitativamente para a atividade de pesquisa. À vista disso, existe uma preocupação maior do professor com a atividade de pesquisa do que com a atividade de ensino.  Isso é preocupante, mas não dá para ser diferente, sabendo que o elemento essencial da avaliação docente será o Currículo Lattes. Precisamos ver se estão corretos os métodos que temos utilizado para avaliação de professores em sua relação com o ensino e pesquisa.

De volta para a conversa dos dois imunologistas citados anteriormente, a nova realidade encontrada nas salas de aulas exige do professor uma superação que envolve competências como sólida formação teórica e prática, extraordinária energia dedicada à atualização, interpretação dos fatos e carisma durante o enfrentamento de conflitos. A sociedade brasileira poderia ajudar, valorizando o saber e por tabela os professores.  

Como qualquer coisa, frequentemente – e previsivelmente – se encerra ao fim de um período dourado, devido às forças adversas do novo e necessidade de “auto-reinvenção”, o constante desafio de se colocar para o aluno de forma nova e atraente. Há várias maneiras de fazer isso:

·         Aperfeiçoe seu carro-chefe (preparo de aulas e seminários, linhas de pesquisa, leitura de artigos científicos, etc), como o Windows da Microsoft;

·          Cheque lá através da inovação, como um professor tipo Sony;

·         Mantenha uma vantagem através da tecnologia, como a Gillete ou a Intel (nunca é tarde para aprender novas técnicas imunológicas);

·         A Toyota e a Nissan  queriam crescer entrando no mercado de carros de luxo, mas não tinham certeza da adequação de suas marcas. Criaram o Lexus e Infinit com esse objetivo. Eis aí uma re-invensão para você, já fui chamado de professor Gancho (referência ao capitão de um navio), hoje sou um receptor qualquer para uma citocina, hormônio ou uma IgE,  por exemplo; 

·         Idolatre o deus da qualidade (para dar aulas e fazer experimentos) e você poderá esticar seu período dourado mais e mais. Veja o exemplo da Harley Davidson, Motorola e da Perua Kombi;

·          Quando você não pode mudar seu produto (aulas/resultados de pesquisas) – como a Coca-Cola – assegure-se que seu marketing convence seus alunos de que sua marca, embora inalterada, ainda é relevante para suas vidas em mutação (alguém precisa contar as estrelas);

·         Talvez você precise só de acréscimos  - como CNN, depois CNN Headline News, depois CNN International;

É preciso autodesafio e reinvenções constantes. Embora nem tudo funcione da primeira vez.

Um amigo que está em NY me disse outro dia – você pode se voltar ao amor esquecido, talvez ao primeiro amor, que ideia ótima, estou brincando de novo com o sistema de mucosas.

 Preciso ir agora, hoje é o meu dia e recebi pelo correio (voltou a funcionar) a última edição do “Fundamental Immunology do Willian E. Paul”!


Referências:

1-      A Universidade (Im)possível – Jacques Marcovitch. Sâo Paulo. Futura. 1998.

2-      Esta (in)decisão é definitiva – Barry Gibbons. São Paulo. Nobel. 1997.     

Phileno Pinge Filho - Universidade Estadual de Londrina


3 comentários:

  1. Excelente post, professor Phileno!
    Essas analogias representam muito bem o cotidiano de professor-pesquisador, mas também precisamos aplicá-las a todas as nossas tarefas... a plasticidade garante a adaptação e consequentemente, a evolução!
    Mesmo com pouquíssima experiência didática, ja me pergunto como estão e como estarão as aulas em um futuro próximo, onde os alunos já tem ou já terão seus tablets e smartphones com livre acesso à internet, e consequentemente, facebook e outras distrações "mais interessantes"...
    Como fazer para garantir que a tecnologia disponível seja bem aproveitada enquanto estivermos ensinando sobre células futuróides apresentando antígenos para linfócitos Th99?

    Bom, Feliz dia do Professor a todos!

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  2. Adorei seu post, Phileno... E aproveitando o momento, quero desejar um feliz dia do professor a todos... Porém, já que estamos "brincando" de analogias, meu feliz dia do professor vai especialmente pra você... Nas suas aulas, assim como a LEGO, você foi construindo, peça por peça, a imunologia para sua platéia estudantil. E dessa "brincadeira" toda, me apaixonei pela disciplina e resolvi seguir adiante com a imunologia... E como diriam por essas terras, merci beaucoup!!!

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  3. Oi Gustavo, oi Fabrine, obrigado pelas palavras carinhosas de vocês, gostei do Th99 e do Lego.
    Grande beijo para vocês. Eu estou bastante preocupado, a situação dos alunos sem aula no Rio de Janeiro por exemplo, os baixos salários dos professores e a intransigência dos governantes são os desafios atuais. Espero dias melhores para a educação.

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