quarta-feira, 22 de maio de 2013

CD52-Siglec-10, mais uma forma de inibir a resposta de células T


Num recente trabalho publicado online na revista Nature Immunology (1), o grupo de pesquisa liderado pelo Leonard Harrison, da Australia, descreve um novo marcador de células T reguladoras. Os autores geraram múltiplos clones de células T CD4 humanas específicas para GAD65 e descobriram que uma minoria de esses clones ativados teve atividade supressora na ausência de contato célula-célula, o que não podia ser atribuída a fatores supressores solúveis já conhecidos. Incluindo o fenótipo CD4+Cd25+Foxp3+. A atividade supressora foi atribuída á produção de CD52 solúvel, que se liga em Siglec-10.

Os autores marcaram células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de doadores saudáveis, com CFSE e incubaram essas células durante 7d com GAD65, e então, classificaram as células T que tinham dividido (CFSEdim), fazendo diferentes “gates”, correspondentes às frações do 5%, 10% ou 20% que mais expressavam ou o restante 80% com a menor expressão do CD52, dentro das células T CD4 + que não dividiram. Assim, separaram por “sorting”, diferentes clones com atividade supressora antígeno-específica de GAD65, 24 deles, de um total de 329, apresentando alta expressão de CD52 (Figura).



Essas células suprimiram a resposta proliferativa de células TCD4 autólogas específicas para TT que haviam sido previamente geradas a partir de um ensaio de proliferação com o TT e posterior sorting das células que respondiam. As células CD4+CD52hi específicas para GAD65 também produzem IL-17 em resposta a estimulação antigênica, e possuem uma baixa expressão de CD25, Foxp3 e CTLA4 que não é diferente daquela observada nas células CD4+CD52lo, mas expressam mais IL-17R, GITR, CD127 e CD24.

Por outro lado, as células CD4+CD45RA+D25+(rTreg) e CD4+CD45RO+D25+ (aTreg), não diferem quanto a sua expressão de CD52, quando comparadas às células CD4 naives ou ativadas. Além disso, o pre-tratamento com anticorpos anti-CD25 não prejudicou a geração das células supressoras CD4+CD52hi. Ainda, a análise de metilacão da região promotora do gene de Foxp3, mostrou diferenças importantes entre estas células e as rTreg

Essas células poderiam estar implicadas na patogênese da diabetes, como já tinhas ido sugerido previamente  pelos autores (2), e confirmado por experimentos do presente trabalho, onde PBMC de pacientes com DM tipo 1 mas (não com DM tipo 2), apresentam deficiência nesta população de células. Ainda, a injeção intravenosa de células CD45+CD52hi retrasa o desenvolvimento de diabetes em um modelo de camundongos RIP.B7/NOD.SCID, que expressam constitutivamente CD80 nas células beta pancreáticas. Não assim a transferência de células depletadas de CD4+CD52hi, que acelerou o desenvolvimento da doença. E este fenótipo se repete em camundongos NOD irradiados que receberam as mesmas células.

Experimentos posteriores mostraram que é o CD52 solúvel (e não o contato entre as células supressoras e as efetoras), que inibe a ativação de células T, por inibir a fosforilação de ZAp70 e lck, proteínas chave do complexo TCR. O efeito é dependente do Siglec-10, uma vez que o tratamento prévio com anticorpos específicos para este receptor inibe o efeito supressor do CD52 solúvel. Como também inibe esse efeito, a modificação estrutural dos carbo-hidratos presentes no CD52 (tratamento prévio do CD52 recombinante solúvel com PNGase ou neuraminidase) .

Neste caso as implicações terapêuticas tal vez sejam aprendidas de forma inversa, uma vez que já existe no mercado um medicamento especifico para inibir o CD52 (usado na terapia de LMC), o uso deste medicamento poderia levar ao desenvolvimento de doenças autoimune, o que de fato está demonstrado nos estudos aleatorizados com alemtuzumab (3). Por outro lado, a terapia com agonistas poderia ser promissória, em casos de DM de tipo 1 pelo menos...

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