sexta-feira, 31 de maio de 2013

Imunidade Anti-Saliva no This Week in Parasitology





No último mês, Vicent Racaniello e Dick Despommier publicaram no This Week in Parasitology (http://www.twiv.tv/2013/05/19/twiv-233-were-surrounded/), um post e podcast em seu Blog um comentário sobre um artigo de cientistas brasileiros publicado no PNAS em 2008 (http://www.microbeworld.org/podcasts/this-week-in-parasitism/archives/1386-twip-53-anti-saliva-immunity). 

This Week in Parasitology é um podcast sobre parasitas eucariotas, onde Racaniello, que é virologista, e Despommier, parasitologista, discutem sobre parasitos de uma forma acessível a todos, independentemente da formação científica.

Despommier comenta que selecionou o artigo do nosso colega Regis Gomes pois gostaria de discutir a relação que parasitas estabelecem entre seus hospedeiros definitivos e intermediários. Os pesquisadores iniciam a discussão com uma linguagem fácil e muito didática sobre o parasito e as formas clínicas da leishmania.

Para aqueles que não conhecem o trabalho de Gomes e colaboradores, o estudo testa se as proteínas da saliva do flebótomo protegem contra o desenvolvimento da leishmaniose visceral usando o hamster como modelo da doença. Os autores mostram que a imunização de hamsters com DNA plasmidial codificando proteínas da saliva evita que os animais morrem decorrente da infecção. O controle da infecção foi decorrente da baixa parasitemia associada aos altos níveis de IFN-gama e NOS nos hamisters vacinados comparados aos não vacinados.

Regis Gomes é hoje bolsista Jovens Talentos do programa Ciências sem Fronteiras do CNPq e está de volta Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz-FIOCRUZ.

Vale a pena lembrar que a líder do grupo de pesquisa é uma das colaboradoras do SBlogI, Cláudia Brodskyn.

Gomes R, Teixeira C, Teixeira MJ, Oliveira F, Menezes MJ, Silva C, de Oliveira CI, Miranda JC, Elnaiem DE, Kamhawi S, Valenzuela JG, Brodskyn CI. Immunity to a salivary protein of a sand fly vector protects against the fatal outcome of visceral leishmaniasis in a hamster model. Proc Natl Acad Sci U S A. 2008 Jun 3;105(22):7845-50.

Gomes R, Oliveira F. The immune response to sand fly salivary proteins and its influence on leishmania immunity. Front Immunol. 2012;3:110.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Modulação de CD14: um alvo terapêutico promissor

...É o que dizem os autores deste estudo publicado na Science Translational Medicine de Maio. Neste artigo, cuja idéia central é de que a modulação de CD14 pode se tornar um importante alvo terapêutico no tratamento de infecções, os pesquisadores do grupo de Mario Labéta do Instituto de Imunidade e Infecção da Escola de Medicina na Universidade de Cardiff identificaram regiões importantes em TLR2 para a interação com CD14 e geraram peptídeos correspondentes a estas regiões. Estes peptídeos foram capazes de aumentar diversos dos parâmetros analisados, tais como: produção de citocinas inflamatórias, recrutamento de células fagocíticas e clearance de bactérias. O mais interessante porém, foi a capacidade destes peptídeos de resgatar a produção de quimiocinas a partir de células do sangue de pacientes sépticos. Como se sabe, os leucócitos destes pacientes tornam-se desensitizados para ligantes de TLRs e, portanto, hiporesponsivos a novas infecções. A estimulação do sangue total destes pacientes com ligantes de TLR2 e TLR4 na presença de dois destes peptídeos aumentou substancialmente a liberação de IL-8 e MCP-1. Estes resultados sugerem que a modulação da afinidade de CD14 por seus ligantes poderia ser utilizada como estratégia terapêutica não só em infecções bacterianas, mas também em infecções virais onde outros TLRs têm participação.

Abraço e bom feriado!
Leo

terça-feira, 28 de maio de 2013

Eosinophils have the healing touch

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Retirado de Heredia e colaboradores, Cell, 153, 2, 376-388, 2013



Um post rápido devido à correria da semana ... Destaque na Nature Immunology (Research Highlights, Nature Immunology, 14, 535, 2013) para o artigo publicado na Cell, 153, 2, 376-388, 2013. O artigo mostra que após lesão muscular há um recrutamento de eosinófilos para o local da lesão. A IL-4 produzida pelos eosinófilos, assim como outras citocinas Th2 como a IL-13, teriam ações em células progenitoras fibro/adipogênicas residentes no tecido muscular favorecendo sua proliferação e diferenciação em miócitos e inibindo a  adipogênese.   É um trabalho impactante porque revela ações nunca dantes pensadas para o eosinófilo !!! Para mim foi o destaque da última semana !!!

Abraço

Josiane

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Saindo da primeira classe: linfócitos T CD8+ reconhecem epítopos restritos a MHC II


Um grupo do Vaccine and Gene Therapy Institute and Oregon National Primate Research Center publicou na última sexta-feira um trabalho na Science descrevendo a indução de linfócitos T CD8+ que reconhecem epítopos não canônicos de SIV restritos a MHC classe II. A façanha foi alcançada utilizando citomegalovírus (CMV) recombinante expressando gag para imunização de macacos Rhesus.  Os animais apresentaram resposta de linfócitos T CD8+ incapazes de reconhecer os epítopos imunodominantes e subdominantes clássicos que são normalmente induzidos quando outros vetores como DNA, adenovírus, vaccínia ou o próprio SIV são utilizados. No entanto, a resposta induzida por CMV foi muito mais ampla. Utilizando peptídeos truncados, células expressando alelos de MHC classe II, bem como anticorpos para bloqueio de MHC classe I e classe II o grupo demonstrou que em torno de 60% dos epítopos de gag reconhecidos pelos linfócitos T CD8induzidos pelo CMV eram restritos a MHC classe II e altamente promíscuos. Notavelmente, estes linfócitos foram capazes de reconhecer células infectadas com SIV.  A incapacidade de induzir resposta contra os epítopos canônicos foi correlacionada com a expressão do gene Rh189 de CMV. Além disso, o vetor utilizado no protocolo de imunização era deletado de Rh157.5, Rh157.4 e Rh 157.6 e a ausência destes genes foi correlacionada com a capacidade de indução de resposta contra os epítopos não canônicos restritos a MHC classe II.  Conceitualmente, o trabalho sugere a possibilidade de manipulação de vetores para indução de respostas mais amplas e promíscuas por vacinas recombinantes. Resta saber como, exatamente, estes genes interferem com o processamento e apresentação de antígenos para linfócitos T CD8+.



Para quem quiser ler o trabalho, segue o link


Boa semana!

Jonatan Ersching
USP/Unifesp - São Paulo

domingo, 26 de maio de 2013

Journal club IBA: Succinato é um sinal inflamatório: a influência do metabolismo na imunologia






        Tannahill e colaboradores publicaram em março desse ano na nature um artigo que faz com que os imunologistas abram os olhos para tentar relacionar o metabolismo celular com a resposta desencadeada pelo LPS. Não é novidade que a ativação do TLR-4 em células apresentadoras de antígeno (APCs), faz com que ela não só produza citocinas pró-inflamatórias, mas também passe a utilizar principalmente a glicólise como fonte de energia, diminuindo drasticamente o consumo de oxigênio, mesmo que este esteja disponível no meio. De uma maneia muito interessante o trabalho mostra a importância de produtos do metabolismo celular, como o succinato, na resposta a lipopolissarídeos (LPS) e a produção de IL-1beta.
             Há alguns anos foi demonstrado que após ativação por LPS, macrófagos apresentam aumento de uma proteína importante para que a glicólise ocorra, o Fator 1alpha induzido por hipóxia (HIF-1alpha) (Blouin, C.C et al., 2004). E já se sabia também que tal proteína era essencial para produção de citocinas pró-inflamatórias após a indução de sepse por LPS (Peyssonnaux, C. et al., 2007). Porém, essa via, bastante incomum para os imunologistas, envolve mais proteínas do que a ativação de TLR levando a expressão de HIF-1alpha e o aumento da produção de IL-1beta.
       A grande “sacada” do trabalho foi a descoberta de que a ativação por LPS em macrófagos provoca aumento do succinato por duas vias alternativas, a entrada e a degradação da glutamina e do neurotransmissor GABA na mitocôndria. O succinato em excesso faz com que HIF-1alpha seja superexpressa por inibição da proteína prolil hidroxilase (PHD), responsável pela sua degradação, e assim o HIF-1alpha atua como fator de transcrição não só para enzimas responsáveis pela glicólise, mas também da citocina IL-1beta. Um trabalho bastante interessante que fez com que muitos imunologistas precisassem retirar o livro de bioquímica do armário.

Post de Maria Cláudia da Silva e Marcel Trevisani (FMRP-IBA)

sábado, 25 de maio de 2013

Seminário para Autores – “Como publicar um artigo nos periódicos Cell Press”





       
          A Editora Elsevier e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) promoveram, no dia 16 de maio de 2013, o seminário para autores “Como publicar um artigo nos periódicos Cell Press”, com o editor científico do periódico Immunity (Cell Press), Dr. Bruce Koppelman.
           Durante o seminário, foram apresentados os títulos, dados e fatos históricos do Cell Press; diferentes métricas para avaliação dos periódicos; os vários aspectos do processo de publicação; dicas e procedimentos para que um artigo seja aceito no periódico; e ética de publicação para autores.                      
         No total, mais de 120 estudantes de pós-graduação e pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto participaram do Seminário. O Prof. João Santana da Silva, professor da FMRP-USP, ressaltou “O seminário foi excelente. Todos os colegas com quem discuti tiveram a mesma opinião. Os estudantes de pós-graduação aproveitaram muito, ficaram empolgados e perguntaram sobre a possibilidade de outros eventos similares. A nossa Faculdade está aberta para possíveis futuros eventos em associação com a Elsevier”.
            Para visualizar a apresentação realizada durante o seminário: 

Post de Ana Luisa Maia (Gerente de Marketing Elsevier).