terça-feira, 5 de abril de 2011

Ser ou não ser – mãe e cientista – the sweet insanity of trying to do it all



Tenho conversado sobre este assunto com vários e várias cientistas, daqui e de fora. As estrangeiras se admiram muito com a quantidade de mulheres na imunologia brasileira – me perguntam com frequência se é mais fácil para a mulher trabalhar nesta área no Brasil.

Puxa, não acho nada fácil. Todas queremos excelência no trabalho, mas queremos também ter filhos felizes (e de preferência permanecer femininas e bem cuidadas). Mas e a culpa? Dá pra fazer uma coisa direito sem arruinar irremediavelmente a outra?

Em outubro de 2009 eu assisti em Boston um simpósio fantástico de Fronteiras em Cancer Biology, organizado pelo Robert Weinberg e pela Elizabeth Blackburn. Durante o congresso, foi anunciado que ela ganhara o Premio Nobel de Medicina naquele ano, por seu trabalho com a telomerase.

Foi muito emocionante – ela ficou até o fim, sua conferencia era a de encerramento. Mas ela ainda achou tempo pra almoçar com participantes do congresso e falar sobre um tema que a apaixona – a conciliação de seu amor pelo trabalho com a decisão de ter uma família. Com o apoio do marido.

Achei esta entrevista online em que ela fala exatamente o que falou para nós, mulheres cientistas, naquele almoço. Ao dissecar conscientemente seus sentimentos de amor e culpa relativos a seus dois babies – a filha e a telomerase – Blackburn oferece lucidez no meio dessa confusão, nos conclamando a usar nossa mente cientifica para achar soluções para esse desafio. Afinal, diz ela, todos têm anos em que não estão 100% focados completamente no trabalho, homens ou mulheres, tendo filhos ou não – portanto não faz sentido abrir mão de uma carreira em função disso. Oferece uma solução estatística, com bom humor - se trabalhamos por uns 20-30 anos, na média, podemos contribuir de maneira significativa – e ainda fazer biscoitos. As pessoas – diz Blackburn – vão respeitar você mais ao verem que você se dedica a encontrar o tempo para ficar com seus filhos.

Work Life Balance - Nobel Winner Elizabeth Blackburn's Work Life Balance Story - By Linda Lowen, About.com Guide

You were 37 years old when you became a full professor at UC Berkeley at the same time you found out you were pregnant. Academia and other career fields such as law and medicine seem stacked against women because the childbearing years coincide with the time period in which you're expected to prove yourself by racking up achievements. How did you handle these two big events, and how have you made it all work out?

When I was doing this, there was much less awareness that you can be a serious scientist and have a family. I decided not to have a family for a while, but became pregnant and so the decision was made for me.I didn't realize it would be so hard to have a child and do my research; I didn't think it through.


Women are thinking of this nowadays. In institutions, there's recognition now that the clock will be stopped, there will be time for children, and that there'll be times in a woman's life that she won't be doing [work] alone. If you look at a trajectory of a few decades - the productive years of a woman's life - the time you'll need to spend intensively with the children occurs in batches throughout that period. Getting them into kindergarten is one significant period. Then again in high school attention has to be paid to them.

There are definitely some years where you're not going to be 100% focused on your work. But if you average this out over several decades, say 20-30 years of every productive life, you don't have to sacrifice your career just because you lose a little bit of time here and there. Young women seem to see it as one or the other - the fork in the road.


My recommendation is to think about the fact that family responsibilities come in waves and it does take time; but work also takes time, so you need to decide to be very focused on this. For my husband and I, our lives were work and family and that was it; everything else stopped for a time, and now we're resuming things like going out to dinner or the movies. It wasn't a sacrifice; we love both our family and our work.

Of course you need good support to do this. Use that good science mind, your good problem solving mind, to figure out how you are going to go about this. I learned from all sorts of women, from those who were young to those who - like me - had children later.

It's important to encourage them and demonstrate that this is not impossible to do. The best practical advice I can give is to use your problem solving skills to see what different kinds of solutions there are. It's hard work, but it's okay to have a challenging time.

I bumbled through it like everybody does. I don't think we went to a movie or traveled on vacations. I spent minimal time at conferences and hurried home to be with my family. Of course it's going to be work, and you do find yourself wishing you were in two places at once. Of course the kids do fine; the evidence doesn't bear out that they won't.

You aren't a terrible parent if you aren't there after work every day baking cookies. I baked cookies - not such good ones but I baked. I was helped by the fact that I was a full professor so I attended those child related events that I wanted to be at. People will respect you if you take the time to make time for your children.

We'll always have guilt and stay-at-home moms have it too, although it's a different kind of guilt. We just have to realize we're not doing our children a disservice when we're engaged in our jobs if we are also engaged in them. The media does tend to stereotype women with a one size fits all model, while real examples aren't well represented in the media.

Arrasou, Liz.

4 comentários:

  1. Parabéns às super mulheres que conseguem ser mãe-cientistas/cientista-mãe! Convenhamos que tem que ter muita competência para isto!

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  2. Cris!
    Esse assunto não sai da cabeça da gente à partir dos 30 anos e é ótimo ter o exemplo de mulheres como vocês!
    Amei o texto! Para mim, veio em ótima hora. Parabéns!
    Um beijo da orientanda que muito te admira
    Carol Torronteguy

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  3. Parabéns, Cris! Conseguiste pegar num ponto que preocupa (ou ainda vai preocupar) 99% das mulheres que entram pra ciência. É excelente ter em quem se espelhar. Beijos. Taiane Garcia

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  4. Cris, isto eh algo que esta na minha cabeca nos ultimos anos quase que diariamente. Aqui(sul da Alemanha) tem muitos fatores que influenciam a mulher a nao conseguir conciliar carreia e vida pessoal/maternidade. Eh muito extremo. Ou se acha mulheres que focam 100% no trabalho e portanto esquecem de tudo e ate de si. Nao sao femininas, tornam-se masculinizadas. Ou por outro lado temos a tipica dona de casa dos anos 50. As meninas aqui nao crescem como modelos como temos no Brasil e acham isso tudo muito impossivel. No lugar de oferecerem mais creches para as criancas e assim as mulheres terem condicoes de voltar mais cedo ao mercado de trabalho. O que o governo oferece eh a possiblilidade de ficar ate 3 anos em casa com a crianca e depois voltar ao trabalho. Agora imagina o impacto que isso tem na carreira da mulher. E mais para quem procura emprego e esta na faixa de "possivel mae", muitas vezes eh descartada pois eles temem que a candidata fique em casa por tres anos. Nao da, impossivel para um projeto.
    As pessoas olham feio para quem deixa um bebe na creche antes dos seis meses. A Christiane Nüsslein-Volhard em 2004 fundou um projeto para dar apoio a jovens maes cientistas. Ja eh um comeco.Vamos ver quantos anos vai precisar para mudar a mentalidade dessas mulheres. Beijo e parabens da ex-co-orientada que te admira muito! Flavia

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