quarta-feira, 9 de junho de 2010

Brasil na Nature

A edição de amanhã da Nature traz uma reportagem sobre política científica brasileira. Anna Petherick fez um resumo de algumas discussões da 4a CNCTI (Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação), que aconteceu mês passado em Brasília, e também um apanhado otimista de como anda a nossa ciência (o que sabemos muito bem: aumento no investimento e crescimento nas publicações de artigos).

A jornalista destacou os projetos de lei assinados pelo Presidente Lula durante a conferência, como o de fortalecimento de programas de pós-doutoramento e estabelecimento de três centros de pesquisa da biodiversidade do nosso país.

Investir em centros de excelência e promover incentivos para que empresas multinacionais façam P&D no Brasil foram também citados como metas a constar no dossiê que sairá da conferência.

Vale a pena a leitura não só para saber o que andam dizendo sobre o Brasil em veículos importantes como a Nature, mas também para avaliar se você concorda com os rios nos quais a política científica brasileira pretende navegar no futuro próximo. Achei especialmente curiosa a declaração do Ministro da Ciência & Tecnologia, Sérgio Rezende, que defendeu que alcançamos um ponto em que a CTI brasileira crescerá organicamente. "A próxima pessoa responsável não terá muito o que fazer", disse. Esses políticos...










Lula quer que o investimento em ciência continue após o término de seu mandato. Foto: G. Miranda/Agência O Globo/Newscom

7 comentários:

  1. O comentário da Nature tem um tom positivo que não deve ser negligenciado.
    O importante é que a ciência brasileira continue tendo o poio atual. Sem financiamento não haverá como avançar.

    ResponderExcluir
  2. Concordo plenamente, Barral. Gostei de ver uma reportagem na Nature com tom otimista sobre a nossa ciência.

    ResponderExcluir
  3. Também gostei bastante pessoal do comentário. Minha atual preocupação é que estamos em um ano político. Isso significa que o próximo presidente poderá mudar totalmente o pensamento de investir em ciência. Espero que a ciência no Brasil continue crescendo.

    ResponderExcluir
  4. Valeu, Cris! Certamente é positiva a reportagem destacando o crescimento da ciência no Brasil nos últimos anos. Quem é da comunidade científica brasileira sente isto na pele. Ainda há, porém, uma distância entre o mundo da ciência e a sociedade como um todo e precisamos trabalhar nesta aproximação. Também concordo com você que ainda temos grandes desafios pela frente. Se prestarem atenção, o destaque de crescimento é quantitativo. Positivo, é sim. Mas, precisamos também enfrentar os gargalos para um maior crescimento na qualidade da ciência que fazemos. Como exemplo, podemos citar: investir no aprimoramento da escrita científica, nos delineamentos experimentais, no exercício do pensamento crítico (bancar o advogado do diabo dos resultados e crenças) e criativo. Além de criar estruturas institucionais mais sólidas para a pesquisa de tradução, incluindo propriedade intelectual, e resolver os entraves para a importação de material. Também não podemos nos esquecer de que precisamos criar mais espaços para a inserção do recém-doutores e pós-docs.

    ResponderExcluir
  5. Isso tudo no papel fica lindo. Esse crescimento não chegou em inúmeros lugares do País. Tudo fica mais fácil na USP, Fiocruz, locais financiados por fundações já estabelecidas como FAPESP e/ou do MS. Estamos, nestes locais menores, ainda tendo que para colegas (medíocres) a importância de se fazer pesquisa numa universidade. Como pensar em viabilizar cursos de escrita, palestras de Nobel, etc? Longe da realidade não é?

    ResponderExcluir
  6. GK, entendo a preocupação com o ano eleitoral e os possíveis impactos na nossa ciência, mas acho difícil que os financiamentos sofram cortes, por conta da onda positiva que estamos surfando atualmente. Pode ser otimismo da minha parte, veremos.

    Verônica, todos os pontos que você listou são mesmo críticos, e observo que há movimento da academia brasileira para tentar resolver quase todos os entraves citados.

    "Anônimo", muito bom você ter levantado a questão da concentração do financiamento e produção da nossa ciência. Entendo que há lugares em que as dificuldades são maiores do que em outros, e isso não é peculiaridade do Brasil. No entanto, acredito que não devemos, por conta disso, deixar de falar do quanto a ciência brasileira tem mudado nos últimos tempos. Considerando a juventude da nossa ciência, a taxa de crescimento atual merece sim destaque, a meu ver, mesmo que ainda não tenha atingido igualitariamente todos os estados. Além disso, não podemos deixar de mencionar que existem centros que realizam pesquisa de ponta fora dos eixos tradicionais e que não necessariamente recebem financiamento da FAPESP e/ou MS. PUCRS, Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Instituto Internacional de Neurociências de Natal, Museu Paraense Emílio Goeldi, Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, e por aí vai. Quanto a oferecer cursos de escrita em locais onde as pessoas precisam ser convencidas sobre a importância de se fazer pesquisa, passo a bola para a Verônica.

    Abraços otimistas.

    ResponderExcluir
  7. Cristina me passou a bola, acho que posso fazer mais um comentário.
    “Anônimo”: você tem toda razão em apontar a existência de desigualdades – aliás, sabemos que não é apenas na ciência que elas existem. Não obstante, tem havido um investimento significativo, do governo atual, na descentralização de recursos para a pesquisa e também há investimento dos próprios cientistas buscando parcerias internacionais e nacionais . Veja os exemplos que Cristina citou de centros produtivos e criativos fora do eixo central. Também acredito que o trabalho em rede, em parceria com outros centros de pesquisa, pode ajudar ao crescimento mais equilibrado.

    Mas, concordo com você. Não é fácil não. É um processo. É preciso manter o otimismo e o espírito de luta. Acreditar, identificar as dificuldades, ir atrás de parcerias, ir atrás de informação e de espaços de interlocução. Claro que é importante não perder de vista as dificuldades e gargalos, mas também devemos valorizar as conquistas.

    No ano passado, tivemos uma experiência muito positiva no curso de atualização em imunologia, em Dourados, Mato Grosso do Sul, organizado pela comissão de ensino da SBI. Lá, além de discutir diversos temas de imunologia de interesse dos professores da região, tivemos a oportunidade de discutir seus projetos de pesquisa. Ficamos todos muito animados com aquela ação e até demos o nome de “Caravana da Imunologia”, com a ideia de continuar este tipo de ação em lugares fora dos eixos imunológicos dominantes no Brasil. Lá, falamos também sobre o curso de escrita do Prof. Gilson Volpato que ocorreu na USP no começo deste ano, e vários professores do Mato Grosso do Sul vieram fazer o curso. Aliás, como o Gilson (que considero excelente) não consegue dar curso no Brasil inteiro, estamos planejando, pelo iii –INCT - fazer um video do seu curso e disponibilizar para todo o Brasil. Também recomendo os seus livros que são ótimos.
    São pequenas ações que, a meu ver, somam para o caminhar da Ciência no Brasil.

    Abraços, também otimistas.

    ResponderExcluir