Nas próximas semanas irei escrever textos em nosso blog fazendo algumas reflexões sobre os aspectos que constituem dificuldades para realizarmos uma imunologia de excelência no Brasil. Esse é um tema recorrente em nossas discussões cotidianas e me parece fundamental que seja mesmo. De fato, acho importante que esta discussão seja intensificada e a proposta é que vocês participem com suas opiniões e experiências.
A própria idéia de excelência deve ser o marco inicial desta discussão e será o objeto do próximo texto. O que devemos levar em conta na aferição da qualidade? Aqui nos deparamos com uma gama de critérios objetivos e subjetivos como o índice de impacto das revistas, o número de citações dos artigos que publicamos, os temas abordados, as técnicas utilizadas, a qualidade do texto, a qualidade dos recursos humanos que estamos formando, a qualidade das teses de nossos alunos, como nossas instituições são avaliadas no Brasil e no exterior. Há ainda aspectos mais subjetivos, mas não menos relevantes, como a satisfação que nos dá os artigos que publicamos, como vemos o desenvolvimento de nossas carreiras científicas, o reconhecimento de nosso trabalho pelos pares ou ainda o quanto o nosso trabalho interfere com a transformação da sociedade.
Aqui vai uma tentativa inicial de elencar alguns dos problemas que interferem com a ciência que fazemos e que me parecem recorrentes: instituições engessadas e burocráticas; a (falta de) qualidade dos animais de experimentação; a dificuldade de importação de reagentes; a infra estrutura dos laboratórios; a falta ou ineficiência de setores multiusuários nas instituições; o tempo que nós perdemos com burocracia; o número ainda pequeno de bolsas de pós doutorado; a inexistência de programas de financiamento individual com valores substanciais e de maior duração; a endogenia nas contrações e a falta de mobilidade dos cientistas que uma vez contratados jamais perdem seus empregos; cidades grandes e violentas que dificultam o deslocamento e a ida ao laboratório em horários “alternativos”. Estes e outros pontos serão discutidos nos próximos textos.
Marcelo,
ResponderExcluirSem dúvida este é um importante tema a ser discutido aqui entre os imunológos.
Todos sabemos dos entraves há tempos e temos avançado nada ou quase nada em relação a todos os pontos que você levantou.
Aguardarei os próximos textos e espero que uma reflexão profunda seja feita no sentido de sugerir e organizar mudanças efetivas nos inúmeros "nós" que tem atrasado a excelência científica das áreas biomédicas e outras.
Abços, André
Marcelo, algumas notícias sobre o tema a ser discutido aqui mostra que o país tem se preocupado muito com isso:
ResponderExcluirhttp://www.comciencia.br/comciencia/?section=3¬icia=626
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=3¬icia=625
Abços.
Marcelo,
ResponderExcluirentre vários pontos importantes levantados, comentarei somente sobre instituições engessadas e burocráticas.
Porque os cientistas comprometidos a promoção da excelência não conseguem modificar as suas próprias instituições?
Na verdade, nem conseguimos influenciar os colegiados de pós-graduação. Muitos dos nossos cursos continuam exigindo teses do século retrasado.
No CNPq e na CAPES estão os nossos pares, porque estes valores não se disseminam?
Se não conseguimos influenciar o nosso ambiente acadêmico, como poderemos ter uma voz ativa com ANVISA? com CONEP? etc.
PS.
ResponderExcluire os nossos concursos? há algo mais anacrônico?
e as nossas avaliações????
A mediocridade, baseada na proteção salarial e estabilidade empregatícia, se auto-protege.
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