sexta-feira, 23 de abril de 2010

O que é necessário para fazermos uma ciência (imunologia) de excelência?

Nas próximas semanas irei escrever textos em nosso blog fazendo algumas reflexões sobre os aspectos que constituem dificuldades para realizarmos uma imunologia de excelência no Brasil. Esse é um tema recorrente em nossas discussões cotidianas e me parece fundamental que seja mesmo. De fato, acho importante que esta discussão seja intensificada e a proposta é que vocês participem com suas opiniões e experiências.

A própria idéia de excelência deve ser o marco inicial desta discussão e será o objeto do próximo texto. O que devemos levar em conta na aferição da qualidade? Aqui nos deparamos com uma gama de critérios objetivos e subjetivos como o índice de impacto das revistas, o número de citações dos artigos que publicamos, os temas abordados, as técnicas utilizadas, a qualidade do texto, a qualidade dos recursos humanos que estamos formando, a qualidade das teses de nossos alunos, como nossas instituições são avaliadas no Brasil e no exterior. Há ainda aspectos mais subjetivos, mas não menos relevantes, como a satisfação que nos dá os artigos que publicamos, como vemos o desenvolvimento de nossas carreiras científicas, o reconhecimento de nosso trabalho pelos pares ou ainda o quanto o nosso trabalho interfere com a transformação da sociedade.

Aqui vai uma tentativa inicial de elencar alguns dos problemas que interferem com a ciência que fazemos e que me parecem recorrentes: instituições engessadas e burocráticas; a (falta de) qualidade dos animais de experimentação; a dificuldade de importação de reagentes; a infra estrutura dos laboratórios; a falta ou ineficiência de setores multiusuários nas instituições; o tempo que nós perdemos com burocracia; o número ainda pequeno de bolsas de pós doutorado; a inexistência de programas de financiamento individual com valores substanciais e de maior duração; a endogenia nas contrações e a falta de mobilidade dos cientistas que uma vez contratados jamais perdem seus empregos; cidades grandes e violentas que dificultam o deslocamento e a ida ao laboratório em horários “alternativos”. Estes e outros pontos serão discutidos nos próximos textos.

5 comentários:

  1. Marcelo,

    Sem dúvida este é um importante tema a ser discutido aqui entre os imunológos.

    Todos sabemos dos entraves há tempos e temos avançado nada ou quase nada em relação a todos os pontos que você levantou.

    Aguardarei os próximos textos e espero que uma reflexão profunda seja feita no sentido de sugerir e organizar mudanças efetivas nos inúmeros "nós" que tem atrasado a excelência científica das áreas biomédicas e outras.

    Abços, André

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  2. Marcelo, algumas notícias sobre o tema a ser discutido aqui mostra que o país tem se preocupado muito com isso:

    http://www.comciencia.br/comciencia/?section=3&noticia=626

    http://www.comciencia.br/comciencia/?section=3&noticia=625

    Abços.

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  3. Marcelo,
    entre vários pontos importantes levantados, comentarei somente sobre instituições engessadas e burocráticas.
    Porque os cientistas comprometidos a promoção da excelência não conseguem modificar as suas próprias instituições?
    Na verdade, nem conseguimos influenciar os colegiados de pós-graduação. Muitos dos nossos cursos continuam exigindo teses do século retrasado.
    No CNPq e na CAPES estão os nossos pares, porque estes valores não se disseminam?
    Se não conseguimos influenciar o nosso ambiente acadêmico, como poderemos ter uma voz ativa com ANVISA? com CONEP? etc.

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  4. PS.
    e os nossos concursos? há algo mais anacrônico?
    e as nossas avaliações????

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  5. A mediocridade, baseada na proteção salarial e estabilidade empregatícia, se auto-protege.

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