A celebração do carnaval no Brasil sempre motiva
campanhas públicas sobre os riscos de novas infecções por HIV-1. O
comportamento sexual de risco, incluindo o não uso de preservativos e
relacionamentos sexuais com muitos parceiros, aumenta significativamente a
chance de contaminação. Todavia, além de potencializar novas infecções, tais
comportamentos podem favorecer a infecção de uma mesma pessoa com diferentes
variantes do HIV-1 e gerar novos híbridos do vírus. Os híbridos do vírus são
conhecidos como formas recombinantes circulantes se forem constituídos por pelo
menos dois subtipos geneticamente distintos (A-K) e se
contribuírem significativamente para epidemia mundial da AIDS. Especula-se, há
muito tempo, que essas recombinações poderiam gerar um vírus muito mais
agressivo do que os que deram origem a ele.
Recentemente, pesquisa realizada em Cuba pelo nosso
grupo descreveu uma forma de HIV-1 recombinante circulante chamada de
CRF19_cpx, que é mais agressiva e causa AIDS dentro de três anos após infecção. A pesquisa, que será
publicada na próxima edição da eBioMedicine, descreve o CRF19_cpx, uma forma
recombinante dos subtipos A, D e G, que possui um adaptação evolutiva na região
da protease (subtipo D) levando a alta replicação viral.
O CRF19_cpx utiliza o coreceptor CXCR4 como mecanismo
de entrada nas células do paciente. A maioria das variantes do HIV-1 utiliza preferencialmente
o coreceptor CCR5 e só troca para o coreceptor CXCR4 depois de anos de infecção
latente. O uso do coreceptor de entrada CXCR4 é um mecanismo de escape do vírus
contra a alta produção da quimiocina RANTES pelo hospedeiro, uma molécula de defesa
do sistema imune e um bloqueador natural do coreceptor de entrada CCR5. A
capacidade de utilizar o coreceptor CXCR4 pelo HIV-1 já foi associada anteriormente
a rápida progressão para AIDS.
O HIV ainda é considerado um grande problema de saúde pública,
porém a terapia antirretroviral contribui significativamente para manter os
indivíduos infectados saudáveis. A alta capacidade replicativa viral associada
ao uso do coreceptor de entrada CXCR4, torna o CRF19_cpx uma ameaça concreta ao
controle da epidemia mundial do HIV-1. O rápido comprometimento da saúde dos
indivíduos infectados com está nova forma agressiva do CRF19_cpx pode colocar
os pacientes em novo risco de morte antes mesmo de notarem que estão
infectados.
https://twitter.com/EBioMedicine/status/560394436275097600/photo/1
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352396415000389
https://twitter.com/EBioMedicine/status/560394436275097600/photo/1
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352396415000389
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