As células TCD4+ são
capazes de reconhecer antígenos em células tumorais. No entanto, a maioria
desses antígenos ainda não é conhecida. Um novo estudo descrito na Revista Nature
Medicine (janeiro de 2015) mostra o reconhecimento de peptídeos codificados
por genes mutados no modelo de melanoma humano. Esta estratégia fortalece o
advento de novas terapias dentro do campo da imunoterapia tumoral.
Terapias tumorais baseadas em estratégias
imunológicas como bloqueio de moléculas CTLA-4 e PD-1, utilização de anticorpos
monoclonais e transferência adotiva de células T, curam hoje em dia, pacientes
com cânceres outrora incuráveis. Os mecanismos principais nesse
combate imunológico ao câncer são bem conhecidos. Células TCD4+ e
TCD8+ são ativadas quando seus receptores específicos reconhecem
peptídeos na superfície de células apresentadoras de antígenos como células
dendríticas e linfócitos B. A resposta efetora baseia-se em destruição celular direta
ou produção de citocinas. Cada vez mais se tem procurado por neoepítopos
codificados por genes mutados com o objetivo claro de se criar novas terapias.
Linnemann e colaboradores, descrevem neste trabalho, uma nova metodologia que buscou
neoepítopos em 5 pacientes com melanoma cutâneo metastático rico em mutações
(Figura abaixo).
Figura. Metodologia para expressão de neoepítopos tumorais e mensuração
da resposta por linfócitos TCD4+ com a produção de IFN-γ. O método descrito
consiste primeiramente em purificar e expandir células TCD4+ in vitro. Os DNAs tumorais foram
sequenciados e então, os neoepítopos codificados pelas sequencias mutadas foram
sintetizados. Os peptídeos sintetizados foram incubados com células B derivadas
dos mesmos pacientes portadores dos tumores os quais foram capazes de
apresenta-los às células TCD4+. O reconhecimento dos neoepítopos
leva à secreção de IFN-γ que pode ser detectado por Elisa ou citometria de
fluxo.
A questão inovadora é justamente
como as células B foram expandidas. No modo convencional as células B são
imortalizadas pela infecção com o vírus Epstein Barr. Essa abordagem faz com
que as células TCD4+ também respondam produzindo IFN-y mascarando o
real resultado. Neste novo estudo, as células B foram estimuladas com
retrovírus no sentido de expressar o oncogene BCL-6 (B-cell lymphoma 6 protein) e o
gene antiapoptótico BCL-XL. Os resultados demonstraram a presença de neoepítopos
em 2 de 3 melanomas dos pacientes testados. As células T dos pacientes só
reconheceram os antígenos tumorais e de preferência os neoepítopos das
proteínas nativas não mutadas demonstrando a especificidade requintada dos
linfócitos TCD4+.
Outra descoberta muito promissora
foi a regressão tumoral após a infusão de células T expandidas dos pacientes
cultivadas com os neoepítopos descobertos. O estudo demonstrou que os
neoepítopos são detectados no sangue dos pacientes por semanas e até meses, mas
desapareceram após a infusão das células T. Os cinco tumores estudados por
Linnemann e colaboradores codificaram entre 99 a 582 neoepítopos, no entanto,
eles quantificaram poucas células responsivas nas margens tumorais dentre a
população TCD4+ e TCD8+. Mesmo assim, exemplos
importantes da atuação da infusão de células TCD4+ foram contra as
proteínas NY-ESO-1 superexpressas em células tumorais seguido da cura completa
de pacientes com melanoma metastático e contra proteínas ERBB21P em colangiossarcoma, um tumor de vias biliares. Uma outra
abordagem desta técnica é a aplicação em pacientes com a probabilidade de
doença residual mínima e após cirurgias para remoção tumoral.
Post de Gabriela Oliveira (FMRP/IBA).
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