Figura
1: Esquema representando o mecanismo pelo qual NO aumenta a polarização de
células para o perfil Th9.
O óxido nítrico (NO), também conhecido
por monóxido de nitrogênio e monóxido de azoto é
um gás solúvel, altamente lipofílico que pode ser produzido por três
isoformas de NO sintase, A forma neuronal (nNOS), a forma endotelial (eNOS) e a
forma induzida (iNOS). As formas neuronal e endotelial são responsáveis pela
produção fisiológicas de NO em estado de repouso e a forma induzida, ativada
por uma ampla variedade de estímulos incluindo, LPS liberado durante infecções
por bactérias gram negativas, interferon-γ (IFN-γ), tumor necrosis factor-α
(TNF-α) entre outros (Robbins et al., 1994). O NO é um mediador crucial de
diversas funções biológicas, como vasorelaxamento, agregação plaquetária,
neurotransmissão, atividades microbicidas e tumoricidas e regulação do sistema
imune. Em acordo com estas funções, o NO está associado ao desenvolvimento de
diversas doenças, como é o caso da asma alérgica. Foi observado que pacientes
com algum tipo de inflamação eosinofílica das vias aéreas, como asma,
apresentam altas concentrações de NO no exalado respiratório (Smith et al., 2005;
Barnes et al., 1994) além disso, na presença de estímulos inflamatórios há
aumento na expressão de iNOS em células do epitélio pulmonar de humanos
(Robbins et al., 1994).
O NO também tem sido associado à
capacidade de regular a diferenciação de subtipos de células TCD4+.
Em altas concentrações NO parece ser capaz de inibir a produção de IL-12 por
macrófagos ativados, que indiretamente suprime a expansão de células para o
perfil Th1, por outro lado, em baixas concentrações NO induz a diferenciação
das células para o perfil Th1 por ativar guanilato ciclase solúvel, que leva a
up regulação de cGMP, e esta induz a expressão do receptor de IL-12 (Niedbala
et al., 1999; Niedbala et al., 2005). Nas células T reguladoras, NO foi
reportado como importante indutor de um perfil de células produtoras de IL-10
com capacidade supressora, cujo fenótipo é caracterizado por expressar CD4+
CD15+ e Foxp3-, as denominadas NO-Tregs (Niedbala et al.,
2007). Além disso, o NO também exerce um importante efeito regulando negativamente
a diferenciação de células Th17 por inibir a expressão de AhR e os eventos
downstream a sua ativação, incluindo a expressão de IL-22, do receptor para
IL-23 e do Citocromo p450 (Cyp1a1) (Niedbala et al., 2011). Neste mesmo
trabalho os autores observaram que o NO além de suprimir a diferenciação de
células Th17, também foi capaz de aumentar a expressão de citocinas como IL-24,
IL-22, IL-9 e IL-2. Diante disso, Niedbala e colaboradores demonstraram no seu
mais recente trabalho publicado em Agosto deste ano que em contraste com o
efeito negativo que o NO promove nas células Th17, o NO é capaz de aumentar a
polarização e função das células Th9. O grupo demosntrou que o NO nitrosila
resíduos de cisteína presentes na proteína Mdm2, uma proteína inibidora da p53,
e quando isto acontece há um aumento da expressão da p53 ativa, que por sua
vez, aumenta a produção de IL-2 e ativa eventos downstream, como a fosforilação
de STAT5 e a expressão de IRF4. IRF4 é um fator de transcrição dos genes para
IL-9, Além disso, por mecanismo ainda desconhecido o NO também é capaz de
aumentar a expressão dos receptores para TGF-β (TGF-βR) e IL-4 (IL-4Rα) e assim
promove um mecanismo adicional de amplificação da diferenciação de células Th9.
Estudos in vivo mostraram que a administração de um doador de NO em camundongos
submetidos a indução de alergia com OVA+Alum, apresentam maior infiltrado
celular, maior eosinofilia, maior produção de muco, bem como aumento na
frequência de células TCD4+ IL-9+. Estes dados foram
corroborados utilizando camundongos deficientes de Nos2, mostrando que o NO
endógeno é importante no desenvolvimento de uma resposta Th9 em modelo de
alergia experimental.
Referências:
Barnes, P. J. & Liew, F. Y. Nitric oxide and
asthmatic inflammation. Immunol. Today
16, 128–130 (1995).
Niedbala, W. et al. Nitric oxide induces CD4þCD25þ
Foxp3 regulatory T cells from CD4+CD25+ T cells via p53, IL-2, and OX40. Proc. Natl Acad. Sci. USA
104, 15478–15483 (2007).
Niedbala, W. et
al. Nitric oxide preferentially induces type 1 T cell differentiation by
selectively up-regulating IL-12 receptor beta 2 expression via cGMP. Proc. Natl Acad. Sci. USA 99,
16186–16191 (2002).
Niedbala, W. et al. Regulation of type 17 helper
T-cell function by nitric oxide during inflammation.
Proc. Natl Acad. Sci. USA
108, 9220–9225 (2011).
Robbins, R. A. et al. Expression of inducible nitric
oxide in human lung epithelial cells. Biochem.
Biophys. Res. Commun. 203, 209–218 (1994).
Smith, A. D. et al. Exhaled nitric oxide: a predictor
of steroid response. Am.
J. Respir. Crit. Care. Med. 172, 453–459 (2005).
Post de Paulo e Morgana (FMRP/IBA)
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