Post de Rafael de Liz,
Bolsista BJT/CSF/CNPq.
Possível mecanismo envolvido na asma associada à obesidade (de Kim et al., 2014)
Nas duas últimas
décadas, a prevalência de indivíduos obesos tem chegado a 36% nos Estados
Unidos. Diversas complicações estão diretamente relacionadas à obesidade, tais
como: diabetes do tipo 2, doenças cardiovasculares, esteatose hepática, além de
alguns tipos de câncer. Estudos recentes têm apontado a obesidade como um
importante fator de risco para o estabelecimento do quadro de asma
não-alérgica.
No estudo publicado por
Kim e colaboradores na revista Nature
Medicine (aqui) foi constatado um quadro de hiperreatividade das vias aéreas (airway hyperreactivity - AHR) em
camundongos submetidos a um modelo de obesidade induzida por dieta rica em
gorduras (high-fat diet - HFD). Este
processo parece ser mediado pela ativação do inflamassoma de NLRP3 e pela
produção de interleucina-1b
(IL-1b). Além
disso, a interleucina-17A (IL-17A) parece ser primordial para a indução do
quadro de AHR. De maneira interessante, a IL-17A foi produzida majoritariamente
por células não-T não-B, CD4- linhagem- (Lin-),
com fenótipo similar às innate lymphoid
cells do grupo 3 (ILC3). Este foi o primeiro estudo a demonstrar que as
ILC3, descritas essencialmente no intestino delgado, desempenham também um
papel importante em nível pulmonar.
O estudo demonstrou
ainda que a AHR não ocorreu em camundongos obesos NLRP3-/- ou IL-17A-/-
e parece estar relacionada à produção de IL-1b por macrófagos alveolares do tipo
M1. Além disso, a transferência de células ILC3 para camundongos Rag2-/- e IL-2rg-/- (deficientes em
células T e B) restabeleceu a AHR induzida por IL-1b. Desta forma, a IL-1b parece desempenhar um papel crucial
na ativação das ILC3, uma vez que a administração de um antagonista do receptor
de IL-1 (IL-1ra) inibiu a ativação dessas células, reduzindo a AHR em
camundongos obesos. Além disso, este estudo evidenciou a presença de células do
tipo ILC3 no tecido pulmonar de pacientes asmáticos e demonstrou que estas
foram responsivas à IL-1b.
Desta forma, estes resultados sugerem que o quadro de AHR associado à obesidade
é dependente do eixo ILC3-IL-1b-NLRP3,
que parece ser ativado pelo excesso de nutrientes provindos de uma dieta
hipercalórica.
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