Antes de falar de ciência, ainda em tempo de ventos alemães, quero lembrar que na semana passada, antes da derrota brasileira e da conquista do campeonato pelos alemães, andei ouvindo a música "Wind of Change" (Vento da Mudança) de 1990, da banda alemã de rock Scorpions, que não sai do meu iPod. Klaus Meine, o vocalista, inspirou-se nos "Ventos de Mudança" (que "sopram direto na cara do tempo") que atingiam a Europa, com a Guerra Fria terminando, o desmantelamento da ex-URSS e a reunificação alemã em 3 de outubro de 1990, após a queda do Muro de Berlim. Estive em Berlim em 3 de outubro de 2007, agora feriado nacional, durante o meu doutorado sanduíche, e pude sentir um pouco desses ventos e da atmosfera mágica no Portão de Brandenburgo, como a festa que deve estar sendo realizada neste exato momento em que escrevo este post, após a chegada dos campeões do futebol.
A música retrata alguns aspectos da vida alemã, inclusive a influência soviética, principalmente no lado oriental do país. E também aspectos da vida que o mundo seguiria adiante, que imagino eu, dariam lugar ao que chamamos atualmente de globalização, como nos trechos: "o mundo está se aproximando, e você já imaginou que poderíamos ser tão próximos, como irmãos? O futuro está no ar, posso senti-lo em todo lugar, soprando com o vento das mudanças. Leve-me à magia do momento em uma noite gloriosa, onde as crianças do amanhã sonham com o vento da mudança descendo as ruas e memórias distantes são enterradas para sempre. (...) Deixe sua balalaika cantar o que minha guitarra quer dizer".
E o que isso tem a ver com um blog de Ciência e/ou Imunologia? Além dos mais de 100 laureados com prêmios Nobel, gostaria de ressaltar que temos algo a aprender com esse povo. Falando primeiro de futebol, vejo que reproduzimos uma prática impensada pelos alemães: o imediatismo, do tudo ao mesmo tempo agora. O que os alemães nos ensinaram com a vitória no Brasil é que tudo que é feito com planejamento, dedicação, esforço e persistência (desde que da forma correta), está fadado ao sucesso. Pois a Alemanha campeã de hoje também não foi, assim como o Brasil de 2014, campeã em casa, em 2006. Eles começaram a se preparar desde então. Não acredito por exemplo, que a simples mudança de técnico trará um título para o Brasil no curto prazo de 4 anos. Acredito que, apesar do 7x1, a equipe brasileira evoluiu em relação às 2 últimas copas, pois chegou às semifinais, o que não acontecia desde 2002, quando foi campeão pela última vez. Outras mudanças sérias e de efeito a longo prazo são necessárias e urgentes, caso se queira chegar a algum resultado de fato. E o mesmo se poderia dizer da ciência brasileira (como vou explicar com mais detalhes nas recomendações a seguir). Gosto muito do Neymar e admiro seu futebol. Mas não gostei de sua aventura filosófica (área em que os alemães também são doutores, como Marx, Engel, Schiller, Goethe etc) de que encara "treino como jogo e jogo como guerra". Acho que foi infeliz nesse termo que os alemães conhecem muito bem. Pois superaram 2 guerras e hoje é essa potência que todos conhecem. Talvez, os deuses do Olimpo também não tenham gostado de sua declaração e deu no que deu, pois as palavras têm poder.
Deveríamos aproveitar e ter aproveitado melhor o fato de 2013-14 ser o ano da Alemanha no Brasil (http://www.alemanha-brasil.org/). Já que a Alemanha soube se aproveitar muito bem do período que seus filhos (Burle-Marx, Langsdorff etc) andaram pelo Brasil (e não estou falando só de futebol). O próprio Oswaldo Cruz já recebeu prêmios dos alemães, em Berlim, lá nos idos de 1907 (http://www.museudavida.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1927&sid=319), por seus trabalhos sobre febre amarela e malária, entre outros; sendo um dos fatores que contribuíram para a renomeação do Instituto Soroterápico Federal para Instituto Oswaldo Cruz. Os próprios jogadores alemães citaram Garrincha como uma de suas influências. E o próprio Klaus Meine, que citei acima, também já se inspirou na música brasileira e cantou em vários shows pelo mundo, a partir de 1994, a música de 1942 "Ave Maria do Morro", de Herivelto Martins. Em espanhol, é claro, porque senão seriam 8x1... "Wind of Change" é a música alemã mais baixada/comprada em todos os tempos, no mundo todo.
Agora sim, como prometido, e continuando o texto do blog iniciado em 23/06/2014 (aqui), retomo trechos do final da parte I, para contextualizar o atual, e prossigo com recomendações sugeridas pelos cientistas estadunidenses para resolução dos problemas enfrentados atualmente. É importante que os cientistas brasileiros tenham em mente que há diferenças entre o sistema de pesquisa estadunidense e o brasileiro, além das peculiaridades inerentes a um país em desenvolvimento, como os problemas de logística, a carga de impostos, corrupção, atrasos na alfândega, importação de bens industrializados e exportação de matérias-primas com baixo valor agregado, entre outros. Problemas que os estadunidenses já resolveram há séculos. Na medida do possível, e quando necessário, serão abordados.
A música retrata alguns aspectos da vida alemã, inclusive a influência soviética, principalmente no lado oriental do país. E também aspectos da vida que o mundo seguiria adiante, que imagino eu, dariam lugar ao que chamamos atualmente de globalização, como nos trechos: "o mundo está se aproximando, e você já imaginou que poderíamos ser tão próximos, como irmãos? O futuro está no ar, posso senti-lo em todo lugar, soprando com o vento das mudanças. Leve-me à magia do momento em uma noite gloriosa, onde as crianças do amanhã sonham com o vento da mudança descendo as ruas e memórias distantes são enterradas para sempre. (...) Deixe sua balalaika cantar o que minha guitarra quer dizer".
E o que isso tem a ver com um blog de Ciência e/ou Imunologia? Além dos mais de 100 laureados com prêmios Nobel, gostaria de ressaltar que temos algo a aprender com esse povo. Falando primeiro de futebol, vejo que reproduzimos uma prática impensada pelos alemães: o imediatismo, do tudo ao mesmo tempo agora. O que os alemães nos ensinaram com a vitória no Brasil é que tudo que é feito com planejamento, dedicação, esforço e persistência (desde que da forma correta), está fadado ao sucesso. Pois a Alemanha campeã de hoje também não foi, assim como o Brasil de 2014, campeã em casa, em 2006. Eles começaram a se preparar desde então. Não acredito por exemplo, que a simples mudança de técnico trará um título para o Brasil no curto prazo de 4 anos. Acredito que, apesar do 7x1, a equipe brasileira evoluiu em relação às 2 últimas copas, pois chegou às semifinais, o que não acontecia desde 2002, quando foi campeão pela última vez. Outras mudanças sérias e de efeito a longo prazo são necessárias e urgentes, caso se queira chegar a algum resultado de fato. E o mesmo se poderia dizer da ciência brasileira (como vou explicar com mais detalhes nas recomendações a seguir). Gosto muito do Neymar e admiro seu futebol. Mas não gostei de sua aventura filosófica (área em que os alemães também são doutores, como Marx, Engel, Schiller, Goethe etc) de que encara "treino como jogo e jogo como guerra". Acho que foi infeliz nesse termo que os alemães conhecem muito bem. Pois superaram 2 guerras e hoje é essa potência que todos conhecem. Talvez, os deuses do Olimpo também não tenham gostado de sua declaração e deu no que deu, pois as palavras têm poder.
Deveríamos aproveitar e ter aproveitado melhor o fato de 2013-14 ser o ano da Alemanha no Brasil (http://www.alemanha-brasil.org/). Já que a Alemanha soube se aproveitar muito bem do período que seus filhos (Burle-Marx, Langsdorff etc) andaram pelo Brasil (e não estou falando só de futebol). O próprio Oswaldo Cruz já recebeu prêmios dos alemães, em Berlim, lá nos idos de 1907 (http://www.museudavida.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1927&sid=319), por seus trabalhos sobre febre amarela e malária, entre outros; sendo um dos fatores que contribuíram para a renomeação do Instituto Soroterápico Federal para Instituto Oswaldo Cruz. Os próprios jogadores alemães citaram Garrincha como uma de suas influências. E o próprio Klaus Meine, que citei acima, também já se inspirou na música brasileira e cantou em vários shows pelo mundo, a partir de 1994, a música de 1942 "Ave Maria do Morro", de Herivelto Martins. Em espanhol, é claro, porque senão seriam 8x1... "Wind of Change" é a música alemã mais baixada/comprada em todos os tempos, no mundo todo.
Em primeiro plano, a Hauptbahnhöff (Estação Principal), Köln, Alemanha. País onde o antigo e o moderno convivem harmoniosamente no mesmo espaço. Ao fundo, a Catedral de Colônia (Köln), a maior do mundo, que demorou mais de 800 anos pra ser construída e sobreviveu a 2 guerras, persistindo como símbolo da resiliência e eficiência alemãs.
Agora sim, como prometido, e continuando o texto do blog iniciado em 23/06/2014 (aqui), retomo trechos do final da parte I, para contextualizar o atual, e prossigo com recomendações sugeridas pelos cientistas estadunidenses para resolução dos problemas enfrentados atualmente. É importante que os cientistas brasileiros tenham em mente que há diferenças entre o sistema de pesquisa estadunidense e o brasileiro, além das peculiaridades inerentes a um país em desenvolvimento, como os problemas de logística, a carga de impostos, corrupção, atrasos na alfândega, importação de bens industrializados e exportação de matérias-primas com baixo valor agregado, entre outros. Problemas que os estadunidenses já resolveram há séculos. Na medida do possível, e quando necessário, serão abordados.
"(...) Enquanto a competição por empregos e promoções aumentam, o
valor inflado dado à publicação em um número pequeno dos tais chamados jornais
“de alto impacto” tem pressionado os autores a correr para imprimir, omitir informações
ou ignorar regras, exagerar os achados e a significância de seu trabalho. (...) Se por erro, falta de rigor ou exagero, a comunidade
científica perde a confiança do público na integridade do seu trabalho, não se
pode esperar manter o apoio público à ciência.
(...) Não é surpresa que jovens cientistas extraordinariamente bem
treinados e com sucesso estejam optando sair da ciência acadêmica em números
cada vez maiores; não porque encontram oportunidades muito mais atraentes, mas
porque são desencorajados pela própria natureza da sua vida futura na academia.
Desde os anos 1990s, todo economista do trabalho que estudou o
processo para a força de trabalho biomédico proclamou-o quebrado. Entretanto,
pouco tem sido feito para reformar o sistema, primariamente porque continua a
beneficiar os cientistas mais estabelecidos e portanto mais influentes e porque
têm inegavelmente produziu grande ciência. Economistas enfatizam que muitos
mercados de trabalho experimentam expansões e contrações, mas a ciência
biomédica não responde às forças clássicas do mercado.
Recomendações para mudança
Para criar uma empresa mais sustentável – que adquira os
elevados objetivos aos quais tanto os cientistas biomédicos e o público
aspiram, propomos vários passos, alguns dos quais será necessário implementar
em um período mais prolongado (talvez por 10 anos).
Nossos amplos objetivos são 3:
1. lutar por orçamentos previsíveis para as
agências de fomento dos EUA e para uma composição alterada da força de trabalho
de pesquisa, ambos com o objetivo de tornar o ambiente de pesquisa sustentável;
2. reequilibrar o portfólio de pesquisa
reconhecendo a inércia que favorece grandes projetos e aperfeiçoando o sistema
de revisão por pares de forma que propostas a longo prazo mais imaginativas
sejam financiadas e as carreiras científicas possam ter um período mais estável
de pesquisa;
3. encorajar mudanças nas políticas governamentais
que agora têm a consequência não intencional de promover o crescimento
excessivo e insustentável da pesquisa biomédica dos EUA.
Recomendações específicas
Planejamento para financiamento previsível e estável da
Ciência.
Neste artigo, focou-se nos aspectos estruturais da pesquisa
nos EUA que precisam de atenção, numa era de recursos limitados, em vez de
fazê-lo para recursos maiores. Entretanto, crê-se fortemente que o aumento do
financiamento teria grandes benefícios tanto no curto quanto no longo prazo,
que as oportunidades notáveis na ciência biomédica justificam orçamentos
aumentados, e que deveria se argumentar vigorosamente tais aumentos.
Porém, nosso sistema atual de financiamento não tem um regulador embutido,
portanto, aumentos de orçamento são sempre rapidamente absorvidos e criam uma
necessidade para aumentos ainda maiores.
(...) Se estas recomendações forem adotadas, será essencial
alterar políticas que agora proíbem o financiamento de cidadãos
não-estadunidenses com “grants” de treinamento. Estudantes estrangeiros têm
contribuído enormemente para a energia e o sucesso da ciência estadunidense, e
suas contribuições em continuidade são críticas para o futuro da ciência nos
EUA.
Ampliando as vias de carreira para cientistas jovens. Treinamento
de graduados nas áreas biomédicas tem funcionado historicamente como um
aprendizado, no qual os estudantes conduzem pesquisa original com a expectativa
de substituir seus orientadores. Com a porcentagem de PhDs recentes nas
posições acadêmicas caindo para 20%, o treinamento de estudantes graduados
precisa se diversificar para refletir as realidades do mercado de trabalho. Uma
educação graduada nas ciências produz indivíduos com habilidades amplamente
aplicáveis em pensamento crítico e resolução de problemas, cuja expertise
poderia ser valiosa em áreas como política científica e administração, o
comércio da ciência, escrita científica, legislação científica e educação
científica em todos os níveis."
Interessante que o trabalhador brasileiro em política científica mais conhecido e popular no Brasil não tem formação científica. Talvez nem curso superior completo. Seu nome é Romário Faria. E ele não só faria, como faz. Ironicamente, o tema do início deste blog de hoje. Isso reflete nossas prioridades como um povo e nação...
Interessante que o trabalhador brasileiro em política científica mais conhecido e popular no Brasil não tem formação científica. Talvez nem curso superior completo. Seu nome é Romário Faria. E ele não só faria, como faz. Ironicamente, o tema do início deste blog de hoje. Isso reflete nossas prioridades como um povo e nação...
"Além disso, pesquisas recentes revelam que uma fração
substancial dos estudantes graduados de hoje nas ciências estão interessados em
seguir carreiras não relacionadas à pesquisa. Entretanto, para a maior parte,
nem o professor nem os estudantes estão informados o suficiente sobre tais
carreiras. Nem há vias claras para entrada. (Uma exceção é a AAAS Science &
Technology Fellowships, que por 40 anos têm permitido que cientistas e
engenheiros cuidadosamente selecionados com graus avançados trabalhem no
governo estadunidense em Washington, DC, por 1 ano. Historicamente, cerca de
metade destes Fellows têm permanecido em posições políticas, ocupando posições
críticas que muito beneficiam a nação. Porém, tais oportunidades estão na casa
das poucas centenas por ano, uma pequena fração dos 8000 doutores que graduam
anualmente só nas ciências biológicas).
Para tomar decisões informadas, os estudantes graduados
precisam de oportunidades para ganhar experiências práticas em ambientes
apropriados de carreira. Devemos almejar um futuro no qual estudantes graduados
tenham oportunidades de explorar uma variedade de caminhos para carreira, com
somente aqueles que procuram carreiras que demandam treinamento adicional em
pesquisa aceitem posições de pesquisa pós-doutoral. Para essa finalidade, os
NIH anunciaram recentemente um novo programa para encorajar educação graduada
diversificante. Além disso, programas de mestrado interdisciplinar que combinem
treinamento em ciência com liderança, administração de projetos, trabalho em
equipe e habilidades de comunicação casam bem com as necessidades da indústria
e deveriam ser expandidos com apoio federal.
Treinamento de pós-doutorandos. Há mais de 40 mil posdocs no
sistema de pesquisa estadunidense, e este número tem crescido rapidamente nos
últimos anos. A posição se transformou em uma na qual jovens cientistas gastam
uma fração significante dos seus anos mais produtivos enquanto recebem salários
bem baixos, considerando sua educação extensa. Por um lado, estes posdocs fazem
ciência em tempo integral sem as distrações que frequentemente aparecem com
mais empregos permanentes. Por outro lado, para a maioria, o padrão de espera
adia o tempo no qual eles são capazes de explorar suas próprias ideias em carreiras
independentes.
Oferecemos 2 sugestões para reduzir os números de posdocs e
promover um trânsito mais rápido através do treinamento pósdoutoral:
1. aumento na compensação para todos os posdocs financiados
federalmente, independente de mecanismos de “grants”. Isto precisaria ser feito
gradualmente com o tempo, com o objetivo de alcançar níveis de compensação para
pesquisador sênior (“staff scientists”). Esta proposta reduziria o número total
de posdocs que o sistema poderia suportar e elimina considerações de custos
quando um chefe de laboratório pesa os benefícios de escolher entre um bolsista
de pós-doutorado e um pesquisador sênior.
2. limita o número total de anos que um posdoc possa ser
apoiado por “grants” de pesquisa federal. Além deste limite, requer-se que os
salários sejam aumentados para os de pesquisadores sêniores, como já é o caso
em algumas instituições."
O uso de “Staff cientistas”: (ao que me parece, essa figura não
existe no Brasil, justamente por que “o custo de iniciar o treinamento de
doutorandos e pós-doutorandos também é relativamente elevado, e ignora-se o
fato de que eles frequentemente requerem tempo considerável para se tornar
altamente produtivos.” (...) Por causa da relativa ausência desse profissional
no dia a dia brasileiro, não entrarei em detalhes aqui. Há profissionais com
função semelhante com outros nomes (“técnico-administrativo”, por exemplo). Mas
a tradução desse termo para o equivalente ao português ainda é controverso,
pois funcionários técnicos-administrativos geralmente são concursados,
diferentemente dos “staff-scientists”. Se bem que creio que essa função deveria
também ser estimulada, enquanto as vagas para docentes e pesquisadores, tanto
nas instituições públicas e privadas ainda não atendam formalmente à demanda.
"Os autores acreditam que os “staff
scientists” podem e deveriam ter papéis importantes na força de trabalho
biomédica. Dentro de laboratórios individuais, eles podem supervisionar o dia a
dia do trabalho do lab, executando algumas atividades administrativas que agora
tendem a cair sob os ombros do chefe do lab; orientar e treinar novos membros
do lab; administrar grandes equipamentos e biotérios; e executar projetos independentemente
ou em colaboração com outros membros do grupo. Dentro das instituições, eles
podem server como experts técnicos em laboratórios-núcleo servindo múltiplos
investigadores e mesmo instituições múltiplas."
Eu, particularmente, creio que a frase
seguinte se aplicaria a muitas instituições brasileiras, independentemente da
posição requerida ser “staff scientist” ou não:
"Recomendamos aumentar a razão de posições permanents
de “staff” em relação a posições de pós-doutorandos, tanto em laboratórios
individuais quanto departamentos-núcleo que servem laboratórios múltiplos. Para alcançar o
sucesso, as universidades precisarão de políticas de emprego que forneçam vias
de carreiras atrativas, encurtando o caminho para o emprego garantido. Além
disso, agências de granting necessitarão reconhecer o valor dos membros de
laboratório que servem a longo prazo. Se adotadas, essas medidas ajudarão a
trazer o sistema mais próximo do equilíbrio. Há um precedente para tal política
no programa de pesquisa intramural do
NIH (do qual fiz parte de 2009-2012), e que emprega muitos mestres e
doutores como “staff scientists” para conduzir pesquisa. (Embora, tenho que admitir, a maioria dos “staff scientists” que
conheci eram estadunidenses, e a maioria dos brasileiros de sucesso no NIH,
mesmo os que estavam há 10-15 anos acabaram voltando para o Brasil, pois
encontraram melhores oportunidades aqui).
Duas das principais consequências dessas
mudanças no treinamento de graduados mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos
e emprego de “staff scientists” será um aumento no custo da unidade de pesquisa
e uma redução no tamanho médio dos laboratórios. Acreditamos que os benefícios
significantes – incluindo prospectos mais brilhantes para os trainees, menos
pressão para obter múltiplos grants para sustentar a viabilidade financeira de
um grupo, incentivos aumentados para colaborar e mais tempo para os investigadores
para focar em sua ciência – superam substancialmente as limitações."
Volto no próximo mês com a continuação
deste post.
Até lá.
Referências:
1. Letra de "Wind of Change". http://lyrics.wikia.com/Scorpions:Wind_Of_Change
2. Alberts B, Kirschner MW, Tilghman S,
Varmus H (2014). Rescuing US biomedical research from its systemic flaws. PNAS
Early Edition: www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1404402111
3. Collins FS, Tabak LA (2014). Policy: NIH plans to
enhance reproducibility. Nature. 505(7485):612-613.
4. Zoghbi HY (2013). The basics of translation. Science
339(6117):250.
5. National Institutes of Health (2014) NIH Director's Biomedical
Workforce Innovation Award: Broadening Experiences in Science Training (BEST)
(NIH, Bethesda, MD, USA).
6. National Institutes of Health (2014) NIH Director's New Innovator
Award (NIH, Bethesda, MD, USA).
7. American Society for Biochemistry and Molecular Biology (2014) Toward
a Sustainable Biomedical Research Enterprise (American Society for Biochemistry
and Molecular Biology, Rockville, MD, USA).
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