Post por Angela Nishikaku
A microbiota intestinal exerce um papel importante na biologia e homeostase de um indivíduo, determinando a estrutura e função do intestino, dos sistemas imunes inato e adaptativo, bem como o metabolismo energético do ser humano, outros primatas e mamíferos (1). A composição das comunidades microbianas intestinais está sob influência direta de fatores como dieta, morfologia do órgão e história evolutiva (1). Dentre os principais microrganismos presentes na microbiota intestinal, estão as bactérias gram-negativas e gram-positivas, e leveduras do gênero Candida (2).
A microbiota intestinal exerce um papel importante na biologia e homeostase de um indivíduo, determinando a estrutura e função do intestino, dos sistemas imunes inato e adaptativo, bem como o metabolismo energético do ser humano, outros primatas e mamíferos (1). A composição das comunidades microbianas intestinais está sob influência direta de fatores como dieta, morfologia do órgão e história evolutiva (1). Dentre os principais microrganismos presentes na microbiota intestinal, estão as bactérias gram-negativas e gram-positivas, e leveduras do gênero Candida (2).
Em texto publicado este ano na Nature Rev Immunol., Bordon destaca que o desbalanço da microbiota intestinal
ou disbiose pode causar doenças intestinais e extraintestinais,
ressaltando que o uso de antibióticos
pode ser um fator de risco para a ocorrência de doenças alérgicas respiratórias
em função da proliferação exacerbada de fungos comensais no intestino (3). Em
modelo de disbiose experimental murina, Kim et al. (2014) demonstraram que o
tratamento com antibióticos aumentou a suscetibilidade à resposta inflamatória
alérgica respiratória induzida por papaína e ácaros de poeira doméstica (4). Em
camundongos tratados com antibióticos, observou-se o aumento dos níveis de
citocinas e quimiocinas do padrão Th2, do infiltrado celular, hiperplasia de
células caliciformes, associados à presença de macrófagos alveolares com o
fenótipo M2, caracterizando a ativação alternativa dessas células pela
expressão aumentada dos genes da arginase 1 (Arg1), chitinase 3-like-3 (Chi3l3) e molécula resistina like a
(Retnla).
Interessante notar que as alterações observadas no
intestino e a resposta inflamatória nas vias respiratórias após tratamento com
diferentes antibióticos foram acompanhadas por maior crescimento de células
fúngicas no intestino e isolamento da espécie Candida parapsilosis nas fezes dos camundongos. No mesmo estudo, a
inoculação pela via oral de espécies de Candida
isoladas de humanos acarretou em aumento da carga fúngica no intestino e
indução de resposta alérgica pulmonar. Os autores também observaram que a
proliferação fúngica intestinal levou a altas concentrações plasmáticas de
prostaglandina E2 (PGE2) no pulmão de camundongos tratados,
promovendo a polarização de macrófagos para o fenótipo M2. A produção de PGE2
a partir do metabolismo do ácido araquidônico foi diretamente induzida pela
espécie C. parapsilosis, enquanto a
supressão da síntese desse mediador inflamatório com inibidores da
cicloxigenase (aspirina e celecoxib) em camundongos tratados com antibióticos
foi capaz de inibir a diferenciação em macrófagos M2 e reduzir a resposta
inflamatória pulmonar.
Dessa forma, o estudo desenvolvido por Kim e
colaboradores (4) demonstra que a disbiose intestinal causada por
antibioticoterapia e subsequente aumento da proliferação fúngica, pode ser uma
condição de risco para o desenvolvimento de resposta alérgica pulmonar. É
importante ressaltar que o uso de antibióticos também é considerado um fator de
predisposição para candidíase hematogênica em pacientes imunodeprimidos,
associado à translocação gastrointestinal de algumas espécies comensais de Candida, assim como a casos de
candidíase vulvovaginal recorrente.
Referências bibliográficas
(1) Ley RE,
Lozupone CA, Hamady M, Knight R, Gordon JI (2008).
Worlds within worlds: evolution of the vertebrate gut microbiota. Nat Rev Microbiol. 6(10):776-88. doi: 10.1038/nrmicro1978.
Worlds within worlds: evolution of the vertebrate gut microbiota. Nat Rev Microbiol. 6(10):776-88. doi: 10.1038/nrmicro1978.
(2) Peleg
AY, Hogan
DA, Mylonakis
E (2010). Medically important bacterial-fungal interactions. Nat
Rev Microbiol. 8(5):340-9. doi: 10.1038/nrmicro2313.
(3) Bordon Y
(2014). Mucosal immunology: fungal monopoly promotes allergy. Nat Rev Immunol. 14(3):138-9. doi: 10.1038/nri3633.
(4) Kim YG, Udayanga KG, Totsuka N, Weinberg JB, Núñez G, Shibuya A (2014). Gut dysbiosis promotes M2
macrophage polarization and allergic airway inflammation via fungi-induced PGE2.
Cell Host Microbe.
15(1):95-102. doi:10.1016/j.chom.2013.12.010.
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