domingo, 11 de maio de 2014

JOURNAL CLUB IBA: Músculo em Manutenção: Ação das células T reguladoras no reparo do músculo esquelético


As células T reguladoras (Tregs), particularmente as CD4+FOXP3+, são conhecidas pelo seu papel importante na regulação de respostas imunes. As Tregs foram originalmente descritas por controlar as atividades de outras células T efetoras, sendo atualmente de grande relevância no controle de diversos tipos celulares como as células dendríticas, células B e células da imunidade inata. Recentemente, foi descrito o papel regulador de distintas populações de Tregs em processos considerados não imunológicos. Como por exemplo, a população de Tregs residentes no tecido adiposo visceral que são capazes de regular os índices metabólicos (Cipolletta et al., 2012).
De acordo com as descobertas de diferentes populações de Tregs, Burzyn e colaboradores (2013) demostraram que durante o processo inflamatório envolvido na  regeneração muscular em resposta a lesões agudas e crônicas, uma população especial de Treg se acumula no músculo logo após a lesão e auxilia na reparação do tecido. Esta nova população de Treg foi demostrada em diferentes modelos. O primeiro utilizado, foi um modelo de lesão tecidual em que cardiotoxina, uma toxina derivada do veneno da cobra (Naja mossambica mossambica), era administrada nos músculos dos camundongos C57BL/6, promovendo uma rápida necrose fibromuscular. O outro modelo utilizou camundongos com uma mutação no gene Dmd, que é responsável por codificar a distrofina, este modelo é análogo à doença da Distrofia muscular de Duchenne. Com base nestes modelos, foi identificada uma população de Treg no músculo com perfil de expressão gênica distinto. Estas células acumulavam no músculo, logo nos primeiros dias após a lesão, coincidindo com o aumento das células mielóides recrutadas para o músculo no estado pró-inflamatório (como macrófagos tipo M1), que logo foi convertido para um estado anti-inflamatório (M2) e, subsequentemente iniciava-se o processo de reparação tecidual.
Para elucidar o papel desta nova população de Treg nos músculos lesionados, os autores depletaram as Tregs, e observaram que na ausência destas células o reparo muscular era prejudicado, principalmente devido ao aumento de células mielóides pró-inflamatória (M1) no músculo, e a diminuição da atividade miogênica das células satélites, que são as progenitoras de células musculares. Uma outra características interessantíssima das Tregs no músculo é a produção do fator de crescimento Anfiregulina, que possui um papel essencial sobre as  células satélites possibilitando a diferenciação destas células em fibras musculares (Fig.1). Portanto, este trabalho identificou uma população única de T reguladoras no músculo que acumulam nos locais de lesão e potencializam o reparo muscular (Burzyn et al., 2013)


Figura 1. Características e mecanismo de ação das Treg no músculo após a lesão.
Adaptada de Burzyn et al. 2013.

 Post de Naiara Dejani e William Marciel (doutorandos IBA- FMRP-USP)

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