As células T reguladoras (Tregs), particularmente
as CD4+FOXP3+, são conhecidas pelo seu papel importante
na regulação de respostas imunes. As Tregs foram originalmente descritas por
controlar as atividades de outras células T efetoras, sendo atualmente de
grande relevância no controle de diversos tipos celulares como as células
dendríticas, células B e células da imunidade inata. Recentemente, foi descrito
o papel regulador de distintas populações de Tregs em processos considerados
não imunológicos. Como por exemplo, a população de Tregs residentes no tecido
adiposo visceral que são capazes de regular os índices metabólicos (Cipolletta et al., 2012).
De acordo com as descobertas de diferentes
populações de Tregs, Burzyn e colaboradores (2013) demostraram que durante o processo inflamatório
envolvido na regeneração muscular em
resposta a lesões agudas e crônicas, uma população especial de Treg se acumula
no músculo logo após a lesão e auxilia na reparação do tecido. Esta nova população
de Treg foi demostrada em diferentes modelos. O primeiro utilizado, foi um
modelo de lesão tecidual em que cardiotoxina, uma toxina derivada do veneno da
cobra (Naja mossambica mossambica), era
administrada nos músculos dos camundongos C57BL/6, promovendo uma rápida
necrose fibromuscular. O outro modelo utilizou camundongos com uma mutação no
gene Dmd, que é responsável por
codificar a distrofina, este modelo é análogo à doença da Distrofia muscular de
Duchenne. Com base nestes modelos, foi identificada uma população de Treg no
músculo com perfil de expressão gênica distinto. Estas células acumulavam no
músculo, logo nos primeiros dias após a lesão, coincidindo com o aumento das
células mielóides recrutadas para o músculo no estado pró-inflamatório (como
macrófagos tipo M1), que logo foi convertido para um estado anti-inflamatório
(M2) e, subsequentemente iniciava-se o processo de reparação tecidual.
Para elucidar o papel desta nova população de Treg
nos músculos lesionados, os autores depletaram as Tregs, e observaram que na
ausência destas células o reparo muscular era prejudicado, principalmente
devido ao aumento de células mielóides pró-inflamatória (M1) no músculo, e a
diminuição da atividade miogênica das células satélites, que são as progenitoras
de células musculares. Uma outra características interessantíssima das Tregs no
músculo é a produção do fator de crescimento Anfiregulina, que possui
um papel essencial sobre as células
satélites possibilitando a diferenciação destas células em fibras musculares
(Fig.1). Portanto, este trabalho identificou uma população única de T
reguladoras no músculo que acumulam nos locais de lesão e potencializam o reparo
muscular (Burzyn et al.,
2013).
Figura 1. Características e mecanismo de ação das Treg no músculo após a
lesão.
Adaptada de Burzyn
et al. 2013.
Post de Naiara Dejani e William Marciel
(doutorandos IBA- FMRP-USP)
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