domingo, 30 de março de 2014

JOURNAL CLUB IBA: FIBRAS ALIMENTARES SOLÚVEIS DIMINUEM INFLAMAÇÃO ALÉRGICA PULMONAR POR MEIO DA PRODUÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA CURTA



Sabe-se que a incidência de doenças alérgicas tem aumentado ao longo dos anos, principalmente em países desenvolvidos. Um dos fatores para esse aumento seria o tipo de alimentação em comum, visto países desenvolvidos (e com altos índices de asma na população) consumirem uma menor quantidade de frutas e vegetais. Esse efeito acarreta a baixa ingestão de fibras alimentares, as quais poderiam estar envolvidas no aumento de casos de asma alérgica.
Estudos mostram que a fibra alimentar é metabolizada e fermentada por bactérias da microbiota intestinal em ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs), os quais podem afetar a atividade inflamatória de células do sistema imune, tais como células T reguladoras (Patrick et al., 2013), mantendo a integridade do epitélio e prevenindo infecções do trato gastrointestinal. Além disso, estudos mostram que os SCFAs produzidos no intestino podem alcançar a circulação sistêmica (Cummings et al., 1987), podendo alterar a atividade de células imunes fora do sistema gastrointestinal.
Com isso, a fim de se investigar os potenciais efeitos benéficos da dieta rica em fibras na inflamação pulmonar alérgica, Trompette et al (2014) alimentou  camundongos com uma dieta rica em fibras e analisou o desenvolvimento da inflamação pulmonar induzida por extrato de poeira de ácaro doméstico (HDM).
 O grupo mostrou primeiramente que uma dieta pobre em fibras aumenta a suscetibilidade à inflamação alérgica pulmonar. E que somente uma dieta rica em fibras do tipo solúvel (encontrada principalmente em frutas e sementes) diminui a inflamação pulmonar por HDM. Os autores também mostraram que a ingestão de fibras solúveis aumentou a proporção de bactérias do filo Bacteroidaceae e Bifidobacteriaceae na microbiota intestinal (importantes para a fermentação de fibras solúveis em SCAFs, como o propionato). Corroborando esses dados, a administração de propionato por via intraperitonial, mas não oral, aumentou o número de precursores de células dendríticas na medula óssea por meio da ligação em receptor GPR-41 (mas não GPR-43). Curiosamente, por meio do tratamento com propionato, células dendríticas que chegavam ao pulmão em resposta ao HDM, possuíam um perfil mais imaturo, sendo ineficazes em ativar células Th2 ali presentes, impedindo a manutenção da resposta inflamatória alérgica das vias aéreas, melhorando, assim, o quadro clínico desses animais.
Enfimmmm!  Uma história lindaaa!!! Não fosse o fato de termos que ingerir mais frutas e cereais, (fontes de fibra solúvel) ao invés dos tão gostosos grumos de açúcar (ou complementos alimentares) precipitados num suco bemm docinho (sempre lógico, com a desculpa sem vergonha, de estarmos ingerindo frutas rs...). 



Post de : Gabriel Shimizu Bassi Amanda Zangirolano (doutorandos IBA – FMRP/USP)

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