A adenosina é um nucleosídeo
que possui diversas funções em sistemas biológicos, pois participa de reações
de transferência energética do organismo (molécula que compõe o ATP e ADP), constitui
os ácidos nucléicos presentes nas células, e por último, também possui um papel
importante na sinalização celular mediada por quatro topos de receptores
acoplados à proteína G presentes em diversos tipos celulares descritos: A1,
A2a, A2b e A3. Algumas das funções e consequências relacionadas devido à
interação da adenosina com estes receptores são demonstradas na literatura,
principalmente no contexto de inflamação e hipóxia. Dentre estes receptores, o
receptor A2a é descrito por ter efeitos anti-inflamatórios relevantes,
observado principalmente pelo fato deste receptor induzir, quando ativado, um
aumento de AMPc intracelular, possuindo propriedades imunossupressoras em
células inflamatórias.
O trabalho de Cekic
et al. (2013) mostra uma nova função biológica para os receptores A2a,
relacionada com a sobrevivência e proliferação de células T naives. Particularmente, é bem descrito
na literatura que a manutenção e homeostase proliferativa do “pool” de células
T naives são reguladas por dois
fatores: a) interações do TCR destas células com moléculas de MHC (I ou II)
apresentando peptídeos próprios; b) necessidade da atividade da citocina IL-7,
que promove a maturação de células T e B. Porém, ainda não se sabia quais
fatores permitem a manutenção de células T naives
no estado quiescente, visto que estes sinais descritos promovem a ativação
destas células, fazendo com que percam o fenótipo de célula T naive.
Figura 1 – Associação entre
a interação da adenosina/ receptor A2a e sobrevivência e proliferação de
células T naives.
Assim, no trabalho é
demonstrado que a deleção do receptor A2a provoca efeitos signifcantes na
manutenção e homeostase de células T naive,
o que não é observado em células T de memória. A interação adenosina e receptor
A2a promove a indução de Proteína quinase A (PKA) em resposta ao aumento dos
níveis de cAMP. Consequentemente, PKA
inibe a fosforilação de AKT e a regulação negativa de CD127, efeitos mediados
pela ativação do TCR ao reconhecer moléculas de MHC apresentando peptídeos
próprios. Ainda, o estudo sugere que a expressão precoce de A2AR nos
precursores tímicos contribui para a maturação dos timócitos, e na periferia,
essa sinalização via A2aR é necessária para célula T naive garanta sua proliferação e sobrevivência, demonstrando um
novo conceito imunológico relacionado ao papel da adenosina na homeostase de
células T naives.
Post de Raphael Sanches Peres e Denise
Silveira (Doutorandos FMRP/USP-IBA).
Por que as ultimas do blog nao mais aparecem no site da sbi?
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