IMUNOLOGIA NAS ESCOLAS NA TERRA DO PINGUIN

          

Suposições e afirmações envolvendo questões imunológicas estão tão presentes na vida do cidadão comum quanto as discussões envolvendo imunologia e microbiota (a última moda no mundo imunológico). Quem de nós nunca escutou de nossos conviveres aquela velha recomendação: "Meu filho, não tome friagem, vai baixar a resistência". Ou mesmo afirmações mais corriqueiras do tipo, "Estou com a garganta inflamada/infeccionada". Mais comuns ainda são as notícias nos diversos meios de comunicação apontando para novas perspectivas de tratamento para o câncer, diabetes, e diversas outras doenças relacionadas ao sistema imunológico. No entanto, muito raramente, tais meios ou mesmo as pessoas que fazem aquelas afirmações, fazem relações destas com a imunologia por trás desses assuntos.

            Talvez, tal fato esteja relacionado à grande dificuldade que as pessoas e mais gravemente os estudantes tem, de conseguir correlacionar os conhecimentos adquiridos na sala de aula e a experiência cotidiana. Aliás, fazer que se atinja tal nível de compreensão dos fenômenos naturais e corriqueiros do nosso dia a dia é o cerne de qualquer processo educativo envolvendo o ensino de ciências.

            Nesse sentido, vejo a área de Imunologia bastante prejudicada, pois muito dificilmente nas apostilas dos cursos de ensino médio mais tradicionais, encontra-se algum capítulo dedicado ao entendimento da Imunologia. Ao contrário, o pouco do que se discute desse assunto nesses livros, está distribuído em meio aos tópicos de biologia tecidual (estudo do sangue), e algum tópico sobre saúde, onde se discute imunização passiva e ativa, sem ao menos mencionar os processos básicos que fundamentaram o desenvolvimento dessas (bio) tecnologias.

            Desse modo, promover iniciativas que envolvam a divulgação da Imunologia e a importância desse saber na vida cotidiana do cidadão comum torna-se tão essencial, para nós, estudantes e pesquisadores da área imunológica, quanto a publicação de um artigo em revista de impacto relevante. Talvez até mais importante, se pensarmos no impacto social mais imediato que tais iniciativas teriam. Exemplos bem sucedidos em várias áreas da ciência não faltam (como a Revista Genética na Escola, por exemplo). Com relação à imunologia, acredito que a maioria que acessa este Blog já conhece o "Imunologia nas Escolas" desenvolvido em São Paulo e que leva aos estudantes das escolas públicas esse fascinante mundo da imunologia. A primeira vez que tive contato com esse projeto foi no congresso da SBI-2011, quando ainda era estudante de iniciação científica. Desde então, me entusiasmava a ideia de participar de algo semelhante aqui em Ribeirão Preto.

            Nesse contexto, é que surge neste ano de 2013 um projeto inspirado na iniciativa do pessoal da capital, mas com características próprias, ou seja, uma versão ribeirão pretana do “Imunologia nas Escolas”. Assim, fundamentados na perspectiva de tornar o conhecimento imunológico mais próximo da realidade cotidiana dos cidadãos, os alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto se unem para elaborar e oferecer aos alunos da rede pública e particular desta cidade um curso de imunologia criativo, dinâmico e contextualizado no dia a dia. Que esta e outras iniciativas se proliferem. Boa semana a todos.

Post de Murilo Solano Dias (FMRP-IBA)