Fonte: Jeremy C. Simpson, UCD.
Por cerca de 20 anos, o pesquisador Jeremy C.
Simpson, Professor de Biologia celular da University College Dublin na Irlanda
estudou secreção, o processo pelo qual as células liberam hormônios, enzimas, moléculas
de sinalização, dentre outros, para o meio extracelular.
Durante a maior parte desse tempo, segundo o pesquisador,
eles conseguiram analisar algumas poucas moléculas, mas nos últimos cinco anos,
a tecnologia que usaram tornou-se disponível para a análise da secreção celular
de uma forma verdadeiramente sistemática. Dois estudos do genoma da Drosophila,
em 2006 e 2010, identificaram numerosos genes de secreção, mas aproximadamente
40% deles não tinham equivalentes no genoma humano, permanecendo ainda o
mistério sobre o secretoma humano.
O resultado da análise de células humanas foi
publicado on-line em junho deste ano na revista Nature Cell Biology. Simpson e colaboradores
sistematicamente bloquearam cada um dos 22,000 genes do genoma humano, utilizando
RNA de interferência. O grupo examinou mais de oito milhões de células de mais
de 700.000 imagens microscópicas para identificar 3.629 proteínas que parecem contribuir
para secreção celular (equivalente a 15% do genoma humano).
A partir dessa triagem, o grupo selecionou 554 proteínas
que promoviam efeitos importantes na secreção. O propósito era investigar qual
o papel dessas proteínas nos eventos iniciais da secreção, que ocorrem no
retículo endoplasmático (RE), onde proteínas secretórias são sintetizadas e modificadas
no complexo de Golgi. A clonagem e análise da localização subcelular de 179
dessas proteínas revelou que mais do que dois terços estava localizada no
citoplasma e membranas das vias endocíticas e secretórias. A depleção de 143
dessas proteínas resultou em perturbações na organização dos complexos vesiculares COPI e
COPII da via secretora inicial ou na morfologia do complexo de Golgi.
Das proteínas identificadas na triagem, algumas
são conhecidas pelo envolvimento na secreção celular, outras são proteínas não
previamente associadas com secreção e outras são moléculas que nunca tinham
sido caracterizas anteriormente.
Um total de 59 proteínas principais da via secretória
foram identificadas, mas surpreendentemente, várias proteínas
envolvidas em sinalização na superfície celular e organização do citoesqueleto
também foram detectadas. Esses dados sugerem que células humanas tenham uma
sinalização sofisticada e um sistema de feedback entre RE, Golgi e a
superfície celular, permitindo-os modular a atividade secretora, baseado no
ambiente externo. Investigações futuras irão dizer se essa hipótese está
realmente correta.
Referências:
- Simpson, J.C., et al. 2012. Genome-wide
RNAi screening identifies human proteins with a regulatory function in the
early secretory pathway. Nat Cell Biol. doi: 10.1038/ncb2510.
- Wendler, F., et al. 2010. A
genome-wide RNA interference screen identifies two novel components of the
metazoan secretory pathway. EMBO J 29(2):304-14.
- Bard, F., et al. 2006.
Functional genomics reveals genes involved in protein secretion and Golgi
organization. Nature 439(7076):604-7.
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