(Samstein RM, Josefowicz SZ, Arvey A, Treuting PM, Rudensky
AY. Extrathymic generation of regulatory T cells in placental mammals mitigates
maternal-fetal conflict. Cell.
150: 29-38, 2012)
Três sequências de
DNA de elementos “enhancer”, identificadas como CNS1, CNS2 e CNS3, estão
localizadas contíguas ao gene foxp3,
responsável pelo fator de transcrição Foxp3. CNS1 contém sítios de ligação para
proteínas Smad, e desta forma, confere responsividade de foxp3 ao TGF-beta, (já que este atua através de proteínas Smad). Animais deficientes de CNS1 não formam
células iTreg, apesar de formarem células nTreg (derivadas do timo)
normalmente. Neste trabalho, os autores acasalaram fêmeas selvagens ou deficientes
de CNS1 com machos singênicos e alogênicos, e mediram o efeito na prole. Houve
perda e reabsorção de fetos semi-alogênicos quando as mães eram deficientes de
CNS1, mas não houve qualquer problema com a geração de fetos singênicos. Estes
dados correlacionaram com a presença de células iTreg. Células iTreg apareceram
normalmente na decídua placentária de fêmeas selvagens, mas estavam ausentes
nas fêmeas deficientes para CNS1. Os dados indicam que as células iTreg
suprimiram a resposta imune contra os fetos semi-alogênicos, permitindo o
sucesso da gestação.
CNS1 faz parte de um
retrotranposon, isto é, provavelmente foi inserido durante a evolução. Além
disso, a análise filogenética da expressão de CNS1 mostrou que este enhancer surge de repente, e apenas em
mamíferos eutérios, isto é, está relacionado com a placentação. Estes dados
sugerem que a manutenção completa da gestação pode mesmo ser a causa evolutiva
para o aparecimento das células iTreg, células capazes de suprimir a
alorreatividade contra os antígenos de histocompatibilidade paternos expressos
pelo feto (ver Figura). De acordo com esta hipótese, a função regulatória
exercida pelas células iTreg nas superfícies mucosas, pode ter sido uma
adaptação mais tardia da função primordial “pró-gravidez” destas células. A
descoberta desta origem evolutiva das células iTreg traz esperanças de que elas
possam ser utilizadas com sucesso para prevenir a rejeição de transplantes.
Figura. A. O timo forma duas populaçãoes de células T, as células Treg naturais (denominadas tTreg nesta figura), que são Foxp3 positivas, e as células T convencionais, que são Foxp3 negativas. B. No entanto, na periferia de mamíferos eutérios, células T convencionais respondem a sinais de TGF-beta, induzindo a expressão de Foxp3 e formando células Treg induzidas (denominadas pTreg nesta figura). Para isto, a expressão do enhancer de foxp3 CNS1, que liga proteínas Smad, é necessária. C. A previsão deste trabalho é que em vertebrados não-eutérios, as células iTreg não existam. Figura retirada de: Gobert M, Lafaille JJ. Maternal-fetal immune tolerance, block by block. Cell. 150: 7-9, 2012.
Post de George A. DosReis
Nenhum comentário:
Postar um comentário