Roque Almeida
Lesões em dorso do paciente com PKDL
Leishmaniose dérmica pós calazar pode
ocorrer meses após o tratamento da doença. PKDL é caracterizada pela presença
de manchas, máculas ou nódulos em pele da face, tronco ou membros e pode ser
confundida com lesões de hanseníase ou vitiligo. PKDL é descrita,
principalmente, na Índia, Nepal, Sudão e Etiópia. Em recente publicação, coorte
retrospectiva, Surendra Uranw e colaboradores mostraram que o risco de adquirir
PKDL estava associado ao tratamento inadequado. PKDL foi observada em 2 % dos pacientes
que receberam o tratamento completo, contra 29,4% dos pacientes que tiveram o
tratamento inadequado. Os autores chamam a atenção para uma supervisão adequada
do tratamento pelos agentes de saúde. Na
Índia e Sudão, PKDL pode ser uma complicação em 60% dos pacientes com calazar.
PKDL está associada a expressão de IL-10 e
TGF-beta na derme dos pacientes. Porém, TNF-alfa, matriz metaloproteinases
(MMPs), inibidores teciduais de MMPs (TIMPs) e citocinas do complexo Th17
também estão presentes nas lesões. Células T reguladoras foram associadas a
carga parasitária, podendo estar associadas à patogênese da PKDL.
A resistência ao tratamento em pacientes
com calazar é um problema crescente na Índia, com frequências alarmantes de
50%, necessitando de drogas alternativas para o tratamento eficaz.
Em Sergipe, temos 4 casos de pacientes,
HIV negativos, refratários ao tratamento
com antimonial pentavalente e 2 deles, também refratários ao tratamento com
anfotericina B. Destes 2 pacientes, um apresenta leishmaniose dérmica pós
calazar, sem resposta ao tratamento, mesmo com tratamento similar ao indicado
aos pacientes com HIV e calazar.
A presença de leishmania na pele (PKDL) e
resistência ao tratamento nos coloca diante de uma situação difícil, aumentando
a possibilidade de transmissão de parasitas resistentes, pelo mosquito, de um
ser humano para o outro. Isto pode gerar um imenso problema de saúde pública.
Nos perguntamos: Qual o papel do parasita?
Qual a influência da resposta inadequada do hospedeiro? Ou da interação
parasita-hospedeiro na patogênese do calazar nestes pacientes? Isto aumentará a
transmissão de parasitas de um ser humano para o outro?
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