Hoje em dia
sequenciar o genoma de um organismo ficou muito mais fácil e barato.
Enquanto em meados da década de 90 sequenciar um genoma bacteriano demorava mais de 1 ano com custo
de cerca de 1 milhão, hoje é possível fazê-lo em um dia com custo de U$ 500 dólares
por genoma.
OK, mas
quais são as aplicações?
Esses dias
discutimos um artigo que soube aplicar muitíssimo bem essa tecnologia.
O processo
evolutivo a tempos fascina os biologistas e o público leigo em geral. No
entanto, para quem estuda evolução o grande desafio é a ausência de formas
intermediárias ente as espécies que temos hoje versus as espécies
ancestrais. É verdade que os fósseis
ajudam, mais ainda assim a disponibilidade de espécies ancestrais é muito
limitada.
Para
contornar a indisponibilidade de formas ancestrais, alguns cientistas
desenvolveram sistemas de evolução experimental, nos quais é possível ter
acesso as formas ancestrais, a todos as intermediárias e as finais.
Ai que
chega o “next generation” sequencing na hitrória:
O grupo do
Ralph Isberg (Tufts University, Boston, EUA), montou um modelo fantástico de evolução
experimental de Legionella pneumophila em macrófagos (veja o artigo aqui). Vale
ressaltar que na natureza essas bactérias se replicam em amebas e sofrem
pressão seletiva apenas no interior desses protozoários unicelulares, que não
tem vias requintadas de imunidade e inata como os nossos macrófagos.
Eles
acompanharam durante um ano, quatro populações bacterianas independentes que
foram continuamente replicando em macrófagos (centenas de gerações). De tempos em tempos o genoma dessas quatro
populações foi sequenciado e as modificações genotípicas foram avaliadas. Conforme
esperado, os dados mostram que as bactérias desenvolvem alterações genéticas e
passam a se replicar melhor nos macrófagos. Algumas mutações aparecem e depois desaparecem,
enquanto outras aparecem e se estabelecem na população...
O que eu achei mais legal é que entre as
quatro populações algumas desenvolvem mutações que não são verificadas nas
outras... Isso é muito legal porque
prova experimentalmente aquela idéia do Stephen Jay Gould que a evolução ocorre
segundo pressões seletivas direcionais, mas ao acaso (o que desafia a idéia de criacionismo
e “Intelligent Design”)
. Ou seja, se pudéssemos voltar na história desde a origem da vida e evoluir
tudo de novo certamente as formas de vida existentes seriam muito diferentes
das que temos hoje...
Para quem
gosta de ler e discutir evolução é um prato cheio!
Ótimo post, realmente o barateamento do sequenciamento ainda vai trazer muitas novidades para o campo da biologia. Fascinante ver a coevolução desses pequenos seres, fico pensando o que Darwin acharia disso.
ResponderExcluirNa minha opinião o sequenciamento das populações de HIV em um mesmo indivíduo e na população é mais interessante. Primeiro porque o virus se replica mais rapidamente, segundo porque tem uma taxa de mutação alta.