sexta-feira, 29 de junho de 2012

Neutrófilos em Quebec!!


Finalmente um congresso totalmente dedicado aos neutrófilos!
Em Québec, dos dias 9 a 12 de junho, o encontro foi realmente excelente, recheado com a presença das maiores referencias no tema.
A palestra de abertura do Andrea Cerutti, de Nova Iorque, questionava a visão de que neutrófilos participam exclusivamente na fase inata da resposta imune. Ele citou que neutrófilos produzem citocinas e mediadores, relacionados ao CD40L, que agem como estímulo para sobrevivência e diferenciação de células B. No entanto, o papel dos neutrófilos na ativação de células B e produção de Ig ainda não está esclarecido, mas sabe-se que eles migram para a zona marginal do baço em resposta a infecções bacterianas.
Cerutti então mostra que neutrófilos colonizam áreas próximas a zona marginal do baço e que apresentam um fenótipo diferente dos neutrófilos circulantes. Os neutrófilos esplênicos formam estruturas semelhantes a NET que interagem com os linfócitos B da zona marginal, alem de induzir ativação e produção de anticorpos.
Neutrófilos circulantes adquirem essa função de auxiliar células B após exposição à células endoteliais esplênicas, liberando IL-10 em resposta a sinais microbianos. Ele conclui, então, que neutrófilos podem gerar uma camada inata de defesa antimicrobiana por Ig quando se diferenciam em auxiliares de células B na zona marginal do baço.
No dia seguinte, a sessão sobre função dos neutrófilos teve inicio com Niels Borregaard, da Dinamarca. Sobre os diferentes grânulos neutrofílicos, conteúdo e significância, ele afirma que a olfactomedina 4 (OFML4) define um subtipo de neutrófilo humano. Inicialmente identificado como um gene altamente induzido em células tronco tratadas com GM-CSF, OLFM4 é expressa na próstata, intestino e medula óssea. É regulada por NFkB e muito semelhante a NGAL, principal constituinte dos grânulos específicos de neutrófilos. Através do fracionamento de neutrófilos do sangue periférico, o grupo de Borregaard demonstrou que OLFM4 co-localiza com NGAL. Alem disso, estimulação com PMA levou a co-liberação de OLFM4 e NGAL. No entanto, apenas 20-25% dos neutrófilos de sangue periférico possuem OLFM4, como demonstrado por imunohistoquímica e FACS. O mecanismo, função e relevância dessa expressão diferencial precisam de mais investigações para esclarecimento.
Leo Koenderman, da Holanda, deu continuidade ao tema abordando achados sobre um subtipo de neutrófilos supressores. Com a hipótese de que neutrófilos imaturos liberados durante inflamações agudas desempenham o papel supressor da resposta imune. Para testar tal hipótese, o grupo induziu inflamação através de injeção intravenosa de LPS em doadores saudáveis. Eles, então, identificaram um subtipo de neutrófilos humanos maduros (CD11cbright/CD62Ldim/CD11bbright/CD16bright) que seria uma população única capaz de suprimir a proliferação de células T humanas. O mecanismo sugerido pelo grupo é a liberação local de peróxido de hidrogênio dos neutrófilos na sinapse imunológica entre linfócitos e neutrófilos. Este efeito requer a expressão da integrina Mac-1 pelos neutrófilos. Por fim, ele sugere que este achado fornece um alvo potencial na modulação da resposta imune em humanos.

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