segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O que não mata, também não engorda!


Aquela velha e conhecida expressão "o que não mata, engorda" ganha uma reformulação com o estudo de Maizels et al.  Este questiona que ao mesmo tempo em que tomamos medidas profiláticas de higiene contra certos parasitas, aumentamos a nossa suscetibilidade a obesidade.
Segundo o estudo, observa-se uma relação entre eosinófilos, vermes, tecido adiposo e macrófagos. Em pessoas magras, encontram-se poucos macrófagos por grama de gordura corporal, os quais estão no estado "M2" (em inglês, an “alternatively activated” or “M2” state -AAMs) (2). Esse estado é induzido pela interleucina-4 (IL-4) ou IL-13, citocinas produzidas em indivíduos com alergia e infecções por helmintos (vermes) (3). Nas infecções por helmintos a presença de eosinófilos e células T regulatórias nos tecidos aumentam a ativação dos AAMs. O sinal emitido por essas citocinas são gerados em receptor nuclear hormonal – PPARgama, que quando ativado, inibe a expressão de genes que promovem a inflamação. Nesse estado de equilíbrio há liberação de adiponectina e a proteção contra resistência a insulina (5,6).
Em indivíduos obesos observa-se no tecido adiposo macrófagos em estado "M1", conhecido como CAM (em inglês, classically activated macrophages). Este outro estado é caracterizado por produzir TNF-alfa. Na falta de eosinófilos no tecido adiposo, os linfócitos T produzem fator de necrose tumoral (TNF-alfa) e IL-6, responsáveis por promover o desenvolvimento destes macrófagos em estado "M1". Estas citocinas são pró-inflamatórias e além de seus efeitos sobre células do sistema imune, afetam o metabolismo. Há liberação de resistina e predisposição à síndrome metabólica, com diminuição da sensibilidade à insulina e diabetes (1,4 - 7).

Desta forma, infecções por helmintos, que aumentam o número de eosinófilos no tecido adiposo, e através das citocinas IL-4 e IL-13 estimulam AAMS (M2) e diminuem a ativação de CAM (M1) (3), poderiam reverter quadros inflamatórios e restaurar a glicemia.
Então, podemos questionar: Será que o aumento da incidência de obesidade e diabetes estariam relacionadas com a diminuição da incidência de vermes? Afinal, quem nunca pegou um chocolate do chão, colocou na boca e utilizou a expressão “O que não mata engorda”. Agora podemos dizer “O que não mata, também não engord
Texto realizado, sob a orientação dos professores Tatiana Moura, Roque Almeida e Amelia de Jesus,  pelos graduandos em Medicina na Universidade Federal de Sergipe: Dulcilene Azevedo, Jordânio Pires, Jéssica Marques, Maria Augusta Trindade, Nathalie Serejo e Raquel Mazzotti.


Referências bibliográficas

1.     MAIZELS, R. M.; ALLEN, J. E. Eosinophils forestall obesity. Science. v. 332, p. 186-187, 2011.
2.     C.N.Lumengetal., J. Clin.Invest. 117,175 (2007).
3.     S.J.Jenkins, J.E.Allen, J.Biomed. Biotechnol. 2010,1 (2010).
4.     G.S.Hotamisligil, Nature 444,860(2006).
5.     J.I.Odegaardetal., Nature 447, 1116 (2007).
macrófagos M1 e M2, eosinófilos, obesidade, diabetes
6.     A.Szantoetal., Immunity 33, 699  (2010).macrófagos M1 e M2, eosinófilos, obesidade, diabetes

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