segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dengue, Aedes aegypti e Wolbachia

Por Bernardo S Franklin, do Instituto de Imunidade Inata, Universidade de Bonn, Alemanha

Um estudo coordenado por Scott O’Neill, da Universidade de Queensland em Brisbane, na Austrália, envolvendo pesquisadores da Austrália, Vietnam, Tailândia, Estados Unidos e o pesquisador brasileiro Luciano Moreira (foto), foi publicado em dois artigos na Nature de 25 de agosto.

O estudo apresentou os resultados de uma estratégia inovadora e arrojada para o bloqueio do vírus dengue em mosquitos Aedes aegypti utilizando a bactéria Wolbachia.

O mesmo grupo havia mostrado em um artigo da Cell (aqui) que esta bactéria é capaz de bloquear a transmissão não só da dengue, mas também do Plasmodium. Aparentemente, a bactéria prima o sistema imune do mosquito tornando-o mais resistente à infecção pelo vírus da dengue.

No estudo recém publicado, os pesquisadores relatam os resultados de um trial onde 300 mil Aedes aegypti adultos, infectados com a bactéria Wolbachia, foram liberados em campo em duas áreas da cidade de Cairns, em Queensland, no nordeste da Austrália, por um período de 10 semanas.

O estudo foi um tremendo sucesso. Em apenas 5 semanas após a liberação dos mosquitos infectados, o grupo avaliou a fauna de mosquitos selvagens e viu que em uma das áreas 100% dos mosquitos e na outra área 90 % dos mosquitos carregavam a bactéria e eram, portanto, incapazes de transmitir o vírus da dengue.

Luciano alerta que como a dengue não é epidêmica na Austrália, a equipe planeja realizar novos trials na Tailândia, Vietnam, Brasil e Indonésia onde a dengue constitui um sério problema de saúde pública.

Antes mesmo do mês de agosto terminar, o estudo já havia recebido destaques no Nature Highlights (aqui) e ocupava a frontpage de vários sites internacionais de ciência (aqui), (aqui), (aqui).

Na minha opinião, essa foi uma estratégia fantástica e possui um grande potencial para nos livrar do problema da dengue. E cá pra nós, caso funcione, é digno de Nobel, ou não é!?

Sugeri este post nao só para o conhecimento científico em geral, mas também para reconhecer o trabalho deste brilhante pesquisador brasileiro:

Dr. Luciano Andrade Moreira
Pesquisador do Laboratório de Malária do Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz Minas

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