sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Entrevistas ImunoFoz 2011 - Ana Lepique

SBlogI entrevista:

Dr. Ana Paula Lepique
Universidade de São Paulo, Brasil

Palestrante da mesa-redonda 'Tumor Immunology' (16/10/2011)


SBlogI - Sobre o que falará no SBI 2011?
Lepique, A.P. - Eu vou falar sobre efeitos locais e sistêmicos de tumores associados ao Papilomavírus Humano sobre o sistema imune. Especificamente, meu grupo tem se interessado no efeito mitogênico que o tumor tem sobre populações mielóides. Nós acreditamos que o tumor monta um "ciclo vicioso" no organismos, onde células mielóides proliferam na medula óssea e no baço, são recrutadas para o tumor, diferenciam-se em macrófagos tipo M2 e suprimem a resposta imune anti-tumoral. Os próprios macrófagos tumorais secretam quimiocinas que recrutam novas células retro-alimentando esse ciclo.

SBlogI - Qual o principal aspecto que será ressaltado?
Lepique, A.P. - Dois aspectos - o primeiro que os efeitos observados são dependentes da expressão de oncogenes do Papilomavírus nas células tumorais; o segundo - que não basta estudar imunologia tumoral apenas no tumor, os efeitos sistêmicos do tumor também são importantes.

SBlogI - Qual a importância deste achado?
Lepique, A.P. - Estes achados poderão nos levar a mecaismos de interrupção deste ciclo que eu mencionei antes, de forma que possamos criar terapias adjuvantes para protocolos de imunoterapia ou ainda para protocolos tradicionais de radio e quimioterapia.  

SBlogI - Quais as perspectivas neste tema?
Lepique, A.P. - Várias: buscar se há uma ou mais linhagens mielóides que respondem ao tumor, se forem identificadas, seria possível depletá-las? Buscar os sinais específicos, gerados no tumor, que promovem os efeitos descritos acima, e se possível neutralizá-los.

SBlogI - Quais os desafios nesta área? Há controvérsias? Hipóteses oponentes?
Lepique, A.P. - Existem muitos desafios. O primeiro deles é que muitos dos testes que fazemos utilizam modelos animais. Em algum momento teremos que testar nossas hipóteses em pacientes, onde estaremos restritos a uma biopsia do tumor e uma amostra de sangue.
Em pacientes, é possível que tenhamos variações importantes nos dados, de forma que a amostragem terá que ser bem grande.
Não há tantas controvérsias como diferenças em modelos experimentais. Isso é esperado em qualquer área da ciência, temos que ser críticos e procurar as diferenças e semelhanças para alcançarmos um consenso. É trabalhoso, mas é possível.
Por outro lado, um ponto interessante de trabalhar com tumores associados ao Papilomavírus Humano é que estes vírus estão envolvidos com tumores em vários sítios anatômicos.

SBlogI - Sugere algum background reading? Leitura preparatória?
Lepique, A.P. - 
Systemic immune suppression in glioblastoma: the interplay between CD14+HLA-DRlo/neg monocytes, tumor factors, and dexamethasone. Gustafson MP, Lin Y, New KC, Bulur PA, O'Neill BP, Gastineau DA, Dietz AB. Neuro Oncol. 2010 Feb 23.
HPV16 tumor associated macrophages suppress antitumor T cell responses. Lepique AP, Daghastanli KR, Cuccovia IM, Villa LL. Clin Cancer Res. 2009 Jul 1;15(13):4391-400.
The role of inflammation in HPV carcinogenesis. Boccardo E, Lepique AP, Villa LL. Carcinogenesis. 2010 Nov;31(11):1905-12.

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