sábado, 27 de agosto de 2011

Células dendríticas plasmocitóides (pDCs)

As pDCs foram descritas pela primeira vez na década de 1950, como células T plasmocitóides e/ou monócitos plasmocitóides, baseado em sua morfologia e na presença de marcadores como, por exemplo, CD4, MHC de classe II, CD36 e CD68. Na década de 1980, estas células foram denominadas células dendríticas plasmocitóides, pois quando estimuladas com IL-3 + CD40L, adquiriam uma morfologia semelhante às células dendríticas convencionais, além da capacidade de apresentar antígenos e estimular a resposta de células T CD4 e T CD8. Devido à sua capacidade na produção de IFN do tipo I e apresentação de antígenos para células T, as pDCs são consideradas como principais células na imunidade antiviral.

A revista Nature Immunology de agosto, promoveu uma entrevista com grandes nomes na área de células dendríticas, tomando como tema, o papel das pDCs em todo o contexto do sistema imune. Os pesquisadores foram questionados sobre a relação entre pDCs e cDCs, além de sua ativação por receptores Toll-like, sua influência na ativação de células T e no desenvolvimento de doenças auto-imunes.

Também tem sido destacado na entrevista, a dificuldade na geração de camundongos deficientes de pDCs, pois muitos anticorpos que depletam essas células, demonstram reação cruzada, levando a exclusão adicional de outros tipos celulares. Entretanto, Marco Colonna et. al. (2010) conseguiram descrever o papel das pDCs na resposta antiviral contra citomegalovírus murino (MCMV) e vírus da estomatite vesicular (VSV), utilizando um camundongo transgênico expressando o receptor da toxina diftérica humana (DTR), sob o controle do promotor do gene BDCA-2, que é um gene de assinatura das pDCs. Com isso, o tratamento dos animais transgênicos com toxina diftérica, leva a uma deleção específica das pDCs nesses animais.

Outro aspecto interessante das pDCs mencionado na entrevista, e que foi descrito no trabalho publicado por Hiroyuki Tezuka et. al. (2011), é a capacidade destas células em auxiliar a produção de IgA em tecidos linfóides associados à mucosa (GALT). O trabalho mostra que as pDCs presentes nos linfonodos mesentéricos (MLN) expressam receptores para IFN do tipo I em seu estado basal. Nesse microambiente os IFNs são produzidos pelas células estromais sob estímulo da microbiota comensal ali presente. Sob influência dessas citocinas, as pDCs, em um processo contato dependente, são capazes de ativar linfócitos B naive policlonais, estimulando sua troca de cadeia pesada, para a produção de IgA.

As IgAs produzidas possuem baixa afinidade e estão relacionadas com a manutenção da homeostase junto à microbiota comensal. O estudo abre caminho para a utilização dessas células no aperfeiçoamento de estratégias de vacinação e tratamento de desordens relacionadas às mucosas. Além disso, apresenta uma nova função destas células que, até um passado recente, eram conhecidas apenas pela sua capacidade de produzir interferons.


Post de Eduardo Crosara, Thiago Malardo e Thaís Bertolini.

Referências:

1- Plasmacytoid dendritic cells: one-trick ponies or workhorses of the immune system? Boris Reizis, Marco Colonna, Giorgio Trinchieri, Franck Barrat and Michel Gilliet. Nat Rev Immunol. 2011 Jul 22;11(8):558-65.

2- Plasmacytoid dendritic cell ablation impacts early interferon responses and antiviral NK and CD8(+) T cell accrual. Swiecki M, Gilfillan S, Vermi W, Wang Y, Colonna M. Immunity 33, 955–966, December 22, 2010.


3- Prominent Role for Plasmacytoid Dendritic Cells in Mucosal T Cell-Independent IgA Induction. Hiroyuki Tezuka, Yukiko Abe, Jumpei Asano, Taku Sato, Jiajia Liu, Makoto Iwata and Toshiaki Ohteki. Immunity 34, 247–257, February 25, 2011.

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