quarta-feira, 20 de julho de 2011

Fiquem ligados: perspectivas de negócios em Biotecnologia




Hoje vamos escrever algo diferente. Nada de regulação da resposta imune. Essa idéia veio quando do “post” da Cristina Bonorino, na última quarta-feira. Segundo a Cristina, na BIO2011, nós brasileiros tínhamos um estande gigante, que mostrou a um grupo de interessados uma espécie de mapa dos parques tecnológicos e ce
ntros de biotecnologia do país. A minha questão é um pouco mais primitiva: como fazemos para chegar lá? Eu sei que a maioria já sabe como, mas muitos nem imaginam. Nesse sentido, teremos uma mesa redonda no nosso congresso de Foz do Iguaçu (para o qual todos estão convidados), com representantes do CNPq, Butantãn e Fiocruz.
Pois é! Como nasce uma empresa de inovação tecnológica e amadurece até chegar na Bio International Convention ou simplesmente se estabelece aqui no país? Lembre-se, inovação é resultado de um complexo processo de aprendizado organizacional e demanda, dentre outros elementos, com novas estruturas organizacionais, recursos humanos altamente qualificados, oferta de tecnologia, financiamento diferenciado, espaços com características específicas e serviços técnicos e tecnológicos de apoio.
Primeiro precisamos ter resultados gerados de pesquisas que imaginamos ter potencial de aplicação, que sejam inovadores e possam resultar em produtos ou serviços novos ou melhorados. Há de se ter também a percepção (feeling) para reconhecer a oportunidade de negócio e a capacidade empreendedora necessária para desenvolver tal idéia. Deixamos passar a grande maioria das idéias, por muitas razões, entre elas a inexperiência e a falta de estímulo do governo. Eu diria que essa última é desculpa, mas há uma quantidade enorme de entraves que dificultam tais iniciativas, como regulamentação, a questão das patentes, a ANVISA (já viram as regras?), a CTNBio, financiamento para star-ups, capital de risco que não aceita risco, a transferência de tecnologia da Universidade para a empresa... ..., etc. De fato, simplesmente publicar é mais fácil.
São vários os caminhos existentes para que a pesquisa básica possa se transformar em pesquisa aplicada e depois em desenvolvimento que culmine com um produto ou serviço de interesse do mercado. Um destes caminhos é demonstrado na figura abaixo, onde, depois da Universidade, entra o papel da Incubadora de Empresas. Isso mesmo! Incubadora de empresas!!!


O Processo mostrado na figura acima é o da SUPERA, nossa Incubadora de Base Tecnológica, gerida pela FIPASE – Fundação Instituto Pólo Avançado da Saúde, daqui de Ribeirão Preto. A SUPERA foi considerada a melhor incubadora da região Sudeste do Brasil pela ANPROTEC (2010) e atualmente conta com 24 empresas em vários estágios de incubação.
No diagrama, pode-se observar que o fruto do trabalho universitário pode receber apoio do “Hotel de Projetos”, que auxilia na estruturação do Plano de Negócios, numa fase em que o futuro empreendedor está desenvolvendo seu produto, precisando ainda realizar testes e acabar o protótipo. Já com espaço, ainda que pequeno (pois a empresa passa a ter um espaço individualizado somente na incubação), para levar o projeto adiante, o empreendedor pode receber apoio na “Pré-Incubação”. A partir do domínio da tecnologia e/ou do processo de produção, a oportunidade pode entrar para “incubação” e se constituir definitivamente em empresa, em negócio!!!
Na “incubação”, a empresa tem acesso a espaço físico e serviços compartilhados, que diminuem o custo nos primeiros anos de vida, na fase mais vulnerável do negócio, e recebe consultorias em gestão e auxílio na busca por fomento em órgãos como FINEP, FAPs, CNPq e BNDES. São razoavelmente abundantes as verbas nessa fase, mas os assessores (os que julgam o projeto nessa área) precisam melhorar (assunto para outro post).
A empresa, depois de deixar a incubadora, pode se manter associada a esta, recebendo apoio e mantendo o networking, importante no processo de inovação. O resultado desse processo, em conjunto, culmina com o desenvolvimento local e o retorno para a sociedade, na forma de geração de renda e empregos qualificados. A oportunidade de negócios é da ordem de US$ 353 bilhões para as empresas que utilizam a biotecnologia como ferramenta para obtenção de seus produtos. Abram os olhos!!!!!
A Fundação Biominas, em 2007, enumerou as poucas empresas de bases tecnológicas no Brasil (abaixo). De fato poucas para fazer frente as do exterior (China, Índia, Japão, USA, ...etc) e para dividir o enorme bolo.


Em seguida, vem uma parte também interessante. Em ambientes com caldo de cultura tecnológica (esse que vivemos), governos e organizações (aqueles que pensam, o que é raro), visando o desenvolvimento regional, resolveram promover a catalisação do processo, estabeleceram políticas de apoio e fomentaram a implantação de instrumentos como os Parques Tecnológicos. Estes têm estruturas físicas e serviços que suportam o processo de inovação empresarial, com espaço para instalação de empresas e serviços de apoio, organização gestora, com responsabilidade de cuidar da “alma” do parque, que é o apoio ao processo de inovação, por meio do oferecimento de serviços e da promoção da interação intra e extramuros.
Terminamos dizendo que a riqueza gerada em um parque tecnológico é imensa. Tão grande quanto é pequena a cabeça dos políticos que se imaginam gestores de alguns desses parques no país. Mas vale a pena lutar, embora a insensatez de políticos seja do tamanho do benefício que estão deixando de transbordar para o povo. Depois eu conto essa parte (é estarrecedora!).

Aline Figlioli e eu.

2 comentários:

  1. Salve Salve Dr João

    Esse tipo de abordagem gera frutos de sucesso, como o exemplo da Griaule, uma empresa de desenvolvimento de softwares para biometria (reconhecimento de impressões digitais) que nasceu na incubadora da Unicamp e a alguns anos atras emplacou um de seus produtos em oitavo lugar em um teste envolvendo varios concorrentes mundiais. No exterior, outro exemplo muito legal é a iCyt, que veio da Universidade de Illinois, começou a fabricar citometros de fluxo e chamou a atenção da Sony Corporation, que adiquiriu a iCyt a alguns anos atras.

    Sobre o trabalho fantastico de alguns politicos, independente dos parques tecnológicos, alguem já ouviu falar do projeto de lei 220/2010?

    Abraços

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  2. Como conseguir esse projeto para leitura? Li que diz respeito à participação de docentes em areas de tecnologia e infraestrutura...fiquei interessado mas não consegui acessar todo o texto...Abs

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